Devil May Cry 4 Refrain
Apenas para os fanáticos.
A Capcom já conseguiu transportar com sucesso para o iOS dois dos seus melhores jogos nas consolas e PC, sendo eles Resident Evil 4 e Street Fighter 4. Ambos são títulos que apesar de estarem numa plataforma consideravelmente diferente (principalmente devido aos controlos) conseguiram manter tudo aquilo que os tornaram tão populares e com uma qualidade que se pensava ser impossível na plataforma em questão.
Recentemente a Capcom voltou a lançar no iOS outro dos seus títulos mais carismáticos, Devil May May 4. Algo que me preocupou logo após o anúncio foram os controlos. Quem já jogou um título com este nome deverá estar consciente da sua jogabilidade rápida e de reflexos rápidos. Transportar esta característica para a versão iOS não é tarefa fácil, e como tal não seria de esperar que tal coisa acontecesse.
Mas surpreendentemente foi feito um bom trabalho nessa área. Claro que o ritmo do jogo diminui bem como o número de combos, mas o que importa salientar é que essência foi mantida e que enquanto estamos a jogar sentimos que temos em mãos um Devil May Cry.
O esquema de controlos foi divido em quatro botões – um para disparar, outro para golpear com a espada, um terceiro para accionar o devil bringer e por último um botão para saltar. Estes quatro botões permitem basicamente fazer qualquer acção vista na versão para as consolas. E para quem jogou o original, a adaptação é imediata. Não tive qualquer problema em executar combos que já tinha aprendido. Até é possível "dar ao gás" (exceed gauge) na espada de Nero causar mais danos nos ataques. E conforme forem reunindo mais e mais proud souls, mais ataques e habilidades serão desbloqueados.
No resto, Devil May Cry 4 Refrain deixa a desejar. O jogo em si perdeu muita da sua piada porque é extremamente fácil. Os inimigos são autênticos bonecos de porrada que nada fazem para dar algum desafio, é raro tentarem atacar. E mesmo que percam, não irão recomeçar o capítulo de novo ou num checkpoint, começam exactamente no mesmo local onde perderam e com a barra de energia cheia. Nem sequer há consequências para isto, nem mesmo na pontuação obtida no final de cada capítulo.
A história é contada de uma forma muito resumida e recorre a imagens estatísticas para o fazer. Quem não jogou o original irá ter dificuldades em perceber na totalidade. Os 10 capítulos em que jogávamos com o Dante foram cortados, mas mesmo que estivessem presentes, não fariam grande diferença pois consistem em repetir o jogo de trás para a frente (agora é possível jogar com o Dante graças a uma actualização, no entanto os níveis disponíveis são os mesmos).
Os níveis são agora incrivelmente pobres. Foram estruturados numa espécie de labirinto em que têm de avançar de área em área derrotando os respectivos inimigos, o que até é aceitável visto que este é o objectivo do jogo, mas é tão fácil que se torna aborrecido. Quase todo o jogo resume-se a isto. Esta rotina quebra-se com os confrontos com os bosses, que são as únicas partes em que o jogo está fielmente recriado em relação ao original.
Visualmente, não posso dizer que é das coisas mais bonitas que já vi na plataforma, mas cumprem a sua função. A minha queixa é que o jogo aparenta ter uma framerate baixa, o que provoca uma sensação de desagrado, nomeadamente enquanto estamos a combater.
Para aquilo que oferece, o preço de Devil May Cry 4 Refrain é um pouco elevado. Custa agora 3.99 euros, embora no lançamento custasse 1.59 euros devido a uma promoção limitada. Não é um jogo com uma grande longevidade, em cerca de duas horas conseguem terminá-lo. Com a adição de Dante, poderá haver aqueles que queiram terminar uma segunda vez.
Devil May Cry 4 Refrain é uma aquisição apenas para aqueles que são verdadeiros fãs, para os restantes exige um olhar atento. Não é propriamente um jogo mau, mas nota-se que houve algum descuidado em determinadas áreas ao transportar o jogo para o iOS. A sua grande vantagem é que ainda não existe nada nesta plataforma que seja semelhante.