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Carcassonne - Análise - Feira medieval

Do tabuleiro para o formato híbrido.

Pensado no multi e com partidas rápidas, a versão Switch de Carcassone mostra-se pouco optimizada.

Carcassonne vem ampliar a oferta para a Nintendo Switch no segmento dedicado aos jogos de estratégia. Um jogo que pode ser jogado entre dois jogadores, até um máximo de quatro, na tentativa de erguerem uma cidade medieval, competindo entre si. Só um pode ganhar, mas nenhum jogador é afastado, o que torna as coisas mais interessantes. Curiosamente, a origem de Carcassonne remonta ao ano 2000, quando um alemão chamado Klaus-Jurgen Wrede criou o jogo de tabuleiro. Inspirado numa cidade do sul de frança com o mesmo nome (cidade onde aliás ele vive), famosa pela sua arquitectura medieval, ainda hoje podem ser contempladas as suas famosas paredes que fortificam uma vasta zona.

O sucesso do jogo de tabuleiro (por cá é distribuído pela Devir) levou ao aparecimento de novas versões, especialmente em formato videojogo, dada a relativa facilidade em replicar o conceito das peças e cartão. Até chegar à Switch foi um pulo. O objectivo em Carcassonne é simples e fácil de apreender. Uns minutos e já estamos dentro do jogo. Através de jogadas por turnos, os jogadores seleccionam peças de um vasto mapa de Carcassonne. Estradas, pontes, caminhos e igrejas, formam uma área. Por cada jogada são atribuídos pontos em função da conexão operada, usando os peões. Embora a construção seja conjunta, depressa os jogadores se apercebem de que podem encurralar o(s) adversário(s), ganhando mais pontos, enquanto os rivais pontuam menos.

É interessante ver o mundo crescer, numa facilidade de criação impressionante, pondo os peões em sítios específicos do mapa. Ao conquistarem cidades são atribuídos mais pontos, o que é um bónus face aos oponentes, por vezes ligados à metrópole, ainda que tenham condições para fabricar os mesmos redutos. Existem campos para cultivar e estradas para abrir. Há várias opções para progredirem. Enquanto avançam, as cidades ganham mais força e vitalidade através da colocação das peças que aumentam não apenas a sua protecção mas as chances de capturar uma cidade vizinha, a um rival.

Os adversários são definidos como Players, sem possibilidade de alteração.

Este processo é gradual, embora cada jogo possa ser completado entre 35 minutos a 1 hora. Porém, há condições que podem determinar um avanço mais célere. Os mosteiros, por exemplo, proporcionam condições diferentes de protecção e obtenção de pontos de uma cidade e até os agricultores recebem pontos por cultivarem junto de uma cidade. Vencerá o jogador que for capaz de colher mais pontos, ao desenvolver a sua urbe com sucesso.

A versão Switch de Carcassonne inclui duas expansões gratuitas: The River e The Abbot - as mesmas do jogo de tabuleiro - enquanto que Inns & Cathedrals é vendido separadamente. O primeiro conteúdo começa por oferecer um largo mapa, enquanto que em The Abbot há um novo peão, relevante no desenvolvimento dos mosteiros, e a adição de jardins.

Bem construído, a execução técnica acaba por desiludir. Visualmente não é um particularmente desenvolvido no que toca à reprodução dos mapas, permanecendo um aspecto minimalista na descrição dos edifícios, o que pode desapontar quem esperava algo mais elaborado. Neste segmento existem jogos mais avançados, o que deixa Carcassonne numa posição secundária. Em resumo, é uma experiência que prima sobretudo pela acessibilidade e transposição para formato videojogo das regras que comandam o jogo de tabuleiro. No entanto, não nos parece que esta versão seja apta a melhorar ou prevalecer sobre outras já lançadas. A optimização não é a melhor, permanecendo a sensação de que é mais interessante jogar a versão tabuleiro.

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Depois há outras inconsistências como a funcionalidade zoom, que está longe de se tornar prática e lesta, prejudicada por alguns problemas de arrastamento. A ausência de controlos por toque também torna tudo mais lento, até porque a seta (indicador) não se move com a desenvoltura desejada. Tudo ponderado leva-nos a concluir que os responsáveis pela produção da versão Switch omitiram ou menosprezaram funcionalidades, especialmente ao nível da interface, que tornariam mais útil a experiência. Carcassonne é um jogo acessível e desafiante, uma experiência pensada para o multijogador, mas aquém de outras versões e prejudicada por uma falta de optimização da sua estrutura.

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