Diablo 4 - um vício dos diabos
Desafios que fazem as horas voar.
Diablo 4 chega mais de 10 anos após o anterior jogo na linha principal da famosa série da Blizzard e consegue, com aparente facilidade, demonstrar o porquê de figurar como uma adorada referência no género "Action RPG Dungeon Crawler" focado no loot e constante perseguição por melhorias para a personagem. É um jogo no qual rapidamente ficas rendido ao ciclo gameplay e à diversão da experiência.
A campanha é um tutorial
A Blizzard apostou numa narrativa que mostrará Santuário na iminência de uma inevitável guerra entre forças sobrenaturais. Ao longo de 5 regiões diferentes terás diversas missões nas quais conhecerás várias personagens e tentarás travar a chegada de Lilith, filha de Mephisto, que tenta tirar proveito dos eventos dos jogos anteriores para governar. A campanha tem bons momentos, mas peca pelo uso da perspetiva gameplay para desenrolar a narrativa. Tens ocasionais cutscenes que conseguem um efeito espetacular, tal é a sua qualidade, mas são poucas e apenas reforçam a ideia que o jogo deixa a desejar quando não as tens.
Seja com um Barbarian, Sorcerer, Druid, Rogue ou Necromancer, terás um elevado nível de personalização ao teu alcance. Seja através do equipamento que equipas ou das habilidades que escolhes, convém ter um elevado nível de cuidado na build que preparas. Existem diversos "buffs" que podes ativar e habilidades que simplificam muitos problemas, mas para isso é preciso prestar atenção e testar coisas diferentes. É fácil pagar para recuperar o ponto de habilidade e investir noutro lado.
Isto é mais do que sabido no que diz respeito à série Diablo, mas continua a ser um prazer testar builds e ver como se encaixam no teu estilo de jogo. Em Diablo 4 optei pela Necromancer e após construir uma build mista sem uma força específica decidi apostar numa build focada nas habilidades de sangue. No entanto, apesar das suas forças, não se adequava ao meu estilo de jogo. Pesquisei opções e descobri uma versão de SKULM focada nas habilidades de Ossos e Diablo 4 tornou-se ainda mais divertido. Esta build Necromancer é focada no uso dos esqueletos e engolem ataques à distância e habilidades que podem fazer a diferença em momentos de aperto.
Após duas tentativas de criar a minha build cansei-me de perder tantas vezes para Duriel e procurei ajuda para obter alternativas. Isto é apenas um exemplo da profundidade de Diablo 4 e como podes transformar por completo o jogo se prestares atenção e investires tempo para aprender a conjugar as diversas habilidades e os "buffs" que ganhas ao melhorar cada uma. Diablo 4 é um jogo que exige tempo e dedicação para recompensar com diversão. Se não tiveres esse tempo, poderá tornar-se colossal e aterrador, mas existem imensas builds que podes copiar e testar para ajudar. A este respeito, poderás sentir um pouco de medo em não jogar tanto tempo quanto outros e que perderás muito se tiveres pouco tempo ou amigos que o joguem. Isso em parte está presente em Diablo 4. Não é tão divertido a solo e exige tempo, mas não me canso de elogiar o quão divertido é.
Quando digo que a campanha é um tutorial não é porque é pequena e a atropelas para chegar ao endgame onde o jogo realmente começa. Eu demorei 27 horas a terminar a campanha e até poderia demorar mais. Digo isto pois é a forma de te preparar para os desafios do World Tier 3 e World Tier 4 (encara isto como níveis de dificuldade onde os inimigos são mais fortes, tens atividades mais difíceis, mas ganhas mais XP e melhor equipamento ou itens). Além disso, a campanha deve ser desfrutada com curiosidade e não em linha reta.
