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Cooking Mama: Bon Appétit - Análise

Delícias da cozinha.

Uma continuação marcada novamente pela simplicidade e acessibilidade e que dirá mais a públicos menos voltados para experiências complexas.

A chegada da New 3DS e o lançamento de dois jogos da pesada (Monster Hunter 4 Ultimate e a remasterização do clássico intemporal The Legend of Zelda: Majora's Mask), mostram uma clara aproximação da Nintendo aos seus fãs de sempre, precisamente aqueles que imediatamente reconhecem a atribuição das cores dos botões da nova portátil em conformidade com a organização das cores dos botões do comando da Super Nintendo. Parece por isso estar um pouco mais distante, ou pelo menos não como alvo central, a audiência dos jogadores casuais, daqueles que pegam numa consola portátil porque é apenas a máquina da moda e que os amigos têm.

Durante muito tempo e sobretudo nos tempos áureos da Nintendo DS (ecrã duplo e táctil foram a maior receita para o sucesso numa portátil da Nintendo), as experiências para os jogadores casuais multiplicavam-se. Acessibilidade, imediatismo e simplicidade das mecânicas tornaram-se dominantes e até alguns clássicos da Nintendo como New Super Mario Bros ganharam mini-jogos e outras soluções ancoradas nesse sistema de sucesso, a partir do qual um toque com a stylus no ecrã é suficiente para causar uma série de reacções. De entre as inúmeras séries que aprisionaram esse modelo de acessibilidade e cativaram audiências, está Cooking Mama, uma espécie de simulador da cozinha que leva o jogador a confeccionar pratos e receitas suculentas a partir das instruções e indicações fornecidas por uma profissional da cozinha, capaz até de reparar as nossas asneiras quando algo não corre bem.

Esta receita é para o Verão.

Simulador não será o termo certo para descrever o grau de experiência presente na série. A então produtora (Office Create) optou por reduzir as acções do jogador a um conjunto de movimentos e toques a operar no ecrã táctil, sempre dentro de um tempo limite. Rodar alimentos numa frigideira, cortar um pedaço de carne às fatias, bater ovos numa bacia, peneirar farinha, são apenas uma ínfima parte do processo de fabrico de um prato, sobremesa ou sopa. Apesar da apreensão dos conceitos e termos específicos conferirem um grau de seriedade e compromisso quanto aos objectivos designados, a realização é simples, básica e nem oferece grandes dificuldades, desde que empreguemos a técnica devida.

O resultado é uma experiência do tipo imediato e que qualquer um pode experimentar sem passar por grandes dificuldades. Desde 2006 que a franquia Cooking Mama vem conhecendo novas edições, sendo a mais recente o jogo Bon Appétit (Cooking Mama 5), por sua vez o jogo de estreia na Nintendo 3DS. Em traços muito gerais, se jogaram algum dos títulos anteriores rapidamente vão reconhecer a nova entrada. A interface é muito similar, o design também e o objectivo continua a ser o mesmo de sempre: fazer receitas dentro de um tempo limite. A maior novidade são os mini-jogos que pouco ou nada têm que ver com o fabrico de receitas, como ajudar num restaurante ou participar em tarefas domésticas, mas que lá acabam por estar conectados.

Não obstante a boa apresentação do jogo e transversalidade do conceito, capaz de chegar a diferentes audiências (os mais velhos como os pais com hábitos de cozinha que acham piada ao tratamento e cozedura dos alimentos e os mais novos pela simplicidade e facilidade em executar as tarefas), pouco há aqui de original nesta nova entrada para a 3DS e mais parece que estamos de volta à segunda metade da década passada.

Só falta provar.

Bon Appétit apresenta uma série de modos de jogo e um elemento opcional que deixa ao critério do jogador o aspecto da cozinha, assim como a indumentária da nossa assistente. No extremo podemos até mudar o desenho e cor da loiça, assim como as panelas. Tudo isso está integrado na categoria dos bónus, a serem desbloqueados sempre que desenvolvemos e completamos uma nova receita. Aliás, o jogo está estruturado de modo a recebermos novos conteúdos à medida que completamos as receitas, a partir do Let's Cook. O objectivo passa por começar por fazer as receitas mais simples e partir depois para pratos de maior complexidade, sobretudo com um número maior de operações.

