Amazon Fire TV - Análise
Surge um novo concorrente.
Lançada no mês passado nos EUA, a Amazon Fire TV é uma caixa de streaming de media com um forte foco nos jogos. Além de oferecer centenas de jogos Android existentes, jogados com o seu comando personalizado, a Amazon também está a investir fortemente nos seus próprios estúdios para criar exclusivos - tais como o TPS Sev Zero que estava disponível no lançamento. Por $99 a caixa dificilmente irá competir na sala com a PS4 ou a Xbox One mas pelo dinheiro pode oferecer a definitiva experiência Android?
Ainda esperamos pelo lançamento oficial na Europa mas com uma ajuda dos nossos amigos do outro lado do Atlântico conseguimos ter acesso antecipado a um aparelho. Tirado da caixa, recebemos um pequeno quadrado - pouco mais alto que um SSD, adornado com plásticos preto matte por cima e um brilho reservado aos lados. Na a traseira do aparelho temos uma entrada HDMI, ótica, ligação uSB 2.0 e uma entrada Ethernet para os que preferem contornar o WiFi - uma opção viável graças à sua antena interna.
Surpreendentemente pesada, a sua aparência de baixo perfil fica bem praticamente em qualquer sala - o seu aspeto modesto também é acompanhado por um modesto requisito no consumo. Gasta penas 6.25 volts através de um adaptador que está incluído, o aparelho promete jogos a 1080p cortesia das partes mobile poderosas. Isto inclui um processador quad-core 1.7GHz Snapdragon 300 Krait e um chip gráfico Adreno 320 - exagerado para serviços de streaming de vídeo tais como o serviço Instant Video da Amazon ou o Netflix mas eficiente para jogos mobile.
A micro-consola também tem 2GB de RAM; padrão para a mais recente vaga de smartphones e mais do que suficiente para lidar com múltiplas aplicações de baixo perfil. Infelizmente, existem apenas 8GB de espaço internos de armazenamento - uma boa porção deles está reservado para o sistema operativo FireOS 3.0 (a variante da Amazon ao Android 4.2.2). Sem versões de maior capacidade disponíveis, e sem entrada SD, isto deixa-nos com 5.5GB de espaço para apps - um teto que alcançamos regularmente durante estes testes.
O SO lembra muito as suas versões tablet, filmes, TV, aplicações e jogos estão todos divididos num menu principal com estilo. Sem interface por toque, a navegação é menos intuitiva ao tocar nos controlos de quatro direções no centro do comando Bluetooth que acompanha a consola. Pressionar direita para gradualmente navegar por uma seleção de filmes, por exemplo, é um processo mais demorado do que seria um preciso gesto num smartphone. É claro que esta IU precisa ser refrescada na passagem de tablets para caixa, especialmente evidente ao inserir texto.
Felizmente as pesquisas por voz são uma boa alternativa. Tudo o que é preciso é pressionar o botão do microfone no topo do comando e após dois segundos - com maior frequência do que falha - o conteúdo aparece. O único problema é com nomes obscuros tais como filmes em outras línguas mas isto é muito mais conveniente do que inserir letras numa roda incómoda. Ganhar ou perder, o controlo por voz é surpreendentemente hábil, e eficaz o suficiente para merecer ser testado antes de recorrer ao tedioso plano B. Talvez seja uma pena que este método de procura esteja apenas disponível com o menu Amazon e não em apps rivais tais como NetFlix ou em jogos que precisam de texto.
O comando Amazon Fire TV é obrigatório se querem aceder a todo o catálogo de jogos da consola (apesar de podermos confirmar que um comando 360 com fio funciona também). Usa o pad 360 como ponto de partida para o esquema de controlo, até às letras nos botões frontais e faz uso de plásticos matte para produzir uma sensação geral muito sólida. As fraquezas no polimento surgem na forma de uma sensação estilo esponja no d-pad, onde a viagem limitada não oferece real resposta tátil e também um audível som nas ranhuras assim que libertamos os gatilhos. Em termos ergonómicos, o molde do suporte não fica nas mãos de forma confortável quanto o comando 360 - lembrando-nos muito o comando OnLive. Ainda assim, apesar de um aspeto até agrícola, o esforço da Amazon fica entre as melhores tentativas de recriar um design geral que foi afinado continuadamente pela Microsoft e Sony.
Este extra custa-te uns $40 adicionais mas é crucial para jogos como Sev Zero - assim como para oferecer controlos media para recuar, avançar rapidamente e play/pause. É pena não haver alternativa ao uso de pilhas mas na prática não tivemos que as trocar durante 30 horas de testes.
"Mesmo nas definições low Dead Trigger 2 facilmente bate o primeiro esforço interno da Amazon, o Sev Zero, em termos de performance."