O mundo de Diablo 4 está dividido em regiões e ao completar missões secundárias, libertar zonas, cumprir eventos temporários ou simplesmente derrotar inimigos específicos vai-te dar pontos de renome e existem 5 patamares. Cada patamar dá-te várias recompensas e isto ajuda-te a ganhar benefícios e claro, XP enquanto derrotas os inimigos para lá chegar. Resumidamente, completar missões secundárias, atividades opcionais, masmorras extra (especialmente aquelas com os buffs de classe que podes fundir ao equipamento) e tudo o mais que te desperta a curiosidade deve ser o teu foco, e não as missões de campanha (pelo menos de forma rigorosa em reta).
Endgame
Chegar a nível 50 deve ser o teu foco e não propriamente terminar a campanha. Isso acontecerá com o tempo, especialmente se estiveres a solo, o que se pode tornar ingrato e ocasionalmente aborrecido. O teu foco deve ser participar no máximo possível de atividades de forma o mais eficaz possível a conciliar diversão com o amealhar de XP. Isto significa entrar em masmorras que surgem ao alcançar novas zonas do mapa, descobrir as muitas missões opcionais que expandem o mundo com novas personagens e histórias e adquirir conhecimento sobre as habilidades e buffs para melhor compreensão de todas as mecânicas.
Basicamente, passa tempo a estudar e a desfrutar das aulas antes de pedir o exame. Especialmente porque chegar a nível 50 é quando obtens acesso ao World Tier 3, após terminar a campanha e uma masmorra extra que é bem dura. A partir daqui, tens novas atividades e um ciclo de gameplay diferente, focado em cumprir missões para a árvore dos sussurros e alcançar equipamento ainda melhor. Isto até chegar a nível 75 e alcançar um novo World Tier (dificuldade) mais difícil, mas com melhores recompensas.
Este ciclo progressivo de novas atividades a cada nova dificuldade, desbloqueáveis em níveis específicos da personagem, significam constante vontade de ir mais além, alcançar um novo patamar de Santuário e desfrutar de novas atividades. É aparentemente simples, mas muito genial a forma como alcançam um design coeso e divertido que te dá vontade de jogar constantemente, com a sensação que estás constantemente a progredir para alcançar uma nova missão ou desafio.
A Blizzard apresenta-te novos conteúdos e atividades mais difíceis de forma progressiva, para uma sensação satisfatória que existe sempre algo novo ao alcançar um novo patamar em Dialo 4. O Quadro Paragon transporta-te para um novo nível de personalização da personagem, para construir uma build a teu gosto e com imensas possibilidades, as masmorras Nightmare e Capstone que representam crescente dificuldade e recompensas a condizer, os itens mais poderosos do Codex of Power que obténs ao completar masmorras, e sem esquecer os bosses mais poderosos espalhados pelo mundo, existe imenso para fazer depois da campanha terminar.
A Blizzard não te força a nada, mas vai-te dando indicações do que fazer no ponto em que te encontras, para passo a passo conquistares confiança para subir de dificuldade e sentires essa tal benéfica sensação que há sempre algo novo e empolgante para fazer, mesmo que muitas masmorras sejam cópias umas das outras.
Pequenos problemas não mancham uma elevada competência
Existem pequenos problemas em Diablo 4, como perder progresso devido a erros que ocorrem ocasionalmente, sem esquecer ocasionais quebras nos servidores que te negam o progresso e podem forçar a repetir masmorras. É esperado de um jogo que exige constante ligação à internet, mas ainda assim poderá incomodar. Além disso, existem masmorras que são repetidas diversas vezes, são diferentes, mas a estética é exatamente a mesma, o que poderá causar algum cansaço visual, mas no esquema geral não incomoda muito.
Diablo 4 é um jogo que revela enorme competência em todos os quadrantes por parte da Blizzard, e uma forte compreensão no que um dungeon crawler focado no loot deve ser. A campanha é uma nota de rodapé no panorama geral de Diablo 4, mas prepara-te para as principais mecânicas e para o endgame, onde facilmente darás por ti rendido ao ciclo de gameplay para progredir nas dificuldades e gerir constantemente o maior risco vs. maior recompensa. A profundidade e robustez da gestão e personalização de classes, as atividades e a diversão do gameplay fazem de Diablo 4 um jogo muito especial.
Prós: | Contras: |
|
|