Darkstalkers Ressurection - Análise
Monstro sagrado.
Se nos primeiros meses deste ano os fighting games andaram praticamente arredados da janela de lançamentos, Darkstakers Ressurection ganhará notoriedade e colherá porventura o agrado dos mais acérrimos fãs de uma série que se posiciona como grande alternativa a Street Fighter, pelo menos nas suas versões clássicas, II e III. É um jogo que reentra na cena gaming muitos anos depois do lançamento original e que traduz um esforço de Yoshinori Ono em dar corda aos pedidos dos fãs que há muito clamam por um Darkstalkers IV. Mas como esse jogo ainda se encontra no segredo dos deuses e a aguardar por validade directiva, talvez a Capcom esteja a reconsiderar o novo projecto em função dos resultados deste teste de aferição às capacidades de Darkstalkers para ganhar o respeito dos fãs.
Nisso dificilmente falhará. Darkstalkers parte de muitos princípios estabelecidos em Super Street Fighter II. É um jogo da mesma nata, mas de conteúdo algo distinto. Forjado numa fase de intensa produção de jogos de luta em duas dimensões, Darkstalkers, ou Vampire Hunter como é designado no Japão, nasceu no meio de outros desafios de aspecto cartoon como X-Men e Marvel Super Heroes, que haveriam de dar origem ao Marvel vs Capcom. Podendo partilhar imensos pontos com Super Street Fighter II, o aparecimento de Darkstalkers não se fez sem trazer novas ideias para o género.
Detentor de um valioso quadro estético, personagens que escondem demónios e monstros da pior espécie na sua postura e definição e se projectam como grandes alternativas aos lutadores carismaticos de Super Street Fighter II, assim como uma artwork admirável, depois disto o sabor da experiência prossegue noutros pontos como a possibilidade de efectuar block após um salto, ataques de projécteis prioritários e novos poderes especiais obrigatórios. Este quadro de movimentos permitiu alargar as batalhas para o espaço aéreo de forma permanente, sobretudo pela possibilidade de combinações múltiplas. Ao lado de Vampire Hunter, Street Fighter até parece um jogo pedestre, mas é essa distinção que lhe permite alcançar uma posição cimeira, quer pela forte dimensão estética, quer pela componente jogável.
Desenvolvido pela produtora norte-americana Iron Galaxy Studios, a mesma de Street Fighter III Online Edition, estamos perante um jogo que traz dois jogos num só: Darkstalkers: Night Warriors e Darkstalkers 3. Estas conversões dos clássicos, mantém o aspecto visual do jogo, mas primam pelo acrescento de filtros que permitem obter uma imagem limpa e de alta definição. Igualmente interessante nesta adaptação aos visuais é a instalação de diferentes perspectivas de jogo. Podendo ser jogado na sua forma mais alargada e esticada, preenchendo a totalidade do ecrã, centrando o quadro do jogo ficamos com uma lateral dedicada para feitos que podemos obter e subir de nível. A subida de nível dá-nos acesso a uma variedade de elementos como a arte de personagens, músicas e cenários.
Outras perspectivas podem ser eleitas como a vista a partir do ombro de um jogador que está sentado diante de uma máquina arcade. Esta será facilmente identificada por quem ficava a assistir às partidas dos outros, e depois podem escolher outra perspectiva que vos coloca diante da máquina arcade, tendo até o ecrã uma pequena curva, ao mesmo tempo que os efeitos visuais ganham um aspecto baço, bem típico dos ecrãs das arcades durante os anos noventa. Acontece, porém, que dei por mim a fazer passagem por estas diferentes perspectivas e a deliciar-me com cada uma, mas quando queria focar-me nos combates acabava sempre por voltar à perspectiva predefinida. Não quer dizer que outros jogadores não encontrem valor nestas opções e sempre funcionam como boas alternativas, mas também não passam disso, nem operam uma mudança na experiência de jogo.
Outra das novidades é a presença de um modo on-line, particularmente reforçado devido à presença de um sistema de ligação online denominado GGPO que vem sobretudo incrementar a qualidade das ligações. Este é o mesmo sistema que foi aplicado em Street Fighter III: Online Edition. Jogadores que se desconectarem durante as partidas, terão de ter atenção a isso, uma vez que o jogo impõe uma penalização, com efeitos para o ranking. Está disponível uma função que permite editar vídeos de combates directamente para o You Tube, uma opção que irá certamente agradar aos jogadores veteranos e as salas de espera albergam até um máximo de oito jogadores. Não quer dizer que nalguns casos as ligações não tenham problemas, até porque acontecem partidas com lag, mas de um modo geral a ligação é estável quando jogam diante dos vossos amigos.
"Quanto ao sistema de combate, podemos garantir que nos encontramos diante de um jogo significativamente exigente, que requer toda uma habilidade a fim de se extrair o máximo de sucesso dos seus combates"
Como também sucedera em Street Fighter III Online Edition, a Irion Galaxy voltou a incluir um modo desafio para cada uma das personagens. Aqui poderão não só treinar qualquer uma das personagens disponíveis e realizar diversas combinações. É pena que à sucessão da explicação e designação dos ataques, não fique visível uma janela de opção com a indicação da rotação necessária e botões para conseguir o ataque. Em Super Street Fighter IV, nos challenges, basta-nos pressionar um botão para se visualizar que tipo de movimento deve ser exercido no joystick ou d-pad.
Quanto ao sistema de combate, podemos garantir que nos encontramos diante de um jogo significativamente exigente, que requer toda uma habilidade a fim de se extrair o máximo de sucesso dos seus combates. Temos por isso os fãs hardcore numa primeira linha a inundarem os servidores. Os jogadores mais desprevenidos poderão passar um mau bocado. Aqui existem os atques ES, que substituem os Super e que revestem a particularidade de serem activados sem uma espécie de aviso prévio. Por outro lado, o sistema de combinação em cadeia, ou chain combo, é outro dos pontos fulcrais em termos de combate. As personagens podem ligar os ataques leves até aos mais duros em sequência, sendo uma óptima iniciativa para causar bastantes danos na personagem do jogador oponente. Outro detalhe diferenciador em Darkstalkers são os dash, que podem ser activados no ar, na diagonal durante o salto e sobre o solo. Darkstalkers 3 conta com a particularidade originada pela Dark Force, depois de pressionados dois botões do mesmo segmento e que permitem reforçar os poderes da personagem. Em termos defensivos os Pushblock e os Guard Cancel são outros termos a reter e desenvolver.
Depois de um bem sucedido Street Fighter III Online Edition, a mesma produtora está de volta, quase dois anos depois, para uma compilação de Darkstalkers Ressurection, apresentando Night Warriors e Darkstalkers 3 na sua versão original, mas com visuais melhor adaptados às televisões de alta definição. O peso dos anos que distam após o lançamento dos originais não belisca a profunda e complexa experiência que daqui emerge. Contudo, estes jogos revestem-se de uma particular exigência se quiserem dominar por completo nos combates, pelo que os menos versados deverão ter cautela no confronto com jogadores experientes. É pena que o tutorial não seja tão amigável para os novatos, podendo passar por alguns problemas até conseguirem realizar os melhores combos. Ainda assim e no seu núcleo, Darkstalkers Ressurection mantém-se como uma sólida alternativa aos clássicos Super Street Fighter II, Marvel vs Capcom e Street Fighter III Online Edition. Um título incontornável no périplo pelos fighting games.