Digital Foundry - Análise à Nintendo SNES Classic mini
O quão perto fica do hardware original?
A NES Mini foi um sucesso, mas deixou espaço para melhorias. Boa para os casuais, afectada por falhas para os experientes, tais como a conversão de vídeo, fios de comandos muito pequenos, atraso no áudio e vários pequenos problemas na emulação. A boa notícia é que a Nintendo melhorou a qualidade da emulação, simulou um conjunto de hardware específico por cartuchos e fez tudo com o mesmo chipset mobile barato usado na anterior. Revela ambição, mas até que ponto fica perto do hardware original?
A SNES é a segunda grande consola caseira da Nintendo e até hoje é vista como casa para um dos melhores alinhamentos de sempre numa consola. Mais do que isso, também apresenta especificações fascinantes. Suporte para maior palete de cor, chip sonoro avançado e funcionalidades adicionais, a SNES ofereceu capacidades que nenhum outro sistema conseguia - mesmo se a sua CPU tivesse pouco poder.
Depois temos o design da consola. A Super Famicom original era linda e o seu design igual ao do modelo Europeu. Na América do Norte, surgiu com uma carcaça diferente que é menos atractiva. A fera púrpura ainda deixa alguma nostalgia mas é difícil negar o quão belos são os modelos Japonês e Europeu. Tal como a NES Mini, a SNES miniatura segue o mesmo modelo de distribuição, os designs correspondem aos dos originais em cada território. Analisámos o modelo Europeu - a carcaça da Super Famicom com versões 60Hz Norte Americanas dos jogos. Sem bordas PAL, sem reduções de velocidade: felizmente a Nintendo livrou-nos do pesadelo 50Hz dos anos 90.
Além da bela carcaça, a SNES mini inclui dois comandos e ambos com cabos maiores - uma melhoria sobre a anterior. Os comandos recriam na perfeição o aspecto e sensação dos originais. Os botões belos e coloridos destacam-se e o d-pad parece perfeito. Tal como na original, os modelos Europeu e Japonês não apresentam os botões X e Y côncavos presente no pad Norte Americano, mas a escolha de cores mais do que compensa isso.
A SNES mini é baseada no mesmo Allwinner R16 system on chip presente na NES mini, a saída HDMI oferece um sinal 720p. A resolução para a maioria dos jogos é equivalente à NES, 256x224. Uma escolha lógica pois 224 linhas convertem-se para 720 linhas com pequenas bordas, mas isto significa que o teu ecrã actual poderá ter de converter a imagem para a resolução 1080p ou 4K nativa, o que poderá aumentar a latência. Lado a lado, a original num CRT espanta pela sua resposta: os ecrãs modernos simplesmente não têm uma resposta tão boa.
No que diz respeito à apresentação do sinal emulado, a SNES mini mantém uma IU muito similar à do anterior, significando que existem três opções: pixel perfect, 4:3 e filtro CRT. Também tens uma opção de arte nas bordas. Muitas bordas não têm mau aspecto e são bem-vindas. Os modos de apresentação também realçam uma das grandes melhorias na SNES mini - melhor conversão.
A opção 4:3 evitar os artefactos de conversão que afectam a NES mini. Está relacionado com a resolução horizontal - num CRT, que não recorrer a uma grelha fixa de pixeis, o aspecto 8:7 é esticado para preencher um ecrã 4:3, resultando em pixeis não quadrados. Num ecrã digital de pixeis fixos, isto produz artefactos ao movimentar a imagem, criando um brilho perceptível. Na SNES mini, a equipa implementou uma subtil funcionalidade de interpolação que preserva os pixeis nítidos mas minimiza o problema no movimento lateral.
O modo pixel perfect usa pixeis quadrados resultando num rácio de aspecto a 8:7. Os jogos não foram feitos para serem jogados assim mas existem argumentos a seu favor - a morph ball em Super Metroid tem um aspecto completamente redondo a 8:7, sendo mais oval a 4:3. O benefício é que não exige interpolação.
Depois temos o filtro CRT, uma oportunidade perdida. A NES mini fez um trabalho razoável, apresenta uma imagem similar à de um CRT, No entanto, na SNES mini, os artefactos desapareceram, algo bom, mas no seu lugar surge uma imagem menos nítida e filtrada. Lado a lado com um CRT, a diferença é enorme: um bom CRT oferece linhas super nítidas com uma subtil quebra de pixeis nas arestas devido à natureza do ecrã. A opção na SNES mini tem um aspecto menos nítido, sem a claridade e precisão de um ecrã CRT.
A inclusão do que parece ser ruído analógico no sinal de vídeo é estranho, mais perceptível em cor sólida - uma anomalia tendo em conta a natureza puramente digital dos componentes internos. Mais surpreendente é que o sinal analógico da consola original não sofre com este problema. A saída de vídeo da SNES mini foi melhorada com o conversor 4:3 superior, mas o ruído no vídeo e filtro CRT mal implementado afastam esta consola da perfeição.
