Confronto: Netflix vs. Lovefilm
Tudo o que precisas saber sobre serviços de streaming de filmes e TV - e a melhor consola para a tarefa.
Alguém antecipou isto? Segundo uma notícia, a Xbox 360 é agora mais usada para streaming de filmes e programas de TV do que para jogar jogos, o Netflix sozinho contabiliza 24.71% do tráfego total da internet na América do Norte. A verdade é que muitos donos da consola não estão a usar as suas máquinas para jogar jogos, ou ver DVDs ou Blu-rays. É a conveniência - não a qualidade - que é a força motriz por detrás do consumo de media, os mais recentes filmes, programas TV e músicas apenas à distância de alguns cliques - ou pressionar de botões.
No Reino Unido, existem dois fornecedores de streaming de vídeo de alto perfil a lutar pela supremacia nas subscrições: Lovefilme e Netflix. Ambas aclamam oferecer acesso sem limites a centenas de filmes e programas TV por apenas uma pequena mensalidade. A questão é - qual dos dois serviços oferece a melhor experiência áudio-visual? Terá a qualidade de streaming HD amadurecido ao ponto de substituir o Blu-ray como meio de escolha para a maioria dos fãs de filmes e TV? Adicionalmente, qual a consola preferida para os que querem tirar o melhor desses fornecedores de streaming de vídeo - Xbox 360, PlayStation 3 ou Wii U?
Vamos começar por avaliar a qualidade das aplicações de visualização em cada consola. As interfaces de utilizador para ambos os serviços estão personalizadas para cada plataforma até certo nível, a 360 tem mais em termos de menus personalizados. Lovefilme em particular adopta a interface Metro da própria Microsoft para uma integração mais próxima com o menu principal da 360, partilhando um sistema similar de azulejos que opera da mesma forma. Os menus na PS3 e Wii U são ligeiramente diferentes, as categorias principais listadas no topo do ecrã na consola Nintendo, mas de resto estão bem distribuídas e funcionam de forma similar.
Ambos os serviços permitem pausar, avanço rápido, e recuo durante visualização - mas a esse respeito, o Netflix é mais amigável: são providenciadas imagens do ecrã em intervalos de 10 segundos para o stream de vídeo, permitindo-te que encontres a cena com facilidade. Comparativamente, o Lovefilm tem as mesmas básicas opções mas a falta de quaisquer imagens de previsão significa que tens que recorrer aos tempos para te orientares. Independente da plataforma, pesquisa e procura é muito mais rápida no Netflix enquanto os menus Lovefilm são lentos na resposta.
Em termos de funcionalidade de cliente, os donos Wii U tem algumas leves funcionalidades no ecrã táctil com o GamePad: a procura é mais intuitiva, os resultados são apresentados lindamente na tua HDTV. Outro aspecto fixe do tablet em ambos os serviços é a capacidade de ver vídeos no ecrã GamePad apenas com um rápido toque no ecrã. A qualidade de imagem também é boa: os vídeos parecem mais suaves devido à redução na resolução, mas os artefactos de compressão são muito mais difíceis de ver. Também podes tirar proveito das colunas no GamePad para visualização sem HDTV, ou alternativamente liguem um par de auscultadores se quiseres som de alta qualidade e separação estéreo. Não está a par da experiência iPad, mas é um bónus fixe. Outra vantagem Wii U é o consumo de poder, melhor disso, a falta dele - a consola suga menos de metade do consumo nas mesmas tarefas que a Xbox 360 e PS3.
Netflix vs. Lovefilm: a batalha por conteúdos
Em termos de novos filmes e programas TV, tanto o Netflix como o Lovefilm estão consideravelmente atrás de serviços tradicionais como Sky e Virgin, mas ao mesmo tempo tem um vasto leque de catálogo em oferta. O Netflix parece liderar o caminho com uma melhor selecção de populares séries TV, com múltiplas temporadas dos tipos de Breaking Bad, Dexter e Jericho - com a companhia de House of Cards, uma série de drama Norte Americana criada exclusivamente para o serviço com um elenco de estrelas e soberbos valores de produção. Ambos os serviços oferecem referências como Lost, 24, Sons of Anarchy e Prison Break, enquanto o Lovefilm tem 30 Rock, The Shield, e a fenomenal Roma como exclusivos chave.
