Análise tecnológica: Dead Nation: Apocalypse Edition na PS4
Para arrasar ou para encher?
Entre o sucesso dos relançamentos em HD na geração anterior e a necessidade de povoar a Instant Game Collection disponível para os membros PlayStation Plus, a Sony certamente tem muitos incentivos para revisitar o seu catálogo. Já vimos versões PS4 de flOwer, Sound Shapes, e Escape Plan no - ou perto- lançamento mas a maioria destes jogos focaram-se primeiro na qualidade de imagem e melhorias na performance. Não é frequente estes jogos receberem mudanças significativas nos seus bens principais, mas parece que o pessoal do Climax Studios não ficou contente com uma conversão direta no seu mais recente projeto.
Dead Nation já era um jogo PSN atrativo na PS3 graças aos feiticeiros no Housemarque. Tem um robusto motor de iluminação, enorme número de zombies no ecrã e um rácio de fotogramas sólido, o jogo já tinha um aspeto e jogabilidade bons. Era sabido desde o início que Dead Nation: Apocalypse Edition iria oferecer todos os conteúdos lançados para o original portanto foi uma agradável surpresa quando descobrimos algumas mudanças bem significantes nos visuais.
Desde logo, vemos um esperado aumento na resolução de 1280x720 na PlayStation 3 para completa 1920x1080 na sucessora. Como um jogo focado na gameplay distante em perspetiva aérea o aumento na resolução tem uma recompensa genuína através de uma maior visibilidade sobre a ação. O anti-aliasing está a cargo de uma solução FXAA personalizada e oferece uma imagem mais nítida do que a maioria as implementações pós-processamento. Mais impressionante é que áreas tradicionalmente difíceis, tais como cercas de arame e outros objetos igualmente finos, receberam uma excelente cobertura que produz resultados mais em linha com o que esperarias de um PC. É interessante que o filtro aniso-trópico esteja ausente do jogo - ao contrário de outros jogos PS4 recentes - mas sendo justos, a sua ausência apenas se torna visível ao ir contra a parede e não é um grande prejuízo para a qualidade de imagem aqui.
Indo além do aumento na resolução, o Climax passou o original a pente fino para criar mudanças perceptíveis nos bens do jogo. Apesar da geometria básica continuar igual, a maioria das texturas foram melhoradas e redesenhadas numa resolução muito maior. Desde o início que vais notar nas fachadas dos edifícios altamente detalhadas, no forte detalhe das superfícies sujas, e pequenos pormenores decorados de forma mais luxuosa. Comparativamente, a versão PS3 parece bem mais esborratada quase como se as texturas nem tivessem sido completamente carregadas. Talvez mais importante, cada uma destas mudanças consegue melhorar a qualidade visual geral e mantêm-se fieis à original direção artística.
"À superfície, pode parecer como uma conversão em maior resolução do original PS3, mas um olhar mais aprofundado revela muitas melhorias visuais na PlayStation 4."
Luz e sombra são outros elementos cruciais de qualquer experiência de terror e ficamos contentes por vermos melhorias nesta frente. As sombras são agora geradas numa resolução muito maior e a penumbra que daí resulta está na sua maioria livre de artefatos. Vendo mais de perto, existem evidências que o Climax implementou sombras endurecidas pelo contacto, desenhadas para difundir suavemente arestas de sombras consoante são projetadas pela superfície. O resultado final são sombras limpas, livres de artefactos, que combinam bem com o resto do cenário. Graças ao posicionamento da câmara os jogadores recebem sombras bem projetadas que dançam pelo ecrã.
Efeitos e iluminação volumétrica também receberam um perceptível aumento na precisão. Estes efeitos são usados em todo o jogo para representar o jogador através do cone da lanterna e para melhorar a atmosfera. Cone da lanterna, faróis, e nevoeiro todos parecem muito mais volumosos e definidos na PS4 como resultado disto. Fontes de luz dinâmica também produzem volumes de sombras ao passar em frente de objetos sólidos, ainda mais acentuado quando rodeado por nevoeiro. Adicionalmente, o efeito de serra observado em redor de personagens em movimento na PS3 foi completamente eliminado aqui.
Efeitos alfa também eram gerados com uma precisão menor na PS3 resultando em explosões e nuvens de fumo ligeiramente mais espessas. A versão PS4 apresenta estes efeitos numa resolução muito maior juntamente com adicionais mudanças na arte. Colunas de fumo, grandes explosões, e nuvens de pó foram atualizadas com efeitos mais complexos e detalhados. Não existem falhas de pirotecnia em Dead Nation e as mudanças têm um impacto distinto na intensidade destes efeitos.
