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Retro-compatibilidade na Xbox One: Testámos os principais jogos

Digital Foundry joga Halo Reach, os quatro Gears, Assassin's Creed 2 e mais.

A Microsoft espantou os jogadores quando anunciou a retro-compatibilidade da Xbox One com jogos Xbox 360. Um milagre tecnológico tendo em conta as diferentes arquitecturas dos dois sistemas mas a funcionalidade está disponível com mais de 100 jogos compatíveis que testámos. Neste artigo, testámos os principais jogos Xbox 360 na Xbox One: todos os Gears of War, Halo: Reach, Assassin's Creed 2 - tudo.

A Microsoft integrou muito bem esta funcionalidade. A Xbox One suporta versões físicas ou digitais, desde que a consola esteja actualizada. Os jogos digitais automaticamente surgem na tua lista de jogos e os discos podem ser inseridos para instalação. No entanto, seja físico ou digital, precisas transferir o jogo do Xbox Live. Cada título usa um pacote específico da Xbox One com ficheiros necessários para a operação - permite que funcionem na interface Xbox One.

Além da funcionalidade básica, a Xbox One consegue usar os ficheiros save originais. Se tiveres saves na consola mais velha que gostarias de usar, mete uma cópia deles na nuvem e a Xbox One usa-os automaticamente. É mesmo muito conveniente e impressionante. Melhor ainda é que se usares o armazenamento na nuvem, podes usá-los nas duas consolas.

Baseado nos nossos testes, captura e análise, podemos dizer que a experiência foi positiva. Os jogos operam sem problemas mas existem alguns contratempos. Ocasionalmente os jogos não arrancam, por vezes não os conseguimos instalar e recebemos mensagens de erro. Pequenos problemas que não afectam a experiência geral mas vale a pena referir.

Olhar compreensivo à retro-compatibilidade na Xbox One. Esta comparação demonstra a solução da Microsoft contra a consola Xbox 360.Ver no Youtube

A experiência foi desenhada para igualar de perto a consola original ao invés de melhorar a qualidade - não terás resoluções maiores ou melhor anti-aliasing. Os jogos parecem mais escuros na Xbox One mas notámos uma pequena melhoria na conversão de resolução, um belo bónus.

Existem outras melhorias. A sincronização vertical é introduzida pelo sistema, significando que o screen-tearing desapareceu de todos os jogos e as operações que acedem ao disco ou HDD tendem a afectar menos a performance. Isto significa uma performance mais rápida no streaming de dados, onde anteriormente iriam interromper a experiência. Os elevadores de Mass Effect carregam mais rapidamente e os soluços em Fallout 3 estão reduzidos, para referir alguns exemplos.

A performance geral parece variar e certas secções estão mais suaves no ambiente virtualizado mas outras correm mais rápidas na consola original. Parece que a variação na performance está relacionada com a forma como a consola original era taxada em qualquer momento. Quando os jogos executam várias chamadas e as cenas são inundadas com interacções complexas, a GPU torna-se num funil.

A CPU 3.2GHz PowerPC tri-core usada na Xbox 360 é a parte mais desafiante deste quebra-cabeças da emulação por isso parece possível que saturar estes núcleos virtuais pode baixar a performance. É por esta razão que podes ter performance mais rápida nas cutscenes, que recorrem mas à GPU (onde a Xbox One tem incrível vantagem), enquanto em situações que afectam a cPU, sofre uma penalidade maior na performance.

Revisitar a nossa análise à performance de Fallout 3 realça as melhorias na IO na Xbox One e o potencial para uma performance melhorada.Ver no Youtube

Gears of War 3

Status: Pequenos problemas na performance

Um dos jogos Xbox 360 mais impressionantes, é um grande teste a esta funcionalidade as primeiras impressões são positivas. Ao começar o jogo nas duas consolas, notámos desde logo na melhoria na performance nas cutscenes em tempo real na Xbox One. Ao jogar na Xbox 360, muitas das cinemáticas exibem pequenas quedas na performance e screen-tearing. Na One, estes problemas são eliminados quase completamente, ficando mais suave.

No entanto, quando o jogo arranca, vemos a 360 à frente na performance. Sequências de combate prolongado tendem a correr 10fps mais lentas na One, prejudicando a experiência. As exigências nas cutscenes são diferentes das batalhas contra os locust, suportando a nossa teoria que situações que exigem muito da CPU sofrem uma perda maior na performance.

