Confronto: Beyond: Two Souls na PS4
Remaster com classe?
Construído com as especificações PlayStation 4 em mente, Beyond: Two Souls foi um pouco amargo aquando do lançamento na PS3 há dois anos. Por um lado, alcançou um alto padrão de iluminação por físicas e captura de movimentos faciais esperados de jogos PS4. Pelo outro, a PS3 teve claras dificuldades para afinar o motor, tendo problemas com o rácio de fotogramas e alguns aspectos visuais. No entanto, o remaster PS4 chegou este mês à PlayStation Store - dando-nos finalmente a visão completa do Quantic Dream.
Está prometido um vasto leque de melhorias e a Sony destaca melhorias na iluminação, sombras e novos efeitos como motion blur e campo de profundidade. Assim que todos os capítulos são transferidos, o remaster ocupa 35GB, acima dos 25GB da versão PS3 - em parte devido à expansão 'Experiments'. Foi adicionado um novo modo, que permite jogar a história de Jody em ordem cronológica, ao invés da estrutura dispersa do original. Um toque que apreciamos é o novo ecrã de estatísticas após cada missão, comparando as nossas decisões com as de outros jogadores - ajudando a revelar as variáveis.
O maior destaque são os visuais melhorados. A PS4 corre a 1080p nativa mas com um senão. Como o remaster corre no mesmo rácio de aspecto a 2.35:1 usado na PS3, a imagem gerada no ecrã é 1920x817. Similar a The Order: 1886, dá-nos um enquadramento cinematográfico mas na verdade, sugere uma forma de reduzir as exigências sobre a PS3 quando foi desenvolvido.
Ainda assim, é um grande aumento sobre a 720p do original (reduzida no eixo vertical por estas bordas), que sofriam com o uso de MLAA pós-processamento que não tratava de todas as arestas. A mudança para uma técnica pós-processamento que lembra FXAA tem melhor resultado na PS4 e apesar de termos na mesma barras no topo e fundo, a parte activa do ecrã ainda nos dá a nitidez de uma imagem 1080p; menos brilho em texturas de alto contraste e menos pixel crawl. É pena não ser possível alternar para 16:9 para preencher os ecrãs padrão das HDTV.
Um dos destaques no original foi a sua captura facial, algo que foi convertido muito bem para a PS4. A geometria dos personagens e shaders de pele são basicamente os mesmos da PS3, assim como as animações. Está tudo preservado na PS4 e a única diferença está na forma como os personagens são iluminados pois o motor opta por um aspecto mais natural na iluminação ao ter em conta as sombras geradas por algumas fontes de luz. O efeito na PS4 é uma iluminação mais limpa, mais clara nos personagens - apesar de em algumas imagens não termos este resultado.
As sombras recebem um aumento na qualidade através de um filtro de maior qualidade nas arestas, que remover o aspecto pixelizado da PS3, uma implementação de filtro de aproximação por percentagem. É um dos maiores problemas visuais do original mas na PS4 as sombras misturam-se naturalmente com os cenários. Melhora todas as sombras projectadas pelos personagens nas paredes por perto enquanto ao longe, a qualidade é idêntica.
Quanto às texturas, temos os mesmos bens reutilizados mas em alguns locais recebem mais atenção. A missão na embaixada mostra bem isto; tudo desde as carpetes ao papel de parede receberam mapas de maior resolução. Versões mais nítidas com qualidade superior são aplicadas, dando à sala uma perceptível melhoria. Foram adicionados novos objectos a certas cenas na PS4, tal como árvores e arbustos no capítulo Party mas na maioria, Beyond na PS4 usa o mesmo molde da PS3 com alguns toques extra.
Efeitos pós-processamento foram adicionais. A melhoria mais vistosa está na implementação de motion blur e um filtro de campo de profundidade. Desta vez temos uma técnica por objecto e câmara que pega em várias amostras de tudo que se move. Apesar de ser uma implementação de maior qualidade que a da PS3, o efeito é mais agressivo e o impacto que tem na nitidez da imagem em movimento pode dividir opiniões. Sobre isso, é usado um filtro de aberração cromática na PS4, um filtro que descolora linhas geométricas no fundo e perto das extremidades do ecrã. Felizmente, isto apenas surge em certas sequências enquanto no gameplay é raro.
Existem várias outras melhorias, como um aumento no mapeamento especular no cimento molhado ou no chão dos hospitais. Isto é reforçado por um aumento no alcance do filtro de texturas, significando que não existe ponto binário de ruptura no chão, onde a claridade dos mapas normais alterna. Além disso, os efeitos alpha no final da missão Hunted também foram melhorados - em particular os jactos de água do extintor em qualidade muito superior. Mesmo nestes pequenos detalhes, o Quantic Dream leva os gráficos do remaster até onde pode.
Apesar de todas estas melhorias visuais, o rácio de fotogramas também melhorou. Há dois anos atrás, foi difícil ignorar algumas das descidas mais graves na PS3, especialmente ao controlo Aiden em espírito. Este remaster também coloca o alvo nos 30fps com v-sync mas a nova máquina da Sony consegue um bloqueio mais firme. Por exemplo, o capítulo Hunted na PS3 descida para 25fps ou inferior mas na PS4 raramente desce do alvo.
O salto entre plataformas cria uma grande diferença nesta cena e existe um aparente conforto na entrega da PS4 em quase todos os capítulos. Mesmo em cenas menos exigentes, o jogo sofria com soluços na PS3 quando eram lidos na hora novos elementos. No remaster, estes soluços são contornados pela RAM GDDR5 mais rápida da PS4 e apenas vimos uma pausa ocasional. Para um jogo com padrões tão cinematográficos, estes soluços distraiam mas agora desapareceram.
Beyond: Two Souls on PS4 - Veredicto Digital Foundry
De muitas formas, Beyond é um par perfeito para as capacidades da PS4. É um remaster com um bom polimento e um rácio de fotogramas muito mais suave. Não faltam jogos de anterior geração a serem relançados numa versão 'definitiva' nesta geração - e poderá ser em demasia para os que preferem novidades. Mas o esforço do Quantic dream é um caso justificável; um jogo feito para correr nesta máquina e até agora retido pelo padrão PS3.
O uso de iluminação por físicas não é afectado e é surpreendente ver como se parece tanto quanto um jogo PS4 ao activar os seus argumentos, a captura de corpo e faces ainda fica bem ao lado de jogos desta geração. O único problema são os designs angulares rígidos; geometria simples que não esconde as origens PS3 em certos casos. É um compromisso vindo da anterior geração mas em tudo o resto, Beyond brilha.
Apoiado por extras como um modo história remisturado e a expansão 'Experiments', é fácil definir o jogo PS4 como definitivo. Se tens curiosidade em experimentar o trabalho de David Cage, estes refinamentos valem a pena. Em termos técnicos, a nova consola da Sony consegue 30fps com visuais melhorados mas a questão é como o Quantic Dream pode levar a consola mais além. Uma demonstração vista na E3 2013 demonstrava isso - um motor feito para a PS4 que novamente sobe a parada, tal como radicalmente fez entre estes dois últimos projectos.