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DeathSpank

Spank me up before you go go!

Num mundo onde a magia e os contos míticos são tontos quanto uma árvore falante nos pedir para encontrar um álbum de metal, ficamos mais fortes também pela obtenção ou compra de novas peças para a armadura. Para além do uso de melhores armas e melhores armaduras temos ainda a possibilidade de tornar DeathSpank mais forte aprendendo a usar com maior eficácia o botão de defesa. Com um timing correcto podemos carregar instantaneamente a barra de ataque especial e assim usar um golpe devastador relacionado com a arma e infligir grandes danos.

A mecânica proposta pelo botão de defesa e a sua valorização ao longo do jogo faz com que o jogador seja convidado a evitar a tentação de se deixar cair num esquema mais direccionado para o que seria considerado um hack ‘n’ slash “sem cabeça”, para reforçar a componente RPG, tanto pelos benefícios que a boa utilização desta técnica oferece como pelo reforço do perigo de um comportamento nada cauteloso. A dificuldade progressiva a nível de combates incute-nos a vontade de encontrar/comprar melhores armas/equipamentos e para um jogo desta natureza é de louvar o equilíbrio dado ao mundo e à estrutura de missões secundárias.

Killing in the Name.

Se nos combates DeathSpank é desafiante do início ao fim, já a nível de desafios ligados ao mundo e à progressão é relativamente fraco. Raramente o jogador é convidado a ultrapassar puzzles que o levam a interagir com o cenário e na maior parte das missões tudo é demasiado óbvio ou então demasiado perto para permitir uma maior exigência por parte do jogador. A sua simplicidade é de louvar e compreende-se a vontade de simplificar mas a médio prazo o jogador sente alguma rotina e somente os cenários e o maior nível de um novo inimigo são realmente novidade. Este é mesmo o único ponto a criticar em DeathSpank e se não estiverem com isso preocupados e se a componente de acção for de maior valor para vocês, então nem sequer chegam a sentir tal.

Talvez por isso mesmo a Hothead Games nos tenha dado a oportunidade de jogar em modo cooperativo local permitindo que um segundo jogador assuma o controlo do feiticeiro Sparkles e correndo o risco de enveredar pelos clichés, a diversão é mesmo a dobrar. Não é de forma alguma obrigatório mas é uma mais valia e até nos leva a pensar porque apenas está disponível localmente e não através do Xbox Live. Com a companhia de Sparkles, DeathSpank ganha uma grande ajuda e tudo se torna ainda mais caótico.

Sleep now in the fire.

Todo o humor do argumento de DeathSpank convive em sintonia com o mundo e com as personagens que em conjunto criam uma coesão que reforça todo o tom de gozo e quase leviandade da experiência. Extremamente colorido e variado, repleto de áreas que precisam de ser vistas para que toda uma imaginação e inteligência criativa seja atestada, DeathSpank não deixa de apresentar locais obrigatórios dos mundos de fantasia como ainda goza com eternas questões dos tradicionais personagens em jogos RPG. As animações do personagem são também ponto de destaque e se maior elogio pode ser dado, é o de parecer uma espécie de desenho animado interactivo. A componente sonora também é diferente do que seria de esperar e mais parece que estamos a ouvir “músicas de cowboys” numa era medieval. Especial destaque para a voz de DeathSpank que a cargo de Michael Dobson elevam a personalidade do herói a níveis realmente admiráveis.

DeathSpank é um jogo espantoso que se preza pela sua diversão, pela sua inteligência no uso do humor no argumento assim como pela simplicidade da sua jogabilidade. Certamente indicado para o verão e para os que procuram diversão ocasional. Quanto mais jogamos mais vontade temos de jogar e mesmo que tenha como maior defeito a repetição de processos, é um RPG de acção competente, e até as conquistas de jogador são exemplo de que tudo foi feito para impulsionar a diversão pois não nos obrigam a tarefas inimagináveis e nem sequer são factores para prolongar artificialmente a longevidade.

DeathSpank é um produto absolutamente brilhante e fica como um dos melhores títulos que tive o prazer de jogar vindo de qualquer um dos dois serviços que o recebeu. A jogabilidade simples e aditiva é uma aliada poderosa de um humor inteligente e de um argumento tonto por escolha. Peca somente por alguma facilidade excessiva na progressão e por raramente desafiar o jogador à excepção dos combates mas a sua essência é divertida e recomendável.

9 / 10

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