Tal como nas cutscenes, vimos várias situações em que a One tem melhor performance. Cenas com efeitos alpha, como colunas de fumo, preenchem o ecrã num rácio de fotogramas superior na One. Também vimos menos soluços ao transitar entre pontos de carregamento, sugerindo operações IO mais rápidas na One.

Passámos algum tempo no modo Horde e Team Deathmatch na One. O modo Horde sofre mais do que na campanha, muitos jogos passam a maior parte do tempo perto de 20fps. Team Deathmatch foi muito mais positivo e estável. É possível atingir ocasionais momentos de slowdowns mas a experiência geral é suave. Também ouvimos queixas de maior latência nos comandos mas a diferença para nós foi mínima.

Certas áreas e modos têm sérios problemas mas Gears of War 3 corre bem na Xbox One.

Gears of War

Status: Ocasionalmente, a performance é melhor

É uma das primeiras amostras do poder da Xbox 360. Lançado em 2006, foi o primeiro jogo da Epic Games com o Unreal Engine 3 - uma experiência que chegou a novas alturas em termos de renderização em tempo real. Lançado recentemente em formato Ultimate Edition na Xbox One, é fascinante regressar ao original e ver o que mudou.

Gears consegue uma performance decente na Xbox One, comparável ao original na correr na 360. Muitas secções até correm melhor na One e as texturas são carregadas mais depressa. É um bom exemplo de como o poder GPU extra e IO mais suave significam vantagens na One.

Os problemas na performance surgem nos combates mas o impacto é menor do que em Gears 3. Na 360, muitas destas sequências sofrem com screen-tear e ficam lentas. No geral, Gears está melhor na One.

Um vídeo sobre a performance de todos os Gears da Xbox 360 a correr na Xbox One.Ver no Youtube

Gears of War 2

Status: Ligeiras quedas na fluidez

Gears 2 chegou dois anos depois do original e introduziu várias melhorias no motor, entre elas simulação de fluídos melhorada, oclusão ambiental e iluminação melhorada.

Gears 2 na 360 corre de forma estável com v-sync vertical adaptável. Na One, a v-sync mantém-se mas a performance é muito estável pois o jogo foca-se em pequenos confrontos ou momentos pré-definidos que evitam as situações exaustivas que criam problemas em muitos jogos UE3.

Ainda existem momentos em que a performance vai abaixo do que é possível na 360, causando rácios de fotogramas reduzidos e resposta mais lenta dos comandos. Dos quatro Gears, o segundo é dos que tem melhor performance.

Gears 2 é sólido, à excepção de ocasionais impactos na performance.

Gears of War Judgement

Status: Sofre com severas quedas na performance

Gears Judgement chegou em 2013 como o último da série para a 360 e o primeiro desenvolvido por outro estúdio - o People Can Fly. Dividiu os fãs devido à progressão single-player diferente mas consegue ser melhor que os outros em muitos aspectos. É um dos jogos mais belos da 360. O estúdio levou a consola ao limite e tirou partido de todas as funcionalidades visuais do UE3.

Judgement foca-se em situações de combate e muitas áreas mais parecem o modo horde. Mais inimigos no ecrã do que qualquer outro Gears, não surpreende que tenha problemas na One. Quase todas as grandes batalhas sofrem com problemas na performance que baixa para 20fps ou menos o rácio de fotogramas. Algumas áreas são tão exigentes que até temos quedas no rácio de fotogramas quando os inimigos são eliminados.

De todos os Gears, é o único que quase nem se consegue jogar na One. A experiência está muito comprometida. É pena pois é um dos Gears que muitos podem ter deixado escapar.

Gears of War Judgement simplesmente não se aguenta na One. É claro que a camada de virtualização precisa de trabalho para suportar todos os jogos.

Halo Reach

Status: Quase não se consegue jogar

Halo Reach é um dos jogos mais importantes nesta retro-compatibilidade. É o único Halo que não corre nativamente na One. É um dos melhores da série e ainda se aguenta. Infelizmente, a performance é altamente instável. Em muitas situações, as quedas no rácio de fotogramas podem ir até 15fps, sendo quase impossível jogar.

Quando recupera, as coisas ficam suaves. Mesmo com uma média de 30fps, o jogo sofre com fotogramas inconsistentes. O ritmo dos fotogramas na One não é adequado e dá a impressão de correr abaixo de 30fps. Raramente é consistente e nunca consegue sentir-se suave - mesmo no seu melhor. Durante gameplay, ou lidas com severos problemas no ritmo de fotogramas ou severas quedas no rácio de fotogramas. Nenhuma é agradável.