A situação com os filmes é menos clara. O LoveFilm parece ter uma maior selecção de títulos mais recentes e existem mais títulos AAA no catálogo passado, mas uma das diferenças chave é que os mesmos filmes nem sempre estão disponíveis em ambos os serviços. Por exemplo, actualmente, o Netflix tem o Homem de Ferro 2, Hunger Games e Shutter Island como alguns dos seus mais notáveis blockbusters, apesar do LoveFilm ter alternativas como Unknown, Black Swan, Twilight: Breaking Dawn e Source Code. É uma batalha constante por exclusivos que poderá colocar os utilizadores a trocar de serviço entre os dois.
Dito isto, a selecção de filmes mais recentes não é particularmente espantosa em nenhum dos serviços, devido a acordos de conteúdo com outro fornecedores de media como a Sky. A maioria dos filmes disponíveis tem um par de anos pelo menos, e os títulos mais recentes estreiam meses, se não anos, mais tarde no Netflix e Lovefilm - se estrearem. A opção de alugar discos físicos dá ao Lovefilm uma distinta vantagem sobre o Netflix a este respeito, apesar de ter um custo de conveniência - tens acesso a todos os lançamentos mais recentes, mas tens que esperar alguns dias para que chegue ao correio.
No geral, ambos são bons se queres ver filmes mais antigos e programas que podes ter falhado, o Netflix tem a vantagem em termos de conteúdo TV. No entanto, os que querem os lançamentos mais recentes e sucessos blockbuster principais - como Os Vingadores, Skyfall ou O Cavaleiro das Trevas Renasce - tem que considerar uma tradicional subscrição por serviço, ou o aluguer de discos via Lovefilm. Isto talvez seja menos problemático nos programas de TV, mas nos filmes, ambos são limitados a respeito do conteúdo que está disponível para streaming. Num mundo no qual a subscrição de serviços como o Sky são tão caras, precisam ser geridas expectativas quanto ao que um serviço de streaming por £5/£6 te vai levar em termos de acesso a conteúdo mais recente.
Conclusão: ambos os serviços são bons para ver filmes menos recentes,o Lovefilme desfruta de uma vantagem em conteúdo mais recente. Em termos de programas TV, o Netflix tem um leque geral melhor e começa a gerar o seu próprio conteúdo, mas o Lovefilm tem alguns exclusivos chave. O panorama muda imenso a favor do Netflix se tens acesso a catálogo internacional por meios "clandestinos" - aqui o Netflix domina completamente.
Confronto na qualidade de imagem
Interessante a qualidade de imagem variar entre ambos. Num leque de conteúdo, a compressão parece ser melhor gerida pelo Netflix em material 720p - parece mais limpo e nítido, tirando partido da largura de banda adicional disponível. Em conteúdo 1080p o Lovefilm tem vantagem, gamma mais apurado e melhor eficácia na cor mais aproximada do original. O Lovefilm mantém-se mais perto da apresentação das codificações Blu-ray, enquanto o Netflix parece mais claro, mudando o aspecto dos tons de pele no processo - parecem menos saturadas e deslavadas, e a imagem geral não tem profundidade por vezes. Existe uma real sensação que o Lovefilm oferece a visão mais próxima do que o director pretendia a este respeito e acima disso, os artefactos de compressão também estão ligeiramente diminuídos, sugerindo que a largura de banda extra para streams full HD é usada - ao custo de uma maior barreira de entrada para a tua ligação à internet.
Excepto o problema gamma, a qualidade parece muito similar nas três consolas na visualização Netflix - como seria de esperar presumindo que o mesmo codificador vídeo é empregue. A grande diferença aqui é que o sinal RGB de alcance limitado da Wii U deslava a imagem em ecrãs sem uma opção para ajustar o nível de pretos. No entanto, o Netflix parece sempre um pouco deslavado na Wii U, mesmo após alterar os níveis de preto na tua HDTV.
Apesar da resolução estar fixa nos 720p na 360, a diferença na qualidade não é enorme devido à natureza comprimida dos streams de vídeo a 1080p - as imagens parecem um pouco mais suaves (particularmente em redor de texto e detalhes mais delicados), mas a consola converte bem o conteúdo para full HD, mostrando que material 720p compresso aguenta-se bem na mesma. Podes na mesma correr streams Super HD (1080p) na tua consola Microsoft - tens as vantagens de super-sampling na imagem juntamente com detalhe extra inerente às codificações de maior largura de banda, mas obviamente que correr este material em full HD nativo é preferível.
