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Declarações de Neil Druckmann sobre a IA causam polémica

Criadores de Dragon Age e Pentiment não gostaram do que leram.

Crédito da imagem: PlayStation

A Sony realizou recentemente uma entrevista para debater o futuro da indústria dos videojogos, na qual Neil Druckmann, presidente da Naughty Dog, partilhou a sua opinião sobre o papel da inteligência artificial (IA) no desenvolvimento de jogos. Druckmann afirmou que a IA vai "revolucionar a criação de conteúdos", destacando o seu potencial para reduzir os custos e as dificuldades, bem como para alargar os limites da narrativa nos jogos. No entanto, também reconheceu a existência de problemas éticos que precisam de ser resolvidos.

As declarações de Druckmann, no entanto, não foram bem recebidas por toda a gente. David Gaider, criador da franquia Dragon Age, foi um dos críticos mais contundentes. Na plataforma X, Gaider referiu que Druckmann parecia centrar-se exclusivamente no papel do realizador, minimizando a importância da colaboração e do trabalho dos argumentistas. Segundo Gaider, "todos os que trabalham sob a direção do realizador não entraram na indústria dos videojogos apenas para receber menos e trabalhar mais - são todos contadores de histórias e adoram jogos. Não são um obstáculo a ser descartado por uma IA submissa".

Gaider também alertou contra a ideia de que a direção é o único aspeto importante no desenvolvimento de jogos, sugerindo que essa mentalidade pode levar a um estilo autoritário de criação. "Uma boa direção e visão de jogo são importantes, mas acreditar que isso é a única coisa importante é a forma de se tornar um autor... e espero que ele saiba melhor do que ver a IA como uma varinha mágica."

Para além de Gaider, Josh Sawyer, diretor de design da Obsidian e criador de Pentiment, expressou o seu descontentamento de uma forma mais subtil, publicando um meme do treinador José Mourinho em resposta às declarações de Druckmann. A reação de Sawyer, embora menos direta, mostra a desaprovação de uma parte importante da comunidade de criadores em relação à visão de Druckmann sobre a IA.

Estas críticas traduzem uma preocupação mais vasta sobre a utilização da IA na indústria dos videojogos. Enquanto alguns veem a tecnologia como uma ferramenta poderosa para a inovação e eficiência, outros receiam que possa desvalorizar o papel dos criativos humanos e transformar o desenvolvimento de jogos num processo menos colaborativo e mais mecanizado.

A controvérsia também realça a necessidade de um diálogo permanente sobre a ética e a aplicação da IA na criação de conteúdos. Embora a tecnologia tenha o potencial de transformar a indústria dos videojogos, é essencial abordar as questões relativas à sua aplicação de uma forma que respeite e valorize o trabalho humano. A discussão entre Druckmann, Gaider e Sawyer é um exemplo evidente da complexa estrutura das dinâmicas em jogo, que serão fundamentais para definir o futuro da narração de histórias e do desenvolvimento de jogos na era da IA.

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