Outras mudanças focam-se na criação de uma imagem mais consistente através da eliminação de artefactos na renderização. O ambiente em Dead Nation é sujo e escuro, tal como deveria ser, quase ao ponto de por vezes cansar, mas as mudanças feitas na composição da imagem definitivamente ajuda a dar mais vida ao jogo. Os objetos sentem-se agora mais firmes graças à inclusão de SSA enquanto reflexos surpreendentemente subtis permitem superfícies molhadas mais realistas. O lixo que preenchia as ruas do original espalha-se agora pelas ruas num volume muito maior. A chuva e outros efeitos ambientais também têm uma densidade e qualidade maior.
Se existe um aspeto dos visuais com o qual ficamos desapontados foi com o rácio de fotogramas. Dead Nation já corria a 30fps estáveis na PS4 e, infelizmente, não foram feitas mudanças para a PS4. Apesar de ser verdade que o movimento relativamente lento da câmara prevenir que isto se torne num problema de jogabilidade não existem dúvidas que o jogo teriam ficado muito melhor com o dobro do rácio de fotogramas. Na PS3 era fácil presumir que o forte recurso à iluminação dinâmica tornou quase impossível chegar aos 60fps, mas certamente teria sido agradável ver um rácio de fotogramas maior aqui e ficamos a pensar porque é que isto não foi possível tendo em conta os luxuosos recursos GPU da PS4.
Felizmente, apesar desta limitação, a performance nunca falha. Não importa quantos zombies e efeitos preenchem o ecrã, o jogo mantém a sua atualização a 30fps a todo o tempo, o que é fulcral. Mesmo no multi cooperativo, o rácio de fotogramas continua firme sem sequer soluçar. O que não é claro é se esta limitação é resultado de um problema com o legado ou se simplesmente não tiveram tempo para o otimizar para um rácio de fotogramas maior. O Housemarque parece, no geral, dedicado aos 60fps portanto apenas podemos esperar que o seu próximo projeto consiga chegar lá.
"A performance é sólida - mas a versão PS4 apenas consegue igualar a atualização a 30fps do original ao invés de chegar aos mágicos 60fps."
Infelizmente, apesar das suas sólidas fundações técnicas, o lançamento mostrou-se instável para muitos jogadores. Apesar de não encontrarmos problemas durante a campanha a solo, quaisquer funcionalidades que precisem de acesso à rede eram dadas a dificuldades. O jogo por vezes empanca ao tentar atualizar as tabelas de pontuações enquanto para outros jogadores o save ficava corrompido após o jogo congelar.
Mais ainda, jogar online é instável especialmente ao tentar entrar na sala de um amigo. Mesmo após um nível bem sucedido era comum para um de nós sair do jogo e surgir um estranho no lugar. Por último, a nossa experiência com a opção Broadcast+, que dá aos utilizadores a possibilidade de influenciar a dificuldade do jogo para quem joga, não tinha som. Sendo o jogo gratuito de Março para o PlayStation Plus podemos presumir que os servidores receberam mais tráfego do que antecipado. Felizmente, o Housemarque confirmou no Twitter que pelo menos estão a par do problema e a investigar uma solução.
Dead Nation: Apocalypse Edition: veredito Digital Foundry
Dead Nation: Apocalypse Edition representa um sólido shooter twin stick que incorpora o original com todos os conteúdos adicionais disponíveis desde o início. Apesar da falta dos 60fps ser certamente lamentável, o resto do trabalho feito nesta conversão oferece vantagens bem significativas sobre o original. Maior detalhe nas texturas, sombras e iluminação refinados, e efeitos de maior resolução ajudam a produzir um mundo mais nítido e mais sujo. É claro que foi colocado muito trabalho para assegurar que estava à altura dos padrões PS4. No entanto, apesar de ser oferecido como gratuito para o PlayStation Plus, a falta de suporte cross-Buy para os donos do original é de lamentar.
É pena que o lançamento inicial tenha sido afetado por tantos problemas na conectividade e com o potencial para corromper saves. Pelo menos estes problemas foram reconhecidos pela equipa de desenvolvimento portanto podemos esperar por uma potencial correção nas próximas semanas. Por enquanto, vale a pena ser transferido - especialmente para os que ainda não o jogaram. O facto de estar completamente grátis para membros PlayStation Plus é apenas a cereja no topo do bolo.