O Lovefilme oferece vídeo 1080p na Wii U e PC, e também maximiza nos 720p na 360 (novamente, acreditamos que codificações 1080p convertidas estão a ser processadas). Com justiça, tal como o Netflix, a qualidade de vídeo não está muito atrás na 360 comparada com outras plataformas com diferenças mais aparentes em HDTVs de ecrã maior. Pelo outro lado, os donos de uma PS3 a correr o Lovefilme ficam com apenas visualização a 576p - estraga imenso a coisa na consola Sony. Em cenas de movimento lento a compressão de baixa qualidade não é tão problemática, especialmente se o vídeo está a correr por um conversor HDTV decente. Momentos frenéticos e cenas de acção com rápidas passagens de câmara parecem mesmo horríveis, muito bloqueio macro, ruído e artefactos gerais de compressão geral. Devido ao serviço fixo nos 3mbps, a qualidade é frequentemente pior que DVD - um panorama desconfortável que coloca o Lovefilm numa substancial desvantagem competitiva.
Estranhamente, a qualidade geral de vídeo em ambos os serviços é frequentemente pior na Wii U a nível variável, apesar de ter uma visualização de maior resolução que a 360. O nível de compressão e pico de qualidade de imagem é basicamente igual ao melhor das plataformas concorrentes, mas devido à forma como o serviço funciona, o nível de qualidade flutua regularmente na visualização, ficando fixa apenas após vários minutos. Na Wii U, a qualidade de vídeo frequentemente muda entre full HD e resoluções menores, mesmo quando o HUD no ecrã indica que temos uma conexão de total velocidade e stream de máxima qualidade. O problema é particularmente insistente no Lovefilme, onde na nossa experiência frequentemente demora mais de 10 minutos para a imagem estabilizar correctamente. Aborrecido mas tolerável, o problema é que pausar e recuar leva-te para a estaca zero. Vemos o mesmo problema no Netflix, a diferença é que apenas precisa de um minuto para a qualidade de imagem ficar completa.
Tanto o Lovefilme como o Netflix são bem mais estáveis na PS3 e 360, mas novamente, é o Netflix que apresenta os vídeos com maior rapidez, dando-te a qualidade de imagem de nível óptimo mais rapidamente. Obviamente, a velocidade e estabilidade da tua conexão à internet também determina o nível de prestação de ambos os serviços, mas é claro que existe um real problema na Wii U que precisa ser resolvido - e o facto do problema se manifestar em ambos os serviços sugere que pode ser um problema a nível da plataforma.
Conclusão: o Lovefilme está numa definição padrão horrível na PS3, mas oferece visualização HD na 360 e Wii U, enquanto o Netflix oferece HD em todas as plataformas. A qualidade de codificação é no geral melhor no Netflix, mas a apresentação do Lovefilme representa com mais eficácia o padrão Blu-ray em termos de gamma e equilíbrio de cor. A 360 está limitada artificialmente a 720p pela Microsoft, mas tens qualidade de imagem melhorada ao correr codificações 1080p na resolução inferior. Na teoria a Wii U deveria ser a plataforma com melhor visualização pois é a única a oferecer sinal 1080p nativo em ambos os serviços, mas a experiência foi afectada por estranhos problemas de buffering.
Streaming vs. Blu-ray
A nossa impressão é que quando as coisas correm suavemente, a experiência streaming de topo é mesmo boa. A questão é, o quão aproximada está a experiência de vídeo por IP da qualidade impecável encontrada nos discos Blu-ray masterizados com engenho? Na verdade, apesar de ambos os serviços oferecerem nítido e claro vídeo a 1080p (com som 5.1 surround no caso do Netflix), existe na mesma um fosso na qualidade - e entusiastas AV não devem ser persuadidos a largarem a experiência de disco sem compromissos.
