Destiny 2: Warmind - Análise - Melhor, mas insuficiente
Os fãs merecem mais.
Após uma primeira expansão para Destiny 2 que deixou muito a desejar, tanto em história como em conteúdos, a Bungie tinha bastante a provar com Warmind, a segunda expansão e o último conteúdo incluído no Season Pass da sequela. Apesar disto, esta expansão não marca o final para Destiny 2, pelo contrário. É do conhecimento público que a Bungie está a desenvolver uma grande expansão para a segunda metade de 2018, mas para voltar a construir uma imagem positiva da franquia, é necessário que Warmind seja um passo em frente e não um retrocesso aos maus hábitos da Bungie como em The Curse of Osiris.
História mal aproveitada
A nova expansão leva-nos para Hellas Basin em Marte e explora a história de Rasputin, a misteriosa Warmind com a qual já contactamos no primeiro Destiny mas cujas origens, motivos e Modus Operandi ainda não tinham sido explicados. Os fãs de Destiny sabem que o lore e o universo que a Bungie criou é fantástico e que o potencial é imenso, no entanto, a Bungie tem falhado em converter esse potencial em algo palpável. Já o tínhamos dito antes, mas aqui fica mais uma vez: a história de Warmind é extremamente curta, mas mais importante, é mal aproveitada e tem uma construção básica.
Na história conhecemos Ana Bray, uma Guardian que está a tentar encontrar a instalação Clovis Bray em Marte e desvendar os segredos de Rasputin. Depois de respondermos a um pedido de ajuda de Ana e de lutarmos contra hordas de monstros Hive congelados (uma variação dos Hive normais), entramos na base de Rasputin e encontramos imediatamente Zavala. Na mesma cena é introduzido rapidamente Xol, um Worm God da Hive e que é a nova ameaça que temos de derrotar. Tudo acontece sem grande aparato, com transições bruscas, deselegantes e que culminam numa história que, para além de ser curta, não aproveita o lore fantástico de Rasputin e dos Worm Gods (Xol, um deus da Hive que era uma ameaça para Rasputin, é derrotado tão facilmente que até mete dó).
"Culminam numa história que, para além de ser curta, não aproveita o lore fantástico de Rasputin"
Portanto, o que sobra da expansão Warmind para além da história? Felizmente, a região de Hellas Basin em Marte é bem maior e mais interessante do que Mercúrio, e as quests depois do final da história não requerem um grinding tão aborrecido. A área de Hellas Basin é lindíssima, misturando os tons laranjas de Marte com zonas populadas com estruturas de tecnologia altamente desenvolvida. Já Mercúrio era uma zona bonita, apesar do seu tamanho pequeno, e um testemunho à qualidade do departamento artístico da Bungie. Mas a principal razão pela qual Marte é uma melhor zona do que Mercúrio é o novo modo Escalation Protocol.
Escalation Protocol é divertido mas...
O Escalation Protocol é uma derivação de modos do primeiro Destiny como o Court of Oryx e Archon's Forge, a diferença é que tem uma escala maior e é de momento uma das actividades mais desafiantes de Destiny 2. O Escalation Protocol é uma actividade que consiste num confronto de sete rondas contra hordas de inimigos, sendo que no final de cada ronda existe um ou mais bosses para derrotar. É um modo restrito por tempo que requer trabalho de equipa e que eliminem o mais rápido possível os inimigos que aparecem. Embora não seja um modo inovador, é divertido e tem como recompensas armas lendárias com perks que são realmente úteis (ao contrário da maioria das armas do jogo).
O único problema do Escalation Protocol é que Destiny 2 não permite fireteams de seis pessoas em patrulha. As fireteams em patrulha estão limitadas a três pessoas e, sendo este modo um dos mais desafiantes, é extremamente difícil chegar ao fim com apenas três pessoas (embora os jogadores extremamente dedicados tenham conseguido). Obviamente que o modo foi desenhado para que mais equipas se juntem na mesma área e colaborem para concluir o Escalation Protocol, mas como se trata de um modo que requer coordenação e combinação de tácticas para aumentar exponencialmente o dano nos bosses (através de armas como Tractor Cannon e melting point dos Titans), a visão da Bungie para o modo é difícil de ser realizada.
O que acontece na maioria das vezes é uma divisão de jogadores em diferentes fireteams e há depois seguem-se sucessivas tentativas para tentar encontrar essas fireteams no mesmo espaço. Através deste método é possível ter até 9 jogadores conhecidos na mesma área e tem sido este o método que a maioria dos jogadores tem usado para derrotar a última ronda do Escalation Protocol. Esta semana a Bungie já anunciou que reduziu o nível de Power das últimas três rondas, o que facilita a actividade e permite que seja completada com menos jogadores. É uma solução inversa àquilo que seria ideal: manter a dificuldade e permitir que equipas de seis jogadores pudessem entrar em patrulha.