Em termos da autenticidade da emulação, a Nintendo esteve bem aqui. Os visuais estão extremamente fieis ao originais na maioria dos casos e superiores às versões Virtual Consola. Muitos destes jogos continham chips especiais, que exigem mais do programa de emulação. Kirby Super Star e Mario RPG usam o chip Super Accelerator 1 ou SA-1, Mario Kart usa o DSP-1 e vários jogos aqui incluídos fazem uso do chip Super FX. É um feito importante pois a Nintendo evitou emular o Super FX na Virtual Console. Na SNES mini, a Nintendo inclui estes 3 jogos com esta tecnologia. O Star Fox original usa o Super FX, enquanto Yoshi's Island e Star Fox 2 usam o Super FX GSU-2.
A emulação está excelente mas existem curiosidades - tal como na NES mini, alguns efeitos foram minimizados e existem efeitos de maior resolução. A emulação do áudio é sólida e uma melhoria sobre a NES mini, mas ainda não está perfeito. Alguns sons ausentes e subtis diferenças na reprodução de música é algo que notamos - nas colunas certas, consegues ouvir a diferença.
Também existe um pequeno atraso na reprodução do áudio - provavelmente nem vais reparar, mas baseado na análise que fizemos, parece que a SNES mini atrasa a reprodução de som em 3 fotogramas. Latência de 50ms não é um desastre e uma melhoria sobre a NES mini, que sofre com o mesmo problema - mas é curioso existir sequer.
Apesar da SNES mini ser construída com o mesmo software e SO da anterior, os programadores foram mais longe e incluem uma nova funcionalidade. Tal como na NES mini, também tens saves mas agora existe mais uma funcionalidade - rewind. Vai ao ecrã de selecção de saves e usa o botão rewind. Podes usar os botões L e R para te movimentares entre o último minuto de jogo e corrigir um possível erro. É uma boa funcionalidade, tendo em conta o quão difíceis alguns jogos daquela era são.
No geral, a SNES mini não é perfeita, mas existe a sensação que a Nintendo ouviu as críticas e tentou corrigir as principais - e esperamos que isto se faça sentir na Virtual Console da Switch. Pelo menos na escolha dos jogos a Nintendo cumpriu, oferece um conjunto de jogos que realmente demonstra as capacidades técnicas da consola ao longo da sua vida.
Temos jogos a 60Hz ao invés das embaraçosas versões PAL, graças ao uso dos originais NTSC - os jogadores da SNES mini têm Contra 3 ao invés do equivalente Europeu - Super Probotector. Star Fox é Star Fox e não Starwing. O uso do código 60fps também significa que os jogos de corrida correm no rácio de fotogramas máximo - F-Zero está como seria de esperar, tal como Super Mario Kart.
A inclusão de Yoshi's Island, que usa Super FX, demonstra o uso sublime do acelerador de hardware. Conversões e rotação são usados, os objectos 3D integrados no mundo sem interrupções, os inimigos apresentam muitos fotogramas animados e os fundos em paralaxe são incrivelmente ricos e detalhados. Parece um jogo desenhado para a PlayStation ou Sega Saturn, indo além das suas raízes 16-bits.
Este mesmo chip é a fundação de outro grande jogo importante neste lançamento - Star Fox 2. Muito importante. É sabido que Star Fox 2 foi cancelado antes do lançamento, provavelmente devido às consolas 3D mais poderosas e à iminente chegada da N64. Star Fox 2 é um dos jogos mais ambiciosos criados para uma máquina 16-bit, oferecendo complexos ambientes 3D acima de tudo o que o original conseguia. É uma espécie de rogue-like pois enfrentas iminente morte e tens de enfrentar tudo o que te aparece para chegar ao final.
Poderás até percorrer as superfícies de alguns planetas, onde as coisas ficam mesmo impressionantes - podes alternar entre uma Arwing e um mech. Estes mapas podem ser percorridos com liberdade. Temos um uso limitado de texturas, de baixa resolução e distorcidas, mas na mesma impressionante. Quanto mais jogas, mais aprecias a sua ambição - como se fosse um protótipo N64, afectado pelo baixo rácio de fotogramas. É um jogo que em momentos é quase impossível de jogar. Para jogares Star Fox 2, primeiro terás de jogar um nível no original.
O mais fascinante na SNES mini é como alguns jogos se aguentam mesmo nos dias de hoje. Basicamente, esta pequena consola é um emulador dentro de uma carcaça linda, desenhada para oferecer uma adorável e altamente autêntica experiência retro. O que a separa da concorrência é a execução. Não é perfeita, mas comparada com o que companhias como a ATGames estão a fazer ou até a clonar sistemas da Hyperkin, é difícil criticar os resultados. A original com CTR tem melhor aspecto, mas se queres algo mais portátil e amigável do teu ecrã moderno, a SNES mini é uma opção barata e altamente recomendada.