The Surge é sci-fi inspirado em Souls - com melhor tecnologia
Grande classe no PC e consolas, bom suporte para a PS4 Pro.
The Surge parece uma versão de ficção científica da fórmula de Dark Souls, mas olhando além da superfície, vês um jogo que tem uma enorme vantagem sobre a obra da From Software - a tecnologia. Após as desilusões em Lords of the Fallen, a Deck 13 regressou com uma melhoria radical do seu Fledge Engine, fornecendo uma performance consistente e sólida no PC, PS4 e Xbox One - sendo também uma das melhores implementações PS4 Pro que já vimos.
Mas antes disso, vale a pena apreciar as melhorias tecnológicas alcançadas pela Deck 13 aqui - existe um novo renderizador diferido aqui que substitui a solução anterior (que usava dois g-buffers - algo incrível e com fortes implicações na performance e memória), juntamente com um forte foco na computação assíncrona. A renderização diferida por agrupamento agora usada separa os cálculos numa grelha tridimensional - basicamente uma abordagem totalmente 3D de uma renderização diferida por telas. Os artistas podem incluir centenas de luzes numa cena que depois são agrupadas numa grelha onde podem ser dispostas num shader mais convencional.
Comparado com o esquema dual g-buffer de Lords, a abordagem em The Surge permite mais luzes numa cena e uma performance geral mais rápida. A renderização por físicas também foi implementada, permitindo aos artistas criar materiais mais realistas. Num jogo carregado de materiais metálicos brilhantes e cimento, funciona bem.
Depois temos o sistema de partículas que transitou para a GPU. Lords apresentava partículas GPU Nvidia Apex na versão PC, nas consolas as partículas eram geridas em pleno pela CPU. Ao passar para uma nova solução GPU, é possível criar mais partículas do que antes com agrupamentos de partículas que emitem e recebem luzes.
A qualidade das sombras também é excelente, mas típica - nos exteriores temos mapas de cascatas de sombras com mapas de 1k por 1k para cada divisão nas consolas e até 2k por 2k no PC, mas nos interiores, até oito luzes podem espalhar sombras nos ambientes, criando cenas dramáticas. O habitual filtro PCF é usado mas a implementação é sólida. Foram usados alguns truques para aceleram a renderização, tais como não actualizar as sombras que estão distantes ou actualizá-las a meio rácio de fotogramas para poupar na performance.
Impressionantes reflexos de lente foram incluídos, juntamente com um motion blur por objecto de grande qualidade, ajudando a acentuar o trabalho de animação, especialmente em inimigos que se movem rapidamente. Apesar da direcção de arte não apelar a todos, não podemos negar que o motor é extremamente capaz e tem muito bom aspecto em movimento.
Outra funcionalidade de destaque são os tempos de carregamento e optimização de dados. Os tempos de carregamento sempre foram um problema nos jogos Souls - pelo menos nas consolas - e The Surge ultrapassa isso. Seja ao carregar um save ou a renascer após morrer, os tempos de carregamento são extremamente rápidos, o que torna fácil recomeçar. Temos tempos de carregamento perto dos 5 segundos - é muito bom.
Além disto, o tamanho do jogo é minúsculo, apenas 6GB nas consolas e 12GB no PC (para permitir texturas 4K). Numa era em que os jogos de consola podem ir de 20GB a 100GB, isto é uma lufada de ar fresco e permite uma instalação rápida. Já agora, a opção "pronto para jogar" é muito boa. Muitos jogos permitem-te iniciá-lo quando uma parte foi instalada mas não te deixam jogar. Em The Surge, toda a primeira área está disponível após uma instalação parcial, e tendo em conta que vais passar mais de uma hora aqui, o jogo deve terminar a instalação quando passares para a próxima área.
Em termos de comparações entre plataformas, a Deck 13 merece respeito pelo suporte à PS4 Pro. Admitimos que estamos um pouco preocupados com a PS4 Pro actualmente, após um suporte abaixo do desejável, a falta de super-sampling 1080p em vários jogos ou a inexistência de suporte em Prey. The Surge é diferente, opera a 2880x1620, tem um bom aspecto nos ecrãs 4K e oferece um modo de performance a 1080p com 60fps sólidos. Sim, quem joga em ecrãs 1080p podem escolher entre os dois modos, significando que temos super-sampling. O único senão é que precisas reiniciar o jogo ao alternar entre modos.
Isto funciona bem devido à sua implementação. Em Rise of the Tomb Raider, um exemplo, o modo de qualidade opera a suaves 30fps mas o modo de alta performance é muito instável. NiOh é o oposto - o modo 60fps é muito bom mas o modo de alta qualidade sofre com um mau ritmo de fotogramas e soluços. É o mesmo em Snake Pass, enquanto Final Fantasy 15 está ainda pior e quase todos os modos sofrem com falhas óbvias.
O modo performance é o vencedor aqui. Ao descer para 1080p, este modo oferece 60fps suaves. Jogámos com este modo e encontramos apenas algumas pequenas descidas. É isto que os donos da Pro querem - a escolha entre qualidade de imagem ou rácio de fotogramas em dois modos igualmente bem implementados. O jogo corre bem a 30fps mas sendo um jogo de acção rápido e difícil, beneficia imenso com um rácio de fotogramas superior tão bom de ver nas consolas.
Há mais. A Deck 13 alicia os jogadores entusiastas com um dos menus de opções mais completos que já vimos numa consola. Não gostas de motion blur? Podes remover. Não gostas das sequências em câmara lenta? Ajusta-as! Queres ajustas a sensação e aparência do movimento da câmara? Existem várias opções. Também é possível ajustar o reflexo das lentes. Desde definições visuais a elementos do HUD aos controlos, podes ajustar imensas coisas em The Surge nas 3 plataformas, e não apenas no PC.
The Surge entrega uma boa versão PC, não apenas um port, que corre bem e tem bom aspecto. Oferece suporte para resoluções ultra-wide, rácios de fotogramas superiores a 60fps e até conversão de resolução. Estão disponíveis texturas de resolução superior mas a maioria das definições PC focam-se no refinamento. A resolução dos mapas de sombras cresce para o dobro em very high, enquanto a qualidade da iluminação volumétrica pode ir além do que temos nas consolas. Tentámos uma GTX 970 e conseguