Confronto de Nova Geração: The Lego Movie
Blockbuster.
Com a chegada de Marvel Super Heroes à PS4 e Xbox One, ficou claro que o Traveller's Tales decidiu largar o esquema suave e de baixa latência a 60fps dos jogos PS2 em prol de uma atualização 30fps menos exigente, usando os ciclos GPU que poupou para aumentar dramaticamente o nível de efeitos. Lançado há alguns meses, não é particularmente surpreendente ver que The Lego Movie não se desvia do percurso estabelecido pelos anteriores, e está construído sobre as mesmas fundações de renderização - iluminação, shaders, e efeitos pós-processamento têm todos preferência sobre correr a altos rácios de fotogramas, e como vimos antes, os resultados são espetaculares, oferecendo uma sensação cinematográfica aos procedimentos que melhoram os momentos mais excitantes do jogo.
Indo para os aspetos técnicos, a apresentação é nativa a 1080p na PS4 e XO, ambas as consolas oferecem uma experiência gráfica quase idêntica - toda a arte e efeitos parecem iguais, até ao uso de sombras de baixa resolução e a forma como o campo de profundidade ajuda a suavizar arestas em partes distantes dos cenários. A qualidade de imagem cresce um pouco aqui comparada com o anterior, mas apenas uma melhoria ligeira: anti-aliasing pós-processamento é usado nas duas consolas, a PS4 recebe uma versão ligeiramente melhor do efeito. Em movimento isto não nos leva para uma imagem visivelmente mais suave, o pixel-crawl e brilho em estruturas delicadamente detalhadas e superfícies brilhantes em ambos os formatos.
Além da inclusão de AA, outras melhorias são poucas. Mapas ambientais de baixa resolução são usados em ambas as plataformas - que refletem objetos e iluminação no seu arredor por superfícies brilhantes - agora têm um aspeto difuso suave em The Lego Movie, eliminando por completo a aparência pixelizada presente no anterior. Além disso, outras diferenças são mais artísticas, tais como o maior uso de cenário modelado para parecer como uma coleção de tijolos Lego cuidadosamente encaixados. Cidades completas, desfiladeiros, grutas, e até vários efeitos (fumo, fogo, e água) todos parecem construídos de centenas de tijolos e peças, e isto é fantástico para vender o mundo colorido e imaginativo dos brinquedos no ecrã da TV.
O mesmo nível de atenção ao detalhe na arte principal é transportado para o PC, onde vemos que o detalhe das texturas, filtros, e qualidade de sombras são todos iguais aos das versões de consola. AA pós-processamento também é usada no PC, apesar da cobertura ser aceitável no mínimo, ao ponto de muitas arestas ficarem completamente intocadas pelo efeito, resultando em mais jaggies e brilho que nas consolas. A seu favor, os efeitos pós-processamento - tais como campo de profundidade - parecem ter menos impacto na implementação AA do PC em objetos mais próximos da câmara, portanto temos uma imagem ligeiramente mais nítida como resultado.
"Apesar dos jogos Xbox One e PS4 serem essencialmente permutáveis, é na verdade a versão PC que sofre mais em termos de qualidade de imagem."
Comparações alternativas:
Como nos anteriores jogos Lego, o menu de definições de vídeo é extremamente limitado, portanto melhorias na qualidade de imagem e vários outros parâmetros têm que ser feitos usando o painel de controlo da gráfica, ou editando o ficheiro .ini do jogo. The Lego Movie dá-nos a capacidade de mexer na resolução, rácio de refrescamento, rácio de aspeto, qualidade de textura e luminosidade. Curiosamente, o rácio de refrescamento está listado duas vezes, e para nós ambas as opções são idênticas. Esta definição age como um limitador para o rácio de fotogramas, mas não há v-sync, portanto existe potencial para tearing. Outra falha é que a opção para ajustar as definições de vídeo apenas aparece no menu de pausa após começares a jogar. Isto dá a sensação que a versão PC não recebeu tanto cuidado e atenção quanto deveria, as funcionalidades básicas esperadas de um jogo PC ou estão implementadas de forma pobre ou estão completamente ausentes.
Esta falta de refinamento também se estende à forma como certos efeitos visuais são gerados comparado com os jogos de consola, alguns erros estranhos fazem com que funcionalidades gráficas específicas sejam apresentadas de forma incorreta - ou nem sequer o são - em muitas cenas. O modelo de iluminação em particular apresenta algumas anomalias interessantes. Muito do tempo parece que a iluminação simplesmente sangra pelos objetos sem a devida oclusão, causando uma falta de sombra em áreas situadas fora de luz solar direta. Os reflexos também parece ser um caso de acerta ou falha, contendo detalhes dos mapas ambientais simplificados ou até ausentes, talvez devido à errónea implementação da iluminação.