Estes resultados fascinam pois muitas das quedas significantes ocorrem ao mover entre áreas - algo visto em Halo 4 na Master Chief Collection. Talvez a emulação CPU seja um funil? Outr problema é o carregamento lento das texturas que deixam objectos sem os bens de maior resolução mais tempo do que esperado.

Reach é uma desilusão. A performance altamente inconsistente combinada com problemas na apresentação de texturas não o torna apelativo. Como é que a Microsoft aprovou o seu lançamento nestas condições?

Análise a Halo Reach - não entendemos como chegou à Xbox One neste estado.Ver no Youtube

Shadow Complex

Status: Quase perfeito

Shadow Complex é outro jogo Unreal Engine 3 que oferece algo diferente dos restantes. Acção e aventura side-scrolling com câmara fixa e progressão por salas. Usa as capacidades de streaming de níveis do UE3, é uma experiência sem interrupções e sólida na One. O alvo de 30fps está presente na maioria do tempo.

Como outros jogos UE3, as cutscenes em tempo real consegue estar mais suaves na One. As cenas operam tão baixo quanto 20fps na 360 e sobem para 30fps na One.

Desde a sua chegada via retro-compatibilidade, o jogo melhorou imenso. Inicialmente ficava lento ocasionalmente mas agora esses problemas foram limpos.

Shadow Complex transita quase na perfeição para a One.

Mass Effect

Status: Combate está um caos mas exploração e cutscenes estão melhorados

Examinámos este jogo quando inicialmente chegou e infelizmente, a maioria dos problemas da altura ainda persistem, deixando a One atrás da 360 em muitos dos combates. O tear desapareceu, as texturas surgem mais rápido mas a resposta do comando podem ficar muito pobre nestas situações. Tendo vários problemas na 360, as quedas mais significativas na One podem mandar a performance para baixos 10s.

Existe pontos em que está melhor. Tal como outros jogos Unreal Engine, as cutscenes estão melhoradas na One enquanto gameplay fora dos combates corre mais suave. Perceptível ao conduzir o Mako. Na 360, quase todas as secções com o Mako têm dificuldades em chegar ao rácio de fotogramas desejado, resultando em grandes quedas na performance e tearing. Na One, consegue 30fps quase perfeitos em muitas destas secções.

As sequências no elevador também demonstram vantagens - o carregamento é terminado mais rapidamente na One sem afectar a performance. A exploração geral está mais suave devido a rácios de fotogramas mais consistentes e carregamento mais rápido de texturas. Apenas nos combates fica atrás. Na verdade, a versão 360 não correm bem em nenhuma destas consolas.

Melhor do que na 360 nas secções Mako mas a pobre performance nos combates coloca em questão o jogo na One.

Hydro Thunder

Status: Melhor na Xbox One

Hydro Thunder Hurricane beneficia imenso ao correr na One. A versão 360 opera com rácio de fotogramas desbloqueado e sem v-sync, significando que o screen-tear é quase constante. Na One, temos v-sync para remover o artefacto. Mais importante, não afecta a performance - ambas têm uma média de 45fps.

Isto cria uma trepidação na imagem quando o rácio de fotogramas não se divide se forma equilibrada pelo rácio de refrescamento mas é preferível ao tear quase constante. Devido ao rácio de fotogramas desbloqueado, seria interessante ver a performance ir além dos rácios de fotogramas do original. É difícil mas poderia ser feito.

Se quiseres jogar esta versão de Hydro Thunder, é melhor na Xbox One.

Performance quase idêntica - e sem scree-tear, Hydro Thunder corre muito bem na One.

Assassin's Creed 2

Status: Consegues jogar

Existem muitos jogos Assassin's Creed na 360 mas apenas um é suportado pela One - AC2. A série nunca correu num rácio de fotogramas estável nas consolas por isso ficámos interessados em ver como está na One. Ao contrário dos jogos UE3 que falámos em cima, AC2 opera com uma performance variável que ocasionalmente fica à frente da 360 mas noutras circunstâncias atrás.

Resume-se à performance nas cidades versus áreas em redor. As planícies em redor das cidades perdem a v-sync na 360 sem fotogramas quebrados a cortar a fluidez. Na One, estas quedas desapareceram e temos 30fps muito estáveis quando exploramos estas áreas.