Também vale a pena dizer que este é o teu único ponto de contacto com a maioria dos jogos e ligar um rato à entrada USB simplesmente não funciona. É uma oportunidade perdida que poderia aumentar a compatibilidade em apps apenas compatíveis com o toque, pois um cursor a flutuar poderia ser um bom substituto para os controlos táteis. Entretanto, podem ligar teclados à consola mas apenas são reconhecidos para inserir texto; os botões não funcionam na IU principal e jogos.
Então e os jogos? Apesar do seu investimento no seu próprio estúdio de jogos, o Sev Zero é o único exclusivo da Amazon no lançamento - um jogo de ação na terceira pessoa que te permite adicionar e melhorar as defesas ao passar para uma perspetiva aérea. Ao contrário dos muitos títulos Android já disponíveis, ser um jogo interno dá-lhe a oportunidade única de jogar com as forças do equipamento. Infelizmente esta oportunidade foi completamente desperdiçada a nível técnico. Os níveis de performance são inconsistentes pois parece que procura os 60fps mas flutuações entre 30-40fps dominam o decorrer do jogo. Também não tem o impacto visual para compensar este esforço, sofre com animações de corrida desajeitadas, design de inimigos e arenas aborrecidos e uma resolução interna fixa nos 1280x720 sem anti-aliasing. Sev Zero é bem desanimador no seu uso do equipamento e não é exatamente o melhor esforço na estreia de um estúdio emergente que quer criar impacto num mercado altamente competitivo.
Dead Trigger 2 prova que este não tem que ser o caso. Baseado no motor Unity, mesmo nas definições low está entre os jogos com melhor aspeto na Fire TV e bate facilmente o esforço da Amazon. Na qualidade gráfica high temos 30fps fixos e o jogo a correr a 1920x1080 - apesar dos problemas com o ritmo de fotogramas significarem que os movimentos rápidos da câmara sentem-se longe de fluídos. A anti-aliasing também está completamente ausente aqui mas o volume de inimigos, o uso de iluminação brilhante e interiores detalhados faz com que se destaque a nível visual. Também é controlado de forma impecável pelo comando Amazon - um pequeno aborrecimento é que precisamos modificar manualmente todos os botões na primeira vez que jogamos.
Outro jogo com bom aspeto é Asphalt 8. Ostentando lindos designs citadinos, o jogo é comprometido por uma performance inconsistente - fixo a 30fps com os gráficos em "very low" e ainda assim sofre com quedas para 25fps. Isto a correr a 1728x972 (trabalhando a 81% da passagem de pixeis de 1080p) onde a falta de AA gera perceptível aliasing consoante corres pelas ruas de Tóquio cheias de néon. Isto é suavizado pelo brilho da iluminação e efeitos pós-processamento adicionados na definição high; o único problema aqui é que o jogo corre continuadamente a 20fps. Tal como Dead Trigger 2 o problema do ritmo dos fotogramas faz das suas aqui, criando a impressão de um rácio de fotogramas muito menor mesmo quando se aguenta nos 30fps.
"Título Android a 3D exigentes causam problemas à Fire TV, o ritmo do rácio de fotogramas é o maior problema, produzindo gameplay inconsistente."
Em seguida temos Deus Ex: The Fall, um jogo a 1080p segundo os nossos testes e que novamente não tem o tão preciso manto da AA. O suporte para o comando é altamente apreciado na hora de apontar e movimentar ao mesmo tempo mas com a performance na ordem dos 20-30fps é dificilmente a experiência mais suave. Mesmo quando temos 30fps fixos em cutscenes ainda existe o mesmo feio problema no ritmo de fotogramas - vemos uma latência de 130ms com o ritmo dos fotogramas nos seus momentos mais duros. O jogo também é afetado por estranhas animações de personagem, horríveis vozes e um efeito de aumento de cor que causa óbvia unificação das texturas.
Tirando uma pausa dos shooters, The Walking Dead: Season 1 corre a 1280x720 por pré-definição, 60fps são o alvo. Tal como Sev Zero, tem dificuldades para chegar a este nível de performance durante os eventos quick-time que representam a maior parte da experiência, baixando para 30fps durante cortes rápidos da câmara. Com toda a justiça, como aventura point-and-click isto não estraga o jogo e os visuais ao estilo banda desenhada traduzem-se de bela forma para o grande ecrã.
O último jogo que testamos é Minecraft Pocket Edition, que pelo menos coloca a Amazon Fire TV a bombear 1920x1080 sem penalidades na performance. Esta versão mobile simplificada força um limite artificial no tamanho do mapa mas o apelo principal é adaptado de bela forma para a sala de estar a perfeitos 60fps. É talvez uma pena que uma consola com estas especificações não tenha recebido a mesma atenção que a futura versão Vita - uma consola menos poderosa mas tratada com algo perto da experiência PC sem limitações.