As operações são básicas e cumprem-se normalmente em menos de um minuto. Simplicidade que não se confunde no entanto com repetição. A diversidade de operações é grande, depende do tipo de receita e a nota dominante é a de que todos os utensílios de uma cozinha são utilizados, assim como os processos de confecção, desde cozidos, fritos, assados, sushis, entre muitos outros. A cozinha oriental (japonesa) ganha mais destaque mas também vão encontrar receitas ocidentais, só não esperem um cozido à portuguesa acompanhado por um arroz solto ou tripas à moda do Porto. Ao todo existem 60 receitas e ao completarem uma delas, imediatamente fica disponível na secção dojo, onde são postos à prova e podem emendar os processos que não correm bem.

À semelhança dos jogos anteriores as operações de confecção envolvem sempre e só a prática de toques e movimentos com a stylus no ecrã táctil. A maior parte das acções são acompanhadas por indicadores, o que facilita a sua execução, mas por exemplo despejar um conteúdo de uma tigela sobre uma panela pode revelar-se complicado se não fizerem o movimento correcto (entornam) ou então se batem demasiado rápido um conteúdo (atirando para fora da bacia). Percebe-se que muitos processos estão criados de modo a que o jogador erre, mesmo que antes disso tenha à sua disposição uma breve indicação da operação. Com alguma prática é possível evitar erros, pois os processos nunca são muito complicados, além disso a "mama" dá sempre uma ajuda. Só que em vez de sermos agraciados com uma medalha de ouro ou prata, recebemos uma medalha de bronze que imediatamente nos impede de receber a medalha de ouro a final, a mais apetecida.

Alimentem os gatinhos.

Muitas operações tornam-se um pouco repetitivas e certos procedimentos são obrigatórios antes de passarem à fase seguinte da receita, o que potencia uma estrutura mais formal que bem poderia ter sido aliviada através de uma marcha mais suave ao longo da execução da receita. Algumas são longas, outras mais simples e requerem poucos passos. A apresentação está bem conseguida, chegando a impressionar pelo aspecto suculento. Não se admirem por isso se a determinada altura derem convosco a pensar em passar da 3DS à prática, para uma cozinha a sério, equipada com os utensílios que encontram no jogo e com os respectivos alimentos.

Mas nem só de receitas e trabalho marcadamente culinário se constrói este Bon Appétit. Para além dos modos de jogo estruturados em torno dos pratos, os produtores acrescentaram mais alguns modos de jogo que se confundem com uma série de mini-jogos. Em quase todos o objectivo passa por lutar pela melhor pontuação e por superar o recorde todas as vezes que iniciamos numa partida. Divididos por temas, encontramos no Let's Help Mama uma série de trabalhos domésticos, desde jardim, pássaros e arrumações. Os mini jogos são diferentes mas também muito simples, envolvendo operações de simples toque através da stylus e claro está, com um tempo limite. Pede-se sobretudo que sejamos rápidos e eficientes.

Let's Help in the Shop e Let's Study completam o quadro de modos de jogo, envolvendo desde mini jogos de raciocínio, ordenando números numa tabela, até distribuir os pedidos dos clientes nas mesas de um restaurante. Nada de muito diferente do que já se viu até hoje noutros jogos do tipo casual e imediato. Bon Appétit progride em termos de conteúdos quando comparado com previas iterações da série, mas não foge ao conceito: um jogo com uma forte vocação para os mais pequenos ou para um público adulto que raramente toca num comando de uma consola por aquilo mais se assemelhar a um bicho de sete cabeças. Este jogo é para eles e ainda oferece um bom conjunto de modos de jogo e opções mas para outro público, os caçadores de Monster Hunter, é um disco que toca o mesmo, podendo ser agradável pelo ritmo e sequência de processos de confecção, mas não diverge sobremaneira do que já se experimentou.

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