A expansão dura mais, mas ainda há falta de conteúdos
Depois de concluíres a história existem algumas quests para concluir que te vão dar acesso a armas como a Sleeper Simulant, mas feito isto, vais andar a saltar entre as Raids, incluindo a nova Spire of Stars, e o Escalation Protocol. Em termos de conteúdos, a realidade é que Warmind não é uma expansão muito mais rica do que Curse of Osiris. A longevidade é maior simplesmente porque a Bungie atrasou a velocidade com que podemos subir o nível de Power. Ao fazer isto, a Bungie revitalizou todas as actividades do endgame: raids, nightfall e todas as milestones semanais. Por um lado gosto desta nova abordagem que coloca importância nas actividades mais difíceis, mas por outro, é um disfarce para a falta de conteúdos de Warmind.
Warmind trouxe uma nova Raid Lair, assim como Curse of Osiris em Dezembro. Como esperado, a Raid Lair é mais pequena do que a Raid que foi lançada com Destiny 2 em Setembro e está dividida em duas áreas divididas em três fases. A nova Raid Lair é decente, desafiante e traz mecânicas que colocam o foco na coordenação e perfeição. O problema desta Raid Spire of Stars é inerente a todas as Raids lançadas para Destiny 2: não há recompensas aliciantes. A armadura da Raid tem perks que dão algumas vantagens enquanto estamos lá, mas no que diz respeito às armas, a maioria não se aproveita e servem meramente para material de infuse. É por isso que o Escalation Protocol tornou-se rapidamente numa actividade favorita: não só é desafiante como tem armas que realmente fazem a diferença.
Crucible, Exóticas e mais
A expansão também trouxe novos mapas para o Crucible e novas armas e armaduras exóticas. Contam-se pelos dedos de uma mão os mapas de Destiny 2 que realmente são bons para se jogar competitivamente e a maioria dos mapas introduzidos pela Bungie sofrem do mesmo problema: ângulos fechados e demasiados objectos que permitem aos jogadores esconderem-se. Isto aliado à actualização de Março, que tornou os movimentos e a deslocação mais rápida sem reduzir o time-to-kill das armas, cria uma experiência extremamente frustrante em que os adversários estão constantemente a fugir com pouca vida, escondem-se atrás de obstáculos e reaparecem com a vida cheia. É especialmente problemático com os Hunters, indiscutivelmente a melhor classe para o Crucible.
Nas armas e armaduras exóticas, embora existam algumas que sejam realmente novas, a Bungie está a introduzir lentamente, através de expansões pagas, armas e peças de armadura que já existiam no primeiro Destiny A expansão trouxe de facto novas exóticas, como a Huckleberry, mas exóticas como a Suros Regime (cuja skin original só pode ser obtida através da Eververse) e Sleeper Simulant não são novidade. Um ponto positivo, introduzido pela actualização que chegou com a expansão, são os masterworks para as armas exóticas. Nem todas as exóticas têm masterwork, mas finalmente a Bungie parece decidida em tornar as armas exóticas especiais novamente. No entanto, ainda existe muito trabalho pela frente e a maioria das exóticas continuam a deixar a desejar.
Warmind é um pequeno passo em frente
No final, Warmind é um pequeno passo em frente para Destiny 2, mas não conseguimos deixar de ficar desiludidos quando reparamos que a Bungie está a correr atrás do passado e que muito do que foi implementado até agora na sequela, seja através de actualizações ou expansões, já estava presente no primeiro Destiny. A franquia está estagnada no que toca a novidades e a Bungie ainda parece ter problemas em perceber qual é a direcção a seguir. Nos últimos meses registaram-se pequenas melhorias, mas ainda existe imenso trabalho pela frente. Apesar de cometer os mesmos erros do que Curse of Osiris na história e nos conteúdos, Warmind consegue ser melhor graças ao Escalation Protocol e a melhorias no sistema de progressão, que obriga a mais envolvimento e dedicação, e consequentemente aumenta a longevidade (mas como já explicámos, não há assim tantos conteúdos).
"Warmind é um pequeno passo em frente para Destiny 2, mas não conseguimos deixar de ficar desiludidos"
Se queres regressar ou começar a jogar Destiny 2 e não tens o Season Pass, o momento ainda não é o ideal. A Bungie está a planear uma grande expansão para Setembro / Outubro que provavelmente chegará juntamente com uma edição que inclui todos os conteúdos, tal como aconteceu com The Taken King. Para os fãs, a expansão consegue providenciar algumas semanas de diversão, pelo menos até conseguires completar a Raid, Escalation Protocol e alcançares o novo nível máximo de Power. Para todos os efeitos, e apesar das melhorias perante a expansão anterior, Warmind está muito longe de ser a expansão que os fãs de Destiny merecem até porque estão a passar pelo mesmo sofrimento que já passaram no primeiro ano de Destiny 1.