Deus Ex: Human Revolution
"Mãe dás-me um aumento?"
Os humanos já deixaram há muito tempo de viver apenas de si próprios. Não mais somos artífices exclusivos, e as máquinas ou "projetos prótesianos" são agora o nosso mais que tudo, o nosso alter ego ou ajudador em tempos de dificuldade. Imaginem viver sem telemóveis, gadgets, sem TV, rádio, ou até mesmo sem qualquer tipo de artificialidade que temos colocado no nosso corpo. O humano já deixou há muito de ser um simples humano. A projeção do nosso ser é agora nas tecnologias bio-técnicas, na nossa elevação acima do humano natural, puro... terra. A pergunta que fica no ar é, "Precisamos de uma revolução humana?".
Muito podemos comentar e discutir sobre este assunto, mas com o regresso da série Deus Ex, com o subtítulo Human Revolution, a problemática é novamente levantada. O humano só, e apenas só, não é ninguém. O progresso tecnológico e biológico ditou novas leis e regras. Elevou o estado humano a uma condição de sentimento de independência individual, de uma força proveniente da tecnologia, aqui denominada de "Augments", uma extensão do corpo. Podemos dizer até que o humano parece mais não precisar de uma divindade.
Em Deus Ex: Human Revolution somos levados para um ambiente soturno, tecnológico e avançado de uma alterada metrópole futura, a Detroit de 2027, que em tudo cheira e transpira ao estilo cyber-punk. O estúdio da Eidos voltam, passados mais de dez anos, a recorrer a uma temática que é cada vez mais atual, embora descendo no espaço temporal, pois tudo se passa 25 anos antes do primeiro jogo. De realçar que para jogarem este terceiro jogo não precisam de saber nada sobre a série, pois não existe uma história que os ligue.
Se leram as nossas escolhas dos mais desejados para 2011, irão ver que Deus Ex: Human Revolution é para mim um dos mais desejados, mas será que o fogo foi acalmado? Existe um misto de sensações quando se joga algo tão desejado. Muitas vezes temos que ceder à tentação de desculpar certas coisas que estão menos bem conseguidas, ou não tão de acordo com aquilo que teríamos em mente. Felizmente não é o caso de Deus Ex: Human Revolution, que não precisa de nenhuma desculpa.
A versão de antevisão a que tivemos acesso, traz consigo já um bom número de horas de jogo, onde iremos finalizar com a confrontação com um boss. O jogo é um misto de linearidade com um espaço em aberto à exploração. Não permite muitas aventuras, mas deixa de certa forma uma liberdade de escolha, principalmente na forma que queremos encarar cada missão.
No jogo somos Adam Jensen(Nem isto é deixado ao acaso, com rápida ligação a Adão, o primeiro homem), um segurança privado da empresa Sarif Industries, que se dedica à implementação e desenvolvimento dos "Augments". A companhia tem como batuta a melhoria da qualidade de vida, recorrendo aos implantes físicos e neurológicos como fatores decisivos de uma maior esperança de vida. É claro que esta tecnologia de ponta é apetecível para outros meios, como por exemplo o armamento, e como tal esta é uma das suas maiores forças de rentabilidade. É caso para dizer, que com uma mão se tira e com outra se dá.
Esta tecnologia também é desejada por outras forças, ou na melhor das hipóteses, cria rivalidades de concorrência pelo fornecimento do material bélico. Por outro lado, ainda temos aqueles que acham que os humanos deverão ser puros, livres de quaisquer artefactos, sendo estes radicais conhecidos como os Purity First, que terão uma parte significativa no desenrolar do jogo. No meio de tudo isto temos uma civilização rebaixada, pressionada e controlada por grupos de gangues de rua, que também eles lutam entre si e contra as autoridades no controlo dos bairros.
É nesta mistura explosiva que todo o jogo se desenrola. O ambiente é um dos elementos mais importantes no jogo. Tudo está muito bem recriado, fiel ao tema e com muita qualidade. As ruas embora sejam de livre acesso, existem bloqueios "de propósito" para impedir o jogador de percorrer tudo de forma rápida. O uso do mapa localizado no interior dos menus(poderia ser fixo) é de extrema ajuda para podermos nos localizar, apesar que por vezes é algo confuso a sua interpretação, pois apenas contem o mapa da cidade e locais interiores, isto em diversos níveis. O mapa não mostra por exemplo os bloqueios da estrada ou outro tipo de alterações arquitetónicas. Por isso irão andar muitas vezes para um determinado lugar, mostrado no mapa como existindo uma rua, mas que na realidade tem uma pequena cerca que não nos deixa passar.