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Dead Rising 4 - Análise

Zombielândia.

Matar zombies é divertido no início, mas Dead Rising 4 pouco mais tem para oferecer. A história não agarra e não há conteúdos de interesse.

Dead Rising 4 começa por ser um jogo extremamente divertido. Embora o género dos zombies tenha atingido um ponto de saturação nos videojogos, o novo título desta saga consegue recuperar aquele frenesim maravilhoso de chacinar hordas zombies. Isto não é propriamente surpreendente para os fãs da saga, visto que os jogos anteriores sempre conseguiram captar com sucesso esta particularidade dos jogos de zombies. Há, contudo, diferenças significativas face aos Dead Rising anteriores e nem todas são um passo em frente. De facto, no processo de tentar tornar o jogo mais divertido, surgiu um efeito secundário que torna Dead Rising 4 demasiado banal e num jogo com menos charme em comparação aos seus antecessores.

À primeira vista Dead Rising 4 tem tudo para triunfar. A nostalgia é forte, com Frank West a regressar a Willamette, a cidade do primeiro Dead Rising. Um novo surto de zombies surgiu na cidade e Frank West, no papel de foto-jornalista, decide investigar. A maior alteração face aos anteriores é remoção do limite de tempo. Os Dead Rising anteriores obrigavam os jogadores a fazer escolhas devido ao tempo limitado, e como tal, era difícil ter a oportunidade para explorar tudo sem repetir o jogo várias vezes. Sem o limite de tempo, podem fazer o quiserem quando quiserem. Apetece-vos exterminar zombies durante meia hora? Não há qualquer problema.

O limite de tempo tornava jogo mais intenso e dava-lhe um tom de sobrevivência. O problema em Dead Rising 4 é que não existe um bom substituto para este sistema. Sem o limite de tempo podem explorar à vontade, no entanto, rapidamente fica claro que não existe muito para explorar. A principal razão que encontrei para explorar são as blueprints, esquemas que nos ensinam a combinar objectos em armas poderosas e, no geral, muito divertidas de usar. Também existem eventos espalhados pelo mapa e o jogo avisa-nos quando estamos próximos de um, mas a variedade é reduzida e rapidamente nos cansamos deles.

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A facilidade também não ajuda. Dead Rising 4 é um jogo exageradamente fácil. É tão fácil que se torna aborrecido. Além de termos tudo o que precisamos sempre à mão, como os objectos necessários para criar as armas das blueprints, os inimigos morrem num ápice (na segunda metade da história surge uma variação de zombie mais forte, mas a facilidade não se dissipa). Já seria de esperar que os zombies não fossem um grande desafio, mas os inimigos humanos não são muito melhores. Os encontros opcionais com os psicopatas, uma característica dos anteriores que está de volta, acabam demasiado rápido. É uma desilusão, demoramos mais tempo a chegar ao local do que a concluir estes encontros. Os bosses que encontramos ao longo da história também não conseguem oferecer um desafio decente.

"O modo online está mais na linha dos Dead Rising anteriores"

É uma pena que Dead Rising 4 tenha estes defeitos, até porque a base é sólida. O mundo tem um tamanho considerável e existem locais interessantes, contudo, são poucas as actividades secundárias existentes e nenhuma tem uma elaboração decente. A história, para além de ser curta, não agarra, tanto é que a partir do terceiro capítulo tive que me forçar a jogar até ao fim. Estranhamente, não existe um modo cooperativo para a história. Existe um modo cooperativo, mas está separado. Não consegui perceber a razão para esta decisão, pois o modo cooperativo é muito semelhante ao resto do jogo, a diferença está no número de jogadores (há suporte para quatro) e nos objectivos de grupo. Até a árvore de progressão de habilidades do modo online é igual.

O modo online está mais na linha dos Dead Rising anteriores. Não existem tantas armas poderosas espalhadas pelo cenário e os itens de cura são mais escassos. A única coisa que transita para o modo online são as blueprints que encontraram ao longo da história. De resto, é como começar de novo. Inicialmente apenas podem participar no primeiro capítulo online, mas à medida que concluírem objectivos em grupo, vão desbloquear os restantes três capítulos. Parece-me que o modo história deveria seguir as pegadas do online, já que o desafio é maior aqui e há actividades com mais piada, como enfrentar um Pai Natal endiabrado numa arena fechada e sem acesso fácil a objectos de ajuda.

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Em grande parte, as missões da história pecam pela falta de variedade. A Capcom Vancouver parece estar cheia de criatividade para criar armas engraçadas, mas no que toca criar actividades e missões, a criatividade desaparece. A maioria das missões da história resume-se a entrar num sítio, matar tudo o que se mexe, e depois fotografar evidências com a câmera de Frank West. É óbvio que num jogo como Dead Rising 4 vamos passar tempo a matar zombies e outro tipo de inimigos, e por maior que seja a variedade de armas existentes (praticamente todos os objectos do cenário podem ser usados), torna-se evidente a falta de maior variedade.

"É divertido no início, mas é tão fácil que se torna banal e eventualmente aborrecido"

É impressionante o número de zombies que Dead Rising 4 consegue apresentar no ecrã (por vezes são centenas) mas isto é feito à custa de um jogo que visualmente está datado. Talvez a melhor solução fosse um compromisso. Menos zombies, uma dificuldade maior em eliminar um deles e em troca um jogo com gráficos mais apelativos. Há que admitir que atropelar uma horda gigantesca de zombies é apelativo, no entanto, relembrando o que disse inicialmente, o apelo não dura muito. É divertido no início, mas é tão fácil que se torna banal e eventualmente aborrecido. O problema não está no exagero inerente a coisas como o Exo Suit ou nas combinações poderosas de armas (é um dos aspectos que mais gostamos em Dead Rising 4), o problema está no fácil acesso a estas ferramentas.

Portanto, Dead Rising 4 perde em parte a identidade da série em prol do exagero e numa obsessão exagerada de oferecer diversão ao jogador, tornando-se eventualmente banal. Não ajuda que as actividades secundárias sejam desinteressantes, nem que a história tenha falta de personagens fortes e marcantes. O modo online consegue ser mais apelativo e desafiante do que o modo a solo, sendo um dos aspectos positivos a realçar. Também há que destacar a criatividade nas armas resultantes das blueprints e nos ataques especiais de cada uma, no entanto, isto não chega para salvar Dead Rising 4. Matar zombies é divertido, mas o jogo precisava de ir mais além. Descartar o limite de tempo até poderia ser uma evolução, mas pelos vistos a Capcom Vancouver não soube gerir a falta desta característica da série Dead Rising e compensar a balança com uma novidade igualmente significativa.

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