Costume Quest
Hello-win?
Depois de dois espantosos títulos, Psychonauts e Brutal Legend, a Double Fine liderada por Tim schafer deixa os lançamentos físicos e envereda pela primeira vez pelos lançamentos digitais para as consolas caseiras. Dizer Tim Schafer é sinónimo de toda uma panóplia de pontos e aspectos com que o jogador pode contar e assim o é neste seu novo título que apesar da sua natureza, um título transferível nos serviços PSN e Live Arcade, faz-se munir de todas as características chave entretanto atribuídas a Schafer.
Talvez durante todo o sempre, isto pelo menos da perspectiva de alguém que vive num país no qual este dia/noite não tem/tinha qualquer tipo de tradição, o Halloween, conhecido por Noite das Bruxas em Portugal, era algo imensamente popular especialmente na América do Norte, e também em certa parte no Reino Unido. Tratado com enorme entusiasmo, esta é a noite de 31 de Outubro na qual os jovens, e quem quiser e para isso tiver coragem, se veste a rigor, de forma estranha especialmente e a lembrar monstros opcionalmente, e saem para as ruas enfeitadas a rigor, com abóboras e velas por exemplo, para pedir doçuras senão fazem travessuras.
Também provavelmente durante todo o sempre, e ainda hoje, o Halloween é associado a terror e horror, sendo especialmente inspirador para os filmes de arrepiar. No entanto, em 1993, Tim Burton e a Disney trouxeram para o Halloween todo um encanto e magia mais associável à quadra Natalícia com o seu Nightmare Before Christmas. Dando ao Halloween um tom completamente diferente do até então conhecido, mostrou que por todo um tom e ambiente de terror, também o Halloween é muito especial para as crianças.
É precisamente aqui onde encontrámos uma das especiais comuns com esta obra da Double Fine, no criar de um jogo que relembra que as crianças são do mais especial nesta noite e que para elas não é tudo sobre terror, existem encantos e fantasias. Desde a cena introdutória na qual somos apresentados aos gémeos Reynold e Wren que constatámos imediatamente que toda uma jornada de fantasia mergulhada em excelentes doses de humor inteligente e perspicaz é a ordem da noite.
Pouco depois de terem começado a bater de porta em porta a pedir doces, os gémeos são confrontados com um dos muitos trolls verdes que saíram nesta noite, também eles para encontrar doces. Pensando que Wren é o melhor doce que viu à sua frente, rapta-a e deixa-nos no controlo de Reynold que agora não pode regressar a casa sem a irmã. É aqui então que ficamos prontos para explorar o bairro nesta noite especial e conhecer os moldes de RPG com que o jogo nos promete cativar durante a próxima meia dúzia de horas.
Com um visual todo ele adorável, de tom a lembrar um desenho animado, Costume Quest é mais do que colorido, é uma verdadeira doçura visual. Todo o bairro, e os demais locais, consegue com brio mergulhar-nos num sentimento mais do que adequado e a cada novo avanço são colocados limites inteligentes para controlar a experiência e o progresso, quer sejam os putos terríveis do bairro que solicitam exclusividade de uma rua ou o director da escola que quer ajuda para cozinhar as suas tartes. Na base de todo o jogo estão, como não podia deixar de ser, os fatos de Halloween que vamos poder criar ao encontrar os materiais necessários.
Para todos os fatos vamos ter que procurar os três materiais e cada um deles tem um tema diferente. Assim que encontrados, os fatos não mudam só o aspecto do personagem, permitem aceder a áreas anteriormente restritas e dão acesso a habilidades especiais tanto fora como dentro das batalhas. Estes confrontos que nos levam para um ecrã especial podem surgir de duas formas diferentes, ou aleatoriamente durante o bater de porta em porta por doces ou então entrando em confronto com os inimigos visíveis a todo o tempo no ecrã, e possíveis de serem evitados.
Caso decidam entrar nos combates, o jogo passa para o cenário respectivo e as crianças transformam-se em guerreiros gigantes, versões épicas dos seus fatos de menino, para enfrentar adversários também eles gigantes. As acções são efectuadas por turnos e todo o esquema assenta no pressionar do botão correcto dentro do tempo. Os ataques e o tipo de acção necessária para serem aplicados com maior sucesso e dano varia consoante o próprio fato e fazem assim com que tudo tenham uma maior variedade. Após realizar três ataques ganhámos acesso a um ataque especial. Mais uma vez, o ataque especial varia consoante as características do fato e podem variar entre ataques devastadores, curar toda a equipa, que pode ascender até quatro, ou feitiços de protecção.
Como não podia deixar de ser, ganhámos experiência para melhorar os atributos de cada personagem e ainda dinheiro que podemos usar para comprar selos que melhoram os nosso atributos. Também para coleccionar temos cromos baseados em doces e um mini jogo de apanhar maçãs assim como várias missões secundárias completamente enquadradas nas tradições de uma noite que está longe de ser normal. No entanto, assim como quase tudo no jogo, repetem-se e a médio prazo podem começar a perder o encanto inicial. Mesmo assim, temos todo um espírito Halloween que certamente terá todo um reconhecimento para um povo mas que enquanto jogo, não deixa de ser universalmente apelativo.
Desde o primeiro instante que Costume Quest nos transporta para um mundo que vamos adorar conhecer. As piadas elegantes e brilhantes, o engenhoso jogo de palavras, o estilo visual e um argumento que varia entre o aventureiro e o disparatado, são os principais elementos de uma experiência que não sendo obrigatória, é uma das com maior personalidade e distinção nos seus respectivos serviços.