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Crysis 2

Soldado do futuro.

Não vou negar que é com algum entusiasmo que pego em Crysis 2, sobretudo pelo facto de ser fã dos trabalhos da Crytek, já do tempo do primeiro Far Cry, e de seguida do fantástico Crysis. É de esperar sempre um grafismo de última geração, onde todos ficamos maravilhados com o que a produtora consegue fazer, tanto nas consolas desta geração como na versão para PC. A primeira impressão que tive do jogo, na altura com a demonstração disponibilizada para a Xbox 360, não foi a melhor, fiquei até um pouco decepcionado com o grafismo, mas tenho agora a possibilidade de testar a versão final para tirar todas as dúvidas existentes.

Não há dúvidas que Crysis 2 é um portento tecnológico, principalmente na sua versão PC, já que nas consolas não consegue atingir o mesmo patamar, muito devido à resolução inferior. Mas como todos sabemos nem só de grafismo vive um jogo, e de facto Crysis 2 é um bom exemplo disso. O jogo é deslumbrante a nível artístico, deixando-me muitas vezes especado a admirar tamanha beleza de destruição, mas falha em pontos fundamentais como a história e em outros mais básicos que serão abordados mais à frente.

Crysis 2 é o sucessor directo de Crysis, mas desta vez a produtora resolveu deixar as paisagens tropicais verdejantes, passando para um ambiente urbano, mais precisamente a cidade de Nova Iorque, no ano 2023, três anos após os acontecimentos de Crysis. Em Crysis 2 somos um simples Marine de seu nome Alcatraz, que se vê envolvido numa guerra contra uma invasão alienígena. A cidade sofre de uma infestação virosa, tendo sido evacuada. Corpos humanos encontram-se espalhados pelas ruas, pessoas moribundas em edifícios e becos, existe destruição por todo o lado, com edifícios em ruínas, um caos total.

O acesso ao Nanosuit 2.0 é efectuado por mero acaso, sem desvendar muito da história, para não estragar a vossa curiosidade, apenas direi que passamos de um mero Marine para a última esperança da humanidade. O Nanosuit é a última esperança contra a invasão, atribuído poderes sobre-humanos a quem o possui. Existem modificações no fato em relação ao jogo anterior. Desta vez todos os poderes utilizados consomem energia, e com o avançar do jogo iremos ter acesso a mais personalizações do fato através dos Nano-Catalysts, que são upgrades às capacidades do fato, como por exemplo a supressão do som dos nossos passos, prolongamento do efeito de determinadas funcionalidades, ou um detector da presença de inimigos.

Os Nano-Catalysts foram adquiridos através da fusão do fato com ADN extraterrestre, efectuando modificações espantosas aos poderes do Nanosuit 2.0. Sempre que abatemos um extraterrestre, este deixa Nano-Catalysts que podemos recolher, e que posteriormente nos irá permitir desbloquear novos upgrades. Podemos activar apenas três Nano-Catalysts ao mesmo tempo, e digo-vos que são sem dúvida uma boa novidade no jogo.

A história do jogo desenrola-se em torno do Nanosuit 2.0 e da invasão alienígena. Não é uma história que mereça um prémio, chega a ser de certa forma vulgar em determinados momentos, não é um desenrolar apoteótico. O jogo mais parece um desenvolvimento tecnológico acompanhado posteriormente da colagem de um enredo previsível. Retirando a história, Crysis 2 é de facto um portento gráfico, mas não tem o mesmo impacto de Crysis, que exigia muito mais do computador, fiquei até surpreendido pelo facto da versão PC correr tão bem, com uns sólidos 60fps a uma resolução de 1080p.

A progressão é efectuada a um ritmo elevado, temos que basicamente eliminar inimigos à medida que vamos percorrendo os níveis, nada de inovador, muito previsível e parecido com o jogo anterior, com a diferença do ambiente em que tudo se desenrola. Os momentos mais interessantes são aqueles em que estamos inseridos em batalhas travadas contra os extraterrestres, onde temos que ajudar as forças humanas na manutenção e conquista de postos, ou até efectuar ataques frenéticos contra os invasores.

O jogo apresenta alguns problemas básicos, a já referida história que não agarra por completo o jogador, chegando a ser desprovida de alma e sem muito para oferecer. Também temos erros incompreensíveis, como inimigos que não nos detectam mesmo estando a escassos metros de nós, nem reagem ao facto do colega ao lado ter sido abatido. A IA é muitas vezes fraca, não se compreende que tal aconteça num jogo destes.

Outro problema grave, detectado numa parte em que tinha múltiplas opções/caminhos para avançar no nível, foi quando me desloquei por um percurso, sabendo que num determinado local deveriam estar inimigos, como fui por outra opção eles não apareceram, mas para meu espanto quando voltei atrás estes aparecem como por milagre, vindos sabe-se lá de onde. São erros destes que me deixam a pensar como é possível um jogo tão badalado permitir-se a ter bugs básicos deste género. Mas não se ficam por aqui os erros, muitas vezes, demasiadas até, deparamo-nos com personagens bloqueados a andar contra determinados objectos, no mínimo cómico.