Em outras áreas temos blur de câmara e objeto a operar com uma intensidade altamente reduzida no PC, enquanto mapas ambientais de baixa resolução não têm o aspeto suave e difuso visto nas consolas, estes elementos parecem mais quadrados em comparação. Screen-space ambient occlusion (SSAO) parece presente em todas as três versões, mas a implementação está completamente quebrada no PC, a vasta maioria das superfícies não tem cobertura sequer.
Então, de uma perspetiva visual temos algo misto no PC, alguns problemas na renderização resultam num jogo que não parece tão polido quanto nas consolas. No entanto, é claro que a versão PC tem uma vantagem significativa sobre as consolas. É possível correr The Lego Movie em rácios de fotogramas muito maiores que nas consolas, e alcançar 60fps quase consistentes apenas precisa de um equipamento modesto. O nosso Core i5 com uma GTX 680 ofereceu 60fps sólidos 90% do tempo, e baseado nos nossos testes com o novo DFPC e Lego Marvel, um nível similar de performance deve ser possível com uma configuração mais barata.
O impacto de correr com o dobro do rácio de fotogramas das consolas é claro desde logo: sentimos que os comandos têm melhor resposta enquanto movimentar a câmara e momentos rápidos parecem mais suaves. As coisas não são perfeitas e frequentemente vemos trepidação durante cutscenes e partes com mais ação, causado por momentos curtos de horrível screen-tear. Atualmente, o menu de definições de vídeo está um pouco desfalcado, a opção v-sync ausente - sendo necessário o utilizador aceder ao painel de controlo da gráfica para a forçar. Acima disso, o limitador de rácio de fotogramas não funciona inteiramente como desejado: quando o tearing se manifesta no ecrã frequentemente descobrimos que não existe informação comum entre fotogramas, o que sugere que o jogo por vezes corre acima de 60fps, apesar do bloqueio.
Apesar de correr a 60fps ter os seus óbvios benefícios para reduzir a latência e oferecer a apresentação o mais suave possível num ecrã 60Hz padrão, em termos históricos os jogos Lego sempre foram muito tolerantes à latência em termos de gameplay, e isto é algo que não mudou em The Lego Movie. A ação é muito misericordiosa, sem qualquer penalidade para morrer, e isto reduz a necessidade para reações rápidas ou timing preciso. Ter diversão a resolver quebra-cabeças, recolher itens e novos personagens, e conhecer os vários cenários presentes é o objetivo principal do design aqui, ao invés de dar aos jogadores momentos intensos.
"Existem algumas surpresas em termos de performance nas consolas - tal como Lego Marvel estamos perante 30fps fixos."
A situação beneficia as versões de consola, que correm a 30fps ao invés dos super-suaves 60fps tão facilmente obtidos no PC. Apesar dos controlos se sentirem mais pesados, isto tem pouco impacto no nível de dificuldade. Demos por nós a martelar os botões um pouco mais do que o normal nos combates, mas de resto não tivemos qualquer problema a saltar ou a executar todas as funções que nos foram pedidas enquanto jogávamos. Ambas as consolas oferecem uma apresentação sólida a 30fps que raramente se desvia do alvo, excepto alguns ocasionais fotogramas quebrados na PS4 que não têm impacto sequer durante a gameplay - o tear simplesmente origina uma pequena quantidade de trepidação durante as cenas de abertura em alguns níveis.
The Lego Movie: veredito Digital Foundry
No geral, a situação que temos aqui gera uma escolha interessante: optas pela versão mais polida das consolas (qualquer uma serve) ou escolhes uma inferiorização gráfica para desfrutar de gameplay no dobro do rácio de fotogramas no PC? Na nossa experiência, a ação mais suave e os comandos de menor latência providenciados pelo refrescamento a 60fps adicionaram um genuíno nível extra de refinamento à gameplay, tornando a já altamente divertida experiência ainda mais divertida. O contra é que a nível gráfico os ambientes não têm o mesmo nível de profundidade que nas consolas, enquanto a iluminação em locais exteriores por vezes parece errada, afetado a estética precisa dos ambientes de tijolo Lego.
Dito isto, rácios de fotogramas extremamente altos não são um requisito essencial na experiência Lego desde que o refrescamento se mantenha estável, e a este respeito as versões de consola podem ser jogadas na perfeição sem alguma vez se sentir que algo está errado. De qualquer das formas, a gameplay está bem gerida em todos os formatos, o Traveller's Tales não desaponta e oferece um jogo lindo que captura na perfeição o aspeto e sensação distintos do imaginativo universo Lego, independente de ajustes específicos de plataforma. Se a performance é prioridade, vale a pena escolher a versão PC, apesar de alguns perceptíveis erros gráficos. De resto, as versões PlayStation 4 e Xbox One são altamente recomendadas.