Após jogar estes jogos, torna-se aparente que a maioria dos jogos Android ainda não está disponível na pequena loja da Amazon. Não temos jogos como XCOM, Real Racing 3, e o excelente Ikaruga, todos eles seriam candidatos perfeitos para a visão de consola na sala de estar da Amazon e poderiam dar-nos um melhor olhar sobre o potencial da consolal.
"Em termos de poder em bruto, o 3DMark sugere que a Fire TV não está muito longe da Madcarz Mojo e Nvidia Shield que são muito mais caras."
Na hora de realizar testes ao equipamento, isto torna as coisas complicadas pois nem o GFXBench e nem o 3DMark estão oficialmente disponíveis - forçando-nos a entrar no obscuro mundo das apps em segundo plano. Ativando o ADB Debugging no menu da Fire TV, o processo no PC é complicado pois envolve instalar pacotes de ficheiros usando o Android Debug Bridge numa rede partilhada através de linhas de comando. É revelador que, após o instalar com sucesso na Fire TV, correr versões GFXBench 3.1 resulte num intransponível ecrã principal que exige comandos táteis. Sem forma de interagir, voltamos ao 3DMark para ter uma ideia do poder do aparelho.
Resultados comparáveis no Ice Storm do 3DMark são reveladores. Tais como a Mad Catz's Mojo e a Nvidia Shield, o teste 720p padrão dá-nos um resultado maximizado. Puxar ainda mais com a definição 1080p ilimitada dá-nos um resultado final de 10729 - ficando aquém dos números 11237 e 11476 conseguidos pela Mojo e Shield, respetivamente, Isto mostra a força gráfica da Fire TV, onde tal como em qualquer lançamento de uma consola o verdadeiro potencial da mesma ainda está por alcançar. Que uma consola tão barata consiga chegar tão perto das rivais com preços até £180 também é espantoso.
A experiência de streaming de vídeo também é algo que merece ser abordada; dependendo da tua largura de banda, o Amazon Instant Video oferece streams de vídeo em alta qualidade com tempos de espera altamente reduzidos. O novo algoritmo ASAP ajuda ao transferir de forma inteligente o conteúdo em fundo segundo os teus hábitos de visualização. Por exemplo, se uma série é vista regularmente, os futuros episódios são guardados na memória antecipadamente - evitando a necessidade de transferir todo o vídeo ao ser selecionado. Também notamos uma acentuada redução nestas velocidades de transferência ao passar primeiro pela página de descrição de um filme, deixando o vídeo começar depois.
Curioso é que os rivais da Amazon também entram na festa. O Netflix está prontamente disponível na loja, e os utilizadores na América do Norte têm acesso ao Hulu Plus e Crackle. No entanto, estes não têm funcionalidades integrais tais como pesquisa por voz e ASAP, cada uma corre nos seus próprios centros enquanto a loja da Amazon domina a frente.
"Reconhecimento de voz é um surpreendente ponto alto para tirar o máximo proveito da nova Fire TV."
Amazon Fire TV - veredito Digital Foundry
Como uma primeira tentativa num produto de media tudo em um, a micro-consola Fire TV da Amazon está muito bem posicionada tendo em conta o preço de $99. Fisicamente, o aparelho apresenta um design discreto e os seus componentes são mais do que capazes para gerir serviços de streaming de vídeo - com uma boa funcionalidade de reconhecimento de voz que ajuda a encontrar o conteúdo que procuras. A montra do FireOS 3.0 também opera de forma suave e é na sua maioria fácil de navegar com o controlo remoto, apesar do leque de aplicações infelizmente ser muito restrito comparado com outros aparelhos Android.
Nos jogos desaponta. Apesar de oferecer um robusto comando ao estilo do da 360 por um pequeno extra, esta falta de seleção torna a Fire TV pouco atraente como caixa de jogos Android. A performance também é parte do problema: no que diz respeito a jogar jogos a 1080p a consola simplesmente não consegue sequer 30fps suaves na maioria dos casos. Dead Trigger 2 fica mais perto quando fixo a 30fps mas tal como Asphalt 8 e Deus Ex: The Fall vemos que os problemas no ritmo de fotogramas causam indesejados soluços em movimento. Não é uma experiência agradável, e na altura da escrita, simplesmente nem vale a pena se jogos com qualidade é a tua prioridade sobre os outros aspetos media do pacote.
O primeiro título da Amazon, Sev Zero, não salva o dia com os seus efeitos nada exigentes, performance altamente variável e imagem a 720p que provam estar longe de material de destaque. Ao invés disso é Minecraft Pocket Edition que é o mais perto de salvação que a consola tem - um recreio criativo adaptado sem falhas para o comando a 1080p60. É pena que o exclusivo da Amazon não use as forças evidentes nos testes sintéticos, especialmente tendo em conta que jogos como Dead Trigger 2 o batem em termos visuais e aparece numa multiplicidade de outros aparelhos. Existe esperança, o teaser da Amazon mostra mais títulos internos que podem fazer com que esta consola se destaque num mercado já muito preenchido.