Em termos da qualidade do streaming de vídeo, a natureza de alta resolução do material e o uso de bit-rates decentes permite imagem nítida que pode igualar e até exceder as transmissões filtradas em HD de baixa passagem. No entanto, a imagem não tem o mesmo nível de detalhe delicado encontrado nos discos Blu-ray. Em particular, apesar de vermos funcionalidades faciais chave definidas razoavelmente em muitos filmes, a estrutura de grainha está frequentemente reduzida, suavizando o aspecto geral da imagem, enquanto detalhada informação de alta frequência é completamente perdida. Entretanto streams 720p básicos em ambos os serviços simplesmente não conseguem competir: as imagens são significativamente mais suaves, e apesar de ainda se qualificarem como "alta definição", estão definitivamente um passo atrás dos streams 1080p, e um mundo de distância da qualidade cristalina que o Blu-ray oferece.
Outro problema é que ambos os serviços regularmente cortam e ajusta o rácio de aspecto de filmes e programas de TV do material fonte original, alterando dramaticamente o aspecto e sensação de certas cenas ao enquadrar com mais firmeza a acção. Neste caso, os filmes Kill Bill tem apresentações 2.40:1 nativas, encontradas nos formatos Blu-ray e no original de cinema. No entanto, o primeiro filme é cortado para um rácio de aspecto de 16:9 em ambos os serviços de streaming, enquanto a sequela tem duas apresentações diferentes: cortado no Netflix para igualar o original, e ligeiramente amplificado no Lovefilme, preservando melhor o enquadramento original do director. Felizmente, na maior parte, os ajustes em ambos os serviços são menos drásticos, e em muitos casos o material original não é molestado.
Conclusão: atualmente permanece um problema de qualidade vs. conveniência, o Blu-ray está à frente da qualidade streaming, sem falar no respeito pela apresentação do material original. No entanto, nem todos precisam de material de nível de referência e esperamos que a maioria dos utilizadores fiquem bem satisfeitos com as codificações HD oferecidas pelos dois serviços.
Netflix vs. Lovefilm: o veredicto Digital Foundry
Apesar de serviços de streaming como Netflix e Lovefilm não substituírem o Blu-ray como forma definitiva de ver os teus filmes e programas de TV favoritos, providenciam uma conveniente alternativa sem sacrificar muito em termos de qualidade de imagem e som. De facto, ambos estes elementos não estão longe da transmissão de vídeo HD padrão, o conteúdo 1080p parece mais nítido e na maioria livre de artefactos altamente perceptíveis. Se queres acompanhar filmes e séries TV que possas ter perdido mas não queres encher a tua colecção Blu-ray com coisas que apenas podes ver uma vez, ambos os serviços oferecem uma decente visualização on-demand, o Lovefilm também providencia um acompanhamento por disco para os que querem a mais alta qualidade possível. Dito isto, a nível mais global, é claro que o Netflix oferece a melhor experiência geral em termos de qualidade de imagem e sim num leque de formatos, apesar de apreciarmos a recriação mais fiel de gama e cor oferecidos pelo Lovefilm. Infelizmente, a qualidade do Lovefilm varia imenso entre plataformas, a PS3 tem uma experiência abaixo do padrão.
Em último caso o factor chave decisivo é o conteúdo, e a este respeito o Netflix oferece de longe o melhor serviço - se estás preparado para pagar para aceder a conteúdos internacionais. Apesar do conteúdo Britânico ter falhas, tirar partido dos servidores estrangeiros dá-te acesso a um leque bem maior e mais actualizado de séries TV e filmes, novas séries que ainda nem foram transmitidas nestes lados. Comparado com o Lovefilm tens uma oportunidade muito melhor de descobrir novos e esquecidos conteúdos no Netflix através do sistema de recomendações do serviço, que oferece novas escolhas baseado nas que vês - uma funcionalidade genuinamente útil.
Em termos da melhor consola para vídeo em streaming, a 360 oferece o melhor equilíbrio entre qualidade de imagem e som. A apresentação a 720p usa na mesma as codificações de vídeo de alta qualidade a 1080p disponíveis na Wii U e PS3, mas o áudio é mais apurado e limpo que no sistema Sony. No entanto, se procuras a melhor qualidade de imagem possível, 1080p nativos são obrigatórios, descartando a consola Microsoft. A Wii U é potencialmente a mais amigável de usar devido à integração do tablet, mas os problemas de estabilidade com o buffering são um verdadeiro aborrecimento. Isto deixa a PS3 como plataforma de escolha - streams de vídeo a 1080p nativos correm no ecrã na resolução nativa, e se tens um som 5.1 surround decente acessível via HDMI ou Toslink - outra conveniente vantagem que a Wii U não oferece...