Comic Con Portugal - O rescaldo
30 mil visitantes ao longo de 3 dias.
O fim-de-semana passado, o parque de exposições Exponor, em Matosinhos, acolheu o maior evento da cultura popular, o Comic Con Portugal, um evento produzido na linha dos grandes eventos internacionais com o mesmo nome, principalmente nos Estados Unidos, o epicentro do Comic Con, em San Diego e Nova Iorque. A ligação ao cinema, séries de televisão, comics, videojogos, anime, cosplay, workshops, desfiles e uma agenda que trouxe relevantes figuras junto dos fãs, criou uma verdadeira onda de euforia às bilheteiras, tendo ao longo dos 3 dias acolhido ao evento aproximadamente trinta mil visitantes, um número que não deixa de ser impressionante atendendo à estreia do evento em Portugal e quando, semanas antes do arranque, não faltava quem depositasse expectativas moderadas.
As filas e as enchentes no auditório A, que acolheu e lotou com nomes como Paul Blackthorne (Arrow), Morena Baccarin, Natalie Dormer ( actriz em Game of Thrones e The Hunger Games), com moderação do vilacondense Álvaro Costa, comprovam a existência de uma audiência muito fiel, visível e audível que fez questão de marcar presença e de se envolver ao máximo permitido com os convidados, lançando questões, pedindo autógrafos e disparando a objectiva para guardar o retrato para a posteridade. Claro que as filas são inevitáveis, em todos os grandes eventos as há, basta uma entrada para um dia aberto ao público da Gamescom para perceber a realidade destas coisas, o mesmo sucedendo nos Estados Unidos.
O sucesso do primeiro Comic Con no Porto não deixa Paulo Rocha Cardoso adormecer à sombra da bananeira. Depois de desmontada a estrutura, já está a ser planificado o Comic Con 2015. Pelo menos até 2018 é uma certeza a realização anual do evento, data em que expira o contrato com as entidades norte-americanas. É quase certa a realização do evento no mês de Dezembro mas ainda há mais detalhes por ultimar e algumas áreas a rever, sobretudo no que toca à presença dos actores internacionais, realizadores e criadores de banda desenhada, eles os grandes causadores de filas demoradas e das maiores enchentes. Todos ficaram impressionados pela adesão do público, levam um pedaço de Portugal consigo (Paul Blackthorne esteve os três dias no Porto e até o apanharam a fotografar na Afurada) e querem regressar no próximo ano.
Uma boa parte das atenções incidiu também sobre os autores de banda desenhada, os comics, com o destaque aqui a ir para Brian K. Vaughan, que domingo à tarde se sentou à mesa, acompanhado pelos seus colegas de profissão espanhóis, Marcos Martin e Javier Rodriguez, para autografar os livros dos fãs que mais uma vez compunham impressionantes filas. Mas também os autores portugueses mereceram reconhecimento, num espaço onde, conjuntamente, puderam exibir os seus trabalhos e até trocar algumas palavras com os fãs e autografar os seus livros.
No que diz respeito aos videojogos, interessamo-nos também por acompanhar as editoras de videojogos, com a forte presença, a nível oficial, da Microsoft e da Nintendo. A Microsoft montou uma estrutura muito similar à que disponibilizou para o Lisboa Games Week, com bastantes consolas, jogos e títulos centrais deste fim de ano como Forza Horizon 2, The Master Chief Collection, GTA 5, FIFA 15, entre outros voltados para a família. A Nintendo montou também um impressionante stand com consolas Wii U a correr os recentes Mario Kart 8 e o acabado de publicar Super Smash Bros, tanto na 3DS como na Wii U com uma grande mascote do Mario a entrar ocasionalmente para posar para a fotografia com o fã mais pequeno até ao fã graúdo. Noutro ponto os jogos Pokémon para a 3DS faziam as delícias dos fãs. Junto de um imenso televisor realizaram-se competições e torneios (Mario kart 8 e Super Smash Bros) com valiosos prémios para os vencedores, no meio de um saudável convívio e confraternização.
À semelhança dos comics os produtores independentes portugueses de videojogos tiveram o seu espaço, mesmo ao lado da Nintendo e Microsoft, onde puderam exibir algumas das suas produções. Destaque para o jogo Hush do Game Studio 78, sedeado no Porto e que deverá ser lançado no próximo ano. De Coimbra marcaram presença elementos do WingzStudio, promovendo o seu recente lançamento Falcão vs Zombies no mercado mobile. Os produtores portugueses independentes estão cada vez mais focado nesta expansão do mercado para o mobile e a presença em bom nível reforça esse compromisso em ir mais longe.
Nos expositores havia um pouco de tudo para os diferentes universos: cosplay, figuras, miniaturas, livros, novels, comics, jogos retro, camisolas e muito mais. Pintados, equipados e vestidos a rigor de acordo com a sua personagem favorita, os fãs do cosplay emprestaram uma cor especial ao evento. Em jeito de rescaldo e de conclusões finais, o primeiro Comic Con Portugal foi um sucesso. É certo que os convidados internacionais não foram em grande número e mais pode ser feito no sentido de aumentar o número de visitantes. Todavia, num ano que ficou marcado pela realização do Lisboa Games Week, o Comic Con Portugal coloca definitivamente o país no alinhamento dos eventos internacionais e isso é positivo, tanto para os que se esforçam pelo evento como por quem marca presença e participa.