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Dakar Rally Desert - De Portugal para o deserto

Uma produção nacional que fica perto de ser brilhante.

Dakar Rally Desert consegue capturar a essência destas corridas no deserto. Ficou perto de ser brilhante, mas tem algumas falhas notórias.

A lista de videojogos desenvolvidos em Portugal, sobretudo por equipas pequenas e/ou independentes, aumentou a pique nos últimos anos, mas as grandes produções continuam a ser uma raridade por território nacional. Dakar Rally Desert é uma dessas excepções. Desenvolvido pela Saber Interactive Porto, é uma tentativa de recriar a melhor experiência de sempre de Dakar nos videojogos.

Não é a primeira vez da equipa nas grandes produções, afinal, lançaram Dakar 18 em Setembro desse mesmo ano. Naquela altura, a equipa ainda tinha o nome de Bigmoon Entertainment, que foi alterado para o nome actual depois de uma aquisição por parte da Saber / Embracer Group. Para os fãs de corridas fora de estrada, o jogo é um grande compêndio, incluindo conteúdo das edições de 2020, 2021, e 2022 de Dakar.

Do casual ao hardcore

O modo campanha de Dakar Rally Desert é simples e directo. O teu objectivo é ganhares as corridas que vais desbloqueando e encher a tua garagem com os diferentes tipos de veículos. Há uma grande variedade de veículos, espelhando a corrida real, com carros, motas, camiões, moto 4, buggies, e até veículos clássicos. Quando selecionas um veículo e queres avançar para uma corrida, o jogo questiona-te sempre se queres o modo Sport, Profissional ou Simulação.

Os três modos em nada estão relacionados com a jogabilidade e assistências na condução, mas antes com as ajudas de navegação das corridas. No modo Sport os checkpoints estão visíveis e basta ir seguindo os grandes círculos amarelos. No modo Profissional, os checkpoints são removidos e tens que te guiar apenas pelo Road Book e, dependendo do tipo de veículo, da orientação do co-piloto. No modo Simulação os respawns são removidos (ou seja, se tiveres um acidente, tens que começar de novo).

O modo Simulação não está disponível logo de início, é desbloqueando quando chegas a nível 25, o que ainda demora um bocado. Por um lado, compreendo que o estúdio queira orientar os jogadores menos experientes, mas por outro, é uma decisão draconiana e frustrante para quem quer desde início a real experiência de Dakar. O modo Sport é, de longe, o que menos satisfação trás pela transformação da experiência em corridas arcade.

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A IA pensa que estamos num derby de destruição

No modo Sport, todos os carros saem da partida ao mesmo tempo e é a melhor forma de ver quão agressiva pode ser a inteligência artificial. Os carros vão de propósito contra ti, basta que os tentes ultrapassar e rapidamente mudam de direção para chocar contigo. No modo profissional também acontece o mesmo, embora os carros não partam todos ao mesmo tempo. É frustrante ter acidentes e perder valioso tempo devido à atitude kamikaze da IA, que em nada retrata o que acontece na corrida real.

Não obstante, é interessante ver que a IA também comete erros de condução e não é incomum ver veículos de pilotos adversários a ir contra obstáculos ou a perder controlo. Estes erros refletem-se na tabela de pontuação no final da corrida, onde é comum ver pilotos com penalizações. Assim a experiência é mais realista. De realçar também que cheguei a ficar em 1º em algumas etapas que não correram perfeitamente do início ao fim porque os outros pilotos erraram mais do que eu.

A latência nos controlos é incompreensível

A primeira coisa que senti quando comecei a jogar foi o input lag. Para leigos, significa um atraso perceptível entre o momento em que fazes a ação no comando e vês a resposta a acontecer no ecrã. No início era pior, as atualizações lançadas atenuaram, mas o problema persiste. O input lag torna o controlo dos veículos mais difícil e até irritante, porque existe um atraso e não consegues fazer os pequenos ajustes na direção tão rápido quanto gostarias.

Quanto à dirigibilidade dos diferentes tipos de veículos, há uns melhores, outros piores. As moto 4 são complicadas. É de longe o veículo em que mais vezes perco o controlo. Nos buggies também acontece, mas menos. Nos carros, camiões e motas sentimos que estamos em controlo, no entanto, aqui fica um conselho: antes da corrida, faz ajustes mecânicos em todos os veículos. Depois de experimentar um bocado, a condução passou de tolerável a aceitável. Um simples ajuste na pressão dos pneus e rigidez da suspensão pode fazer a diferença.

Fragmentos de um jogo brilhante

Apesar de não ser perfeito, Dakar Desert Rally consegue capturar a essência das corridas que retrata. Acelerar pelo deserto fora, seguindo as instruções do roadbook e do nosso co-piloto (ainda que por vezes tenha atrasos que nos confundem) é uma experiência ímpar. Dei por mim maravilhado, a olhar para as paisagens e quão diversas podem ser (tendo em conta que todas as corridas são num deserto). Gostei da experiência, contudo, as suas diversas falhas têm tendência para aparecer com alguma regularidade.

Como nota final, aviso que há um modo multijogador online. Tentei várias vezes encontrar alguém para jogar, mas nunca houve gente suficiente para encher a sala (há suporte para 4 jogadores em simultâneo), o que provavelmente significa que a atenção dos jogadores está mesmo no single-player.

Prós: Contras:
  • Navegar e fazer corridas pelo deserto é magnífico
  • Há uma enorme dose de conteúdos para jogar
  • Uma experiência para todos os jogadores graças a três modos de corrida
  • Paisagens lindíssimas no deserto
  • Sensação de conquista: quanto mais jogas, mais facilidade tens na navegação
  • Input lag nos controlos
  • Alguns veículos são difíceis de controlar
  • O co-piloto pode atrasar-se nas direções do roadbook
  • A IA pode ser excessivamente agressiva

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