Assassin's Creed II incluir cidades diferentes e cada uma opera com performance variável. No pior dos cenários, temos a One atrás da 360 por 5fps enquanto em outras cidades fica mais perto dos 30fps nas duas consolas. Assassin's Creed 2 é na mesma o jogo com a melhor performance na série, se quiseres revisitar o jogo, ele corre bem na One.

Ainda existem fraquezas nas AC2 corre bem na One e é um dos melhores na série.

N+

Status: Perfeito

N+ é a razão pela qual decidimos testes alguns dos jogos mais simples. Quando o testámos no ano passado, não corria bem na One. A performance era inconsistente sofria com fortes variações no rácio de fotograma, gerando trepidação quase constante. Não corria bem. Após revisitar o jogo este ano, estamos contentes por informar que está a correr tal como na 360.

A sua pobre performance do ano passado foi corrigida - está perfeito.

Braid

Status: Perfeito

Braid ajudou a dar força à revolução indie em 2008 e é bom ver o jogo a correr na One. Apesar do design simples dos visuais, encontrámos outros jogos similarmente básicos que não corriam bem na One. Felizmente, não é o caso de Baird e temos 60fps perfeitos, tal como na 360. A arte desenhada à mão ainda tem bom aspecto e não sofre por operar a uma resolução inferior.

É impossível distinguir a versões One da versão 360.

Condemned

Status: Melhor na Xbox One

Condemned foi um memorável título de lançamento na Xbox 360 por isso estávamos curiosos para ver como corria na One. Os resultados são interessados e nada esperados. Na One, temos uma média de 45fps, o que significa muita trepidação na imagem. Durante cutscenes, a 360 entrega estáveis 30fps que na verdade ficam melhor em movimento devido a uma distribuição equilibrada dos fotogramas. No entanto, durante gameplay, vemos algo curioso.

Na 360, vemos 30fps na maioria do tempo juntamente com estranhos picos para 45fps. Ao jogar, parece que o jogo salta entre 30fps e 45fps causando uma experiência inconsistente. Na One, apesar da trepidação ser um problema, o jogo pelo menos consegue um nível de performance consistente. É um jogo estranho mas devido à consistência, dá-mos a vantagem à One.

Condemned não é perfeito mas corre melhor na One.

Rainbow Six Vegas

Status: Dá para jogar mas a performance está abaixo do desejado

Passámos algum tempo com Vegas na One e 360 apenas para descobrir que sofre com quedas perceptíveis na One. Apesar de ser um jogo criado com o Unreal Engine, não usa mesmo o UE3 - é baseado na variante Warfare mais velha, tal como os BioShock originais.

Mesmo os tiroteios mais pequenos mal se aguentavam a 30fps, o que cria uma experiência abaixo do desejado. A performance nunca desce tanto quanto Halo Reach por isso dá para jogar mas não tem a resposta que deveria. Não é que corra na perfeição na 360 - frequentemente perde a v-sync em situações de maior stress mas a performance nunca desce tanto quanto na One.

Outro jogo que demonstra que o milagre tecnológico da Microsoft ainda precisa ser afinado.

Retro-compatibilidade Xbox One: veredicto Digital Foundry

Desde os primeiros testes em Julho, a retro-compatibilidade melhorou. Muitos dos problemas foram corrigidos e temos melhor performance em vários jogos como resultado do período prolongado em estado beta. É bom ver a lista de jogos crescer e esperámos que os poucos jogos com problemas possam ser melhorados.

Os títulos menos exigentes, como Braid e N+, estão iguais às versões 360. Outros mais exigentes são incertos, alguns estão melhor mas outros pior. Jogos que exigem muito da CPU sofrem mais, ficando atrás da Xbox 360. Precisámos ver melhorias na funcionalidade. Além disso, é preciso reforço no controlo de qualidade da Microsoft após olhar para jogos como Halo Reach e Gears of War: Judgement. Reach em particular, é um dos mais importantes do alinhamento e actualmente é quase impossível jogá-lo por muito tempo.

A conclusão é que a Microsoft acertou na grande maioria e a capacidade de centralizar duas gerações de jogos Xbox numa só consola é uma proposta muito atractiva. Se alguns dos problemas de performance que persistem forem eliminados ou reduzidos, poderá ser a melhor forma de jogar clássicos da Xbox 360. Sem screen-tear, carregamentos mais rápidos e integração quase perfeita numa consola moderna combinam para uma experiência fantástica. Iremos estar atentos e apresentar mais artigos consoante a retro-compatibilidade evolui em 2016.

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