Confronto: God of War Collection na PlayStation Vita
Gerido com cuidado?
Os dois primeiros God of War estão entre os mais espectaculares jogos PS2 - grandes feitos técnicos nos últimos anos da consola, ambos merecedores de um salto para HD através das excelentes remasterizações PS3 do Bluepoint Games. Já a Vita tem recebido uma história mista de conversões PS2, Metal Gear Solid 2 e 3 sofreram um impacto visual devido a resoluções sub-nativas, e a Jak and Daxter trilogy corria em níveis baixos de performance. Então o que se passa com a God of War Collection na Vita?
Estando o Bluepoint ocupado com outras coisas, o Sanzaru Games encarrega-se dos trabalhos e é desde logo claro que estamos perante algo sub-nativo. Tal como nos principais lançamentos na plataforma, ambos os jogos correm a 720x408 antes da resolução ser convertida para as dimensões de 960x544 do ecrã. O resultado é algo mais desfocado e esborratado do que esperávamos, ainda mais afetado pela palete de cores em tons acinzentados e acastanhados. Visualmente, vale a pena dizer desde já que quase tudo em termos de texturas, geometria e iluminação vem das edições caseiras - mas este corte na qualidade de imagem afeta o nosso apreciar desse facto.
Outra grande desilusão é a gestão das cutscenes pré-renderizadas usadas frequentemente, onde o Sanzaru parece ter cortado de forma significativa os bens originais (espremendo ambos os jogos para uma mera transferência de 3.3GB). Esta redução resume-se a forte compressão no áudio e vídeo na Vita, resultando em diálogo abafado e feios artefactos de bloqueio macro nas cutscenes.
No entanto, mais espantoso é o uso de espessas barreiras pretas para enquadrar estas cutscenes. Correm a 796x506, significando que a história frequentemente se desenrola numa janela muito mais pequena do que no gameplay. Transições para e do gameplay são muito feias, a coleção não parece ter um acabamento de qualidade. Em muitas remasterizações HD, converter bens 4:3 pré-renderizados em definição normal para 16:9 HD é um enorme desafio. É provavelmente o elemento mais fraco no trabalho do Bluepoint na PS3 mas mesmo com a vantagem de trabalhar num ecrã mais pequeno, o Sanzaru falha por completo.
"Os bens do GOW original são usados na Vita virtualmente sem arranhões mas a experiência central desaponta comparada com os jogos PS2, quanto mais com as remasterizações PS3."
Mas como se comparam os visuais com as outras versões? Para igualar as três, capturamos a versão PS2 via HDMI usando uma PS3 retro-compatível e escolhemos os modos de leitura progressiva e ecrã panorâmico do jogo. A versão Vita por padrão passa para o esquema de ecrã panorâmico cortado da PS2 - infelizmente cortando o topo e fundo para a imagem 4:3 original e esticando os elementos da IU para encaixar no rácio de aspeto 16:9. Isto foi uma crítica na PS3 e na Vita não vemos melhoria. Ainda assim, com este esquema fomos capazes de construir um vídeo de comparação em três formatos e uma galeria de comparação com 46 imagens.
Olhando além do impacto na qualidade de imagem na Vita, os bens in-game são praticamente iguais aos das versões caseiras. Espantosamente aproximados, até à opacidade das sombras dinâmicas dos personagens ou as texturas nos mapas de detalhes nos bosses ao perto. A PS3 tem a seu favor o forte uso de brilho na iluminação em redor de sombras, apesar de ser um pequeno ajuste e o modelo de iluminação é de resto convertido na perfeição para a Vita.
Uma diferença no filtro de texturas também divide as três, a pura ausência dele na PS2 causa um tremor visual nas texturas distantes e isto distrai. A Vita corrige bem isto, tem estradas de tijolo mais suaves à custa de um esborratado no chão após certo ponto. Felizmente isto é mitigado pelas dimensões mais pequenas do ecrã da Vita e apenas se nota quando a imagem é aumentada para comparação com a PS3.
Pegando na abertura com o Colosso em GOW2, vemos o quão bem foram convertidas as peças pré-programadas para a Vita. Eventos Quick-time são bem geridos pelo motor, como seria de esperar, todas as facetas da geometria do jogo, animação e efeitos aguentam-se fielmente comparados às versões caseiras. Tem bom aspeto para uma versão portátil mas esta determinação para alcançar paridade visual é paga na performance.
Desapareceu o alvo de 60fps das versões PS2 e PS3, no seu lugar temos mudanças entre 20-30fps em todo o jogo. Está completamente v-synced ao contrário do jogo PS2 mas longe de operar no alcance habitual da série - e muito longe dos 40-60fps dos originais. A resposta a cada botão é lenta, especialmente quando existem perspetivas distantes de um cenário ou quando o ecrã fica repleto de inimigos. Como tal, isto contabiliza como a maior fraqueza da versão Vita e com quedas para 18fps é impossível ver isto como a forma ideal de jogar qualquer um dos jogos.
Tudo isto é uma pena pois o esquema de controlo na Vita é de resto um par perfeito. São feitos esforços para acomodar os controlos táteis, ativamos habilidades ao tocar no ecrã e o painel traseiro é usado para compensar os botões L2 e R2. É muito fácil ativar por acidente um save point desta forma caso os dedos embarrem na parte de trás mas no geral é uma boa forma de contornar para abrir baús ou portas.
"Fora a resolução, os visuais in-game aguentam-se na sua maioria comparados com os da PS3 mas aparentemente à custa do gameplay."
Análise alternativa:
God of War Collection Vita: veredito Digital Foundry
Os que esperam uma remasterização HD nas linhas da excelente God of War Collection PS3 vão claramente ficar desiludidos. A resolução aumenta apenas 28% sobre a dos originais e apesar de haverem melhorias na qualidade de imagem, a conclusão geral é que o código original PS2 é melhor jogo no todo.
Comparado com as remasterizações 720p60 PS3 do Bluepoint Games, a queda na qualidade é alarmante (algo que podes testar facilmente - a versão digital é Cross-Buy, significando que ao comprares a versão Vita recebes a versão PS3). O uso da resolução sub-nativa significa que temos uma apresentação esborratada com conversão de resolução durante gameplay. Cutscenes pré-concebidas também sofrem imenso na qualidade comparadas até com o jogo PS2, a forte compressão de vídeo e o uso de barreiras pelo todo torna óbvias as cenas geradas com o motor.
Mas a maior desilusão é a performance. Apesar de completamente v-sync, temos uma corrente a constantes 20-30fps - por vezes menor - muito distante dos suaves 60fps na PS3 com um claro impacto na experiência de jogo. Fora o estranho erro aqui e ali, os visuais são iguais aos das outras versões mas isto teve prioridade sobre o gameplay. O resultado final é que God of War Collection na Vita talvez valha a pena se fores um fã acérrimo que procura algo para a portátil mas esses mesmos jogadores vão ficar desanimados com a falta de brilho das conversões.