Das pistas virtuais de Gran Turismo para a realidade
GT Academy, a escola de treino para os melhores.
Criada originalmente em 2008, ano em que arrancou a primeira edição, a GT Academy proporcionou aos melhores e mais hábeis jogadores de Gran Turismo a oportunidade de competir ao mais alto nível, juntamente com profissionais e num ambiente de competição. Tal como o nome indica, a GT Academy funcionou como uma espécie de escola. Treinar os melhores, adaptá-los ao ambiente real e dar-lhes as condições de desafio e treino para vencer.
Até 2016 a GT Academy apurou dezenas de pilotos. Numa parceria entre a Nismo (o departamento desportivo e competitivo da Nissan) e a Sony Computer Entertainment, a GT Academy permaneceu no activo até 2016, ano em que os e-Sports passaram a ser a referência competitiva para os melhores pilotos de Gran Turismo.
Do sonho à realidade
Muitos destes pilotos, apurados pela velocidade mostrada em competição e ao volante do simulador, não teriam outra hipótese de competir não fosse esta escola. Ou se é um piloto apoiado por uma equipa ou marca, como acontece nas escolas Red Bull e Mercedes, que fomentam os pilotos mais rápidos oriundos das categorias inferiores, ou terão de ser apoiados por patrocinadores a desembolsar somas avultadas.
Os custos de participação em campeonatos motorizados são elevados. Na ordem dos milhares e milhões de euros, o que significa que sem este apoio da GT Academy, poucos conseguem realmente singrar. No caso de Miguel Faísca, o vencedor europeu da GT Academy de 2013, a oportunidade abriu-se assim que se tornou o piloto mais rápido na derradeira corrida em Silverstone, o palco onde brilham muitos campeões.
O mundo da competição
Em 2011, no Autódromo de Portimão, assistimos às finais de Gran Turismo, sagrando-se campeão nacional Bruno Sousa Ferreira. Na fase posterior de treino e preparação, em Silverstone, o português competiu juntamente com outros pilotos europeus, entre os quais Jann Mardenborough o campeão britânico. Três anos após a abertura da GT Academy abriu-se a oportunidade para este jogador de Gran Turismo começar uma carreira real ao mais alto nível. Perdeu na última corrida, ganha então pelo jovem inglês que depressa começou a competir em provas do GT3, nomeadamente as 24 horas do Dubai.
Depois do espanhol Lucas Ordoñez, Jann Mardenborough tornou-se num dos pilotos mais bem sucedidos da escola e posto a competir diante de pilotos profissionais em diferentes categorias. Em 2013 participou nas 24 horas de Le Mans, nas 24 horas de SPA. Competiu na GP3 e GP2 nos anos seguintes, em diferentes equipas, mas o apoio maior foi dado pela Nissan. Mardenborough é um dos casos de maior sucesso na passagem de jogador de Gran Turismo para o banco de piloto-
Miguel Faísca, piloto luso cuja história na GT Academy é muito similar à de Mardenborough, também passou por uma fase de acentuado treino no seguimento do triunfo alcançado em 2013. A preparação de um piloto envolve não só intensos testes físicos como uma preparação muito rigorosa das reações ao volante. Na realidade não há margem para erro. Mesmo assim Miguel Faísca conseguiu notáveis resultados, com destaque para a vitória na classe SP2 das 24 horas do Dubai, um 7º lugar na classe LMP2 no Estoril, diante do seu público, em 2014, e um terceiro lugar em Paul Ricard na categoria GT3.
Considerando que a esmagadora maioria dos pilotos contra os quais competiu não só eram profissionais como cresceram a conduzir carros de competição, os resultados alcançados por um piloto oriundo de simulador são relevantes. Na verdade, os simuladores não chegam para fabricar campeões de estrada mas podem dar uma ajuda, torná-los mais aptos para a realidade e compreender melhor os circuitos.
Gran Turismo nos Cinemas a 10 de agosto
Tal como Miguel Faísca, a carreira competitiva de Jann Mardenborough serve de argumento ao mais recente filme Gran Turismo. É uma óptima oportunidade de visualizar uma película que versa sobre este fenómeno assinalável da passagem das pistas virtuais para a realidade e do que isso acarreta como desafio e consequência. A GT Academy desenvolve um programa de preparação e treino, mas quando são colocados nos carros e diante dos rivais, são mais um entre muitos que arriscam as suas chances de sucesso. Eles sabem que de outra forma dificilmente conseguiriam estar ali a competir. Foi-lhes dada uma oportunidade para competir entre pilotos profissionais. Viveram e deixaram resultados dessa oportunidade. Experimentaram sensações máximas e realistas que de outra forma só no simulador poderiam experimentar. O filme dá conta dessa passagem.