Conception II: Children of the Seven Stars - Análise
Romance em tempo de guerra.
Da longa lista de séries da Atlus baseadas no género jrpg, Conception é uma que só no segundo episódio adquiriu dimensão internacional, com o lançamento de Conception II: Children of the Seven Stars, para a Nintendo 3DS e também para a VITA, a ter lugar na Europa um ano depois do lançamento nipónico.
No entanto, a ausência e desconhecimento do primeiro episódio não é suficiente para afastar os fãs de jrpg's com uma forte componente animé. Suficientemente autónomo, embora ligado a uma temática convergente com os dois jogos, Children of the Seven Stars pode ser jogado sem necessidade de conhecimento da narrativa anterior.
Aliás, o núcleo do jogo não foge a algumas temáticas exploradas noutros jogos, nas quais o nível de afinidade entre as personagens dá origem a mais alguns elementos de exploração. Talvez se encontre no radar a série Persona, embora este jogo seja bastante diferente, mais focado até na narrativa. Sintomático disso é o tempo gasto em diálogos e algumas tarefas de grande simplicidade, sendo que só ao fim de duas horas de jogo é que começamos a interagir com mais alguma regularidade. Este modo de apresentação da narrativa, em lume brando e com avanços vagarosos, pode não ser do agrado dos jogadores que procuram um jrpg com mais interacção. No entanto, não fiquem preocupados, não faltará tempo e monstros para combater.
Em Conception II a afinidade entre as personagens dotadas de um poder categorizado como "Ether" é essencial para que elas possam criar as "Star Children", com as quais poderão combater os monstros que se multiplicam a partir das masmorras, mais conhecidas por "Dusk Circles", perfeitamente identificadas no mapa. Durante as primeiras horas de jogo são reveladas as regras das várias mecânicas, como a criação das "Star Children" mas também o sistema de combate, entre outros.
A narrativa, embora crucial ao desenvolvimento do jogo, está longe de cativar o jogador e de representar um catalisador para a aventura. Alguns diálogos tornam-se confusos, algo aborrecidos e com demasiada informação debitada através de caixas de diálogo. Aliás, este modelo de apresentação da narrativa está longe de convencer, com quadros que se sucedem, demasiado estáticos e sem aquela interacção em cenários e espaços 3D deslumbrantes e memoráveis. No fundo é uma apresentação mais "hardcore" que não será, definitivamente, do agrado de todos. Alguns segmentos são mesmo muito longos e para evitar a pressão constante no botão que faz passar à caixa seguinte, mais vale seleccionar o piloto automático.
Os fãs de anime nipónico vão encontrar mais algum entusiasmo no que tange ao desenho das personagens, indumentárias, música, vozes e construção do espaço, uma vez que o jogo aproxima-se dos adolescentes nipónicos ainda em época escolar, presentes numa academia, onde a aventura começa. A variedade de personagens é um ponto a considerar e os sucessivos encontros geram mais algum interesse. Mas quando comparado com Persona, Conception II não chega ao mesmo brilhantismo.
A diversidade de classes na criação das "Star Children" permite mais alguma personalização, sendo que o jogo instiga ao desenvolvimento dessas personagens dada a facilidade com que se adquirem das heroínas os "bond points", indispensáveis para gerar mais "Star Childrens". O processo é muito simples e não há cenas eróticas, apesar dos peitos voluptuosos das senhoras. A produtora, Skipe Chunsoft preferiu desenvolver a mecânica das "Star Children" como elemento potenciador do combate através das diferentes combinações. Em resultado disso o jogador pode acumular quantas "Star Children" quiser da mesma classe, beneficiando com isso, mas também pode libertar alguma em beneficio de uma nova "Star Children".
Enquanto que o mundo de Aterra oferece uma pluralidade de locais passíveis de visita e outros que vão sendo revelados à medida que progredimos na campanha, é nas masmorras que o combate se trava, a partir dos Dusk Circles. Não esperem, no entanto, grandes construções. Estas secções interiores labirínticas multiplicam-se por andares e encontram-se pejadas de inimigos. No final de uma secção há um boss que aguarda pela nossa chegada. Felizmente, não faltam pontos de save e sempre podemos arriscar mais um pouco em certos combates.
As batalhas obedecem ao modelo de combate por turnos, numa perspectiva tridimensional e com um grau de personalização de estratégias muito aceitável, especialmente pela disponibilidade dos poderes das "Star Children". Nestas batalhas, o objectivo passa por descobrir o ponto fraco dos inimigos, de modo a direccionar o ataque com sucesso. É normal que em batalhas pejadas de adversários esta tarefa possa entroncar em mais dificuldades. Mas os efeitos visuais são muito agradáveis e não tarda até colhermos os efeitos dos poderes das nossas personagens.
Conception II: Children of the Seven Stars não é uma das melhores experiências da Atlus no que respeita ao género jrpg, mas também está longe de se posicionar como um título voltado ao avesso. Há um potencial significativo se lhe derem uma oportunidade e superarem os momentos menos inspiradores da narrativa, até porque os fãs de anime poderão sentir-se identificados com o ambiente que emana desta aventura, sobretudo o desenho das personagens. Sem no entanto chegar ao nível de qualidade de um Persona, ainda assim Conception II revela funcionáveis e interessantes sistemas de combate e de criação de personagens. Um jogo a acompanhar, embora com alguma precaução.