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Civilization V: Brave New World - Análise

O campeão do consumo de tempo continua a crescer.

É possível aplicar embargos a certos materiais ou civilizações, cortar trocas comerciais específicas, declarar a religião oficial do mundo, propor a eleição de um novo anfitrião, ou na loucura, chegar ao final daqueles mapas gigantes que comecei por referir e ser eleito líder mundial. Isso mesmo, ganhar o jogo pela influência (nova vitória diplomática), ou como dizia um amigo meu em jeito de brincadeira, pelo "método Merkel".

Uma das coisas cuja preponderância explodiu com este novo modelo das Nações unidas foram os City Estates, isto porque têm também assento nas votações globais, e por isso somos nós que controlamos o seu voto no caso de uma aliança. Conseguir poder suficiente para encaminhar os desígnios do mundo à nossa vontade é talvez o método mais recompensador do end game atual, agora não só precisamos dos estados para a vitória diplomática, como eles têm um papel fundamental no desenrolar de tudo o que acontece até ao final.

Outra forma de aumentar a nossa influência no mundo é através do turismo, mais uma novidade de Brave New World. O turismo é incentivado de duas maneiras, utilizando grandes escritores, músicos ou artistas para ocupar monumentos nas cidades tornando-as um local a visita por outros povos, ou explorando ruínas com os arqueólogos, outra novíssima unidade desta expansão. Curioso notar que as obras que os grandes artistas emprestam à nossa civilização não são fantasia, mas sim obras de arte retiradas diretamente da história, como o livro Moby Dick ou o quadro O Grito.

Podemos continuar a utilizar espiões para controlar as eleições locais, defender as nossas cidades ou roubar tecnologia às civilizações estrangeiras, mas agora também é possível enviá-los como diplomatas para manter boas relações com quem escolhermos. É muito mais sensível considerar os nossos aliados depois desta expansão, serão muitas as vezes em que vão querer um determinado espaço de terra, mas vão recuar ou porque mantêm o apoio da civilização que o controla no congresso, ou porque partilham da mesma ideologia, outra novidade de Brave New World.

Após construir a nossa terceira Factory, ou atingir a Modern Era temos que escolher uma entre três ideologias diferentes, que não substituem, mas acrescentam-se às políticas sociais que sempre tivemos. A escolha recai entre Order, Autocracy ou Freedom, ideologias que são centrais na nova forma de conseguir uma vitória cultural. O único problema aqui é que as vantagens oferecidas pelos tenets ideológicos acabam por eclipsar as antigas políticas sociais, fazendo desaparecer um dos elementos de escolha que mais apreciava na versão original.

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Os veteranos saberão que o montante de cultura que precisamos para conseguir uma nova política depende da quantidade de cidades que temos, ou seja, não convém abusar das novas cidades que fundamos se tencionamos optar pela via da cultura. A razão porque digo isto tem a ver com a nova civilização de Venice, que tem gerado alguma controvérsia entre os fãs, por ser, bem, "overpowered". Venice não pode estabelecer ou anexar novas cidades para lá da capital, mas possui o dobro das rotas comerciais, o que a torna uma máquina a ganhar ouro e cultura a partir do mid game, é uma forma bastante diferente de enfrentar um mapa de Civilization V, mas desequilibrada de momento.

A inteligência artificial ainda nos brinda com algumas inconsistências, por exemplo, um City Estate pede a nossa ajuda contra um grupo de bárbaros, nós invadimos o território deles para os defender, combatemos os invasores, só que como o último golpe cai para os soldados do estado, somos considerados invasores no turno seguinte. Se pelo contrário apenas intervirmos para o golpe final, somos os melhores amigos, enfim, mais vale a tática do "Kill Steal".

"O que mais gosto em Civilization V, é que não importa a opção que tomamos, há sempre algo que tem que ser sacrificado."

O que mais gosto em Civilization V, é que não importa a opção que tomamos, há sempre algo que tem que ser sacrificado, inicialmente é bastante claro, precisamos de Food para crescer, um pouco de cultura e ciência para conseguir trabalhar os tiles, e o mínimo de defesas para nos proteger contra os bárbaros invasores que surgem por todo o lado. A questão é que tudo depende de imensas variáveis daí para a frente, e por isso pode acontecer que tenham que mudar de estratégia de vitória mais do que uma vez durante a partida.

É exatamente para aqui que o conteúdo de Brave New World é dirigido, ao perceber as intenções das outras civilizações é possível trabalhar com propostas políticas para bloquear as suas intenções, o mesmo acontece connosco, tive um embargo a Portugal imposto durante dezenas de turnos só porque enviei uma inofensiva bomba nuclear, que por acidente acertou num City Estate. Ao mesmo tempo precisamos agora de proteger as nossas rotas comerciais, apostar no turismo, tratar de colocar os espiões e continuar a espalhar a palavra do nosso deus pelo mundo fora.

É facilmente a melhor adição de conteúdo até agora, embora me pareça que continue um jogo desequilibrado, onde existem várias civilizações que não são sequer consideradas no multijogador. Digamos que há muitas novidades, é agora uma experiência mais equilibrada, mas a engrenagem do jogo foi deixada intacta. Pode ser avassalador para os novos jogadores, e por isso tem um tutorial amigável e a enciclopédia (que é tudo menos amigável) com toda a informação necessária para aprender a jogar. Se como eu, já tinham umas centenas de horas de jogo em Civilization V, preparem-se para aumentar esse número, o império Tuga está de volta.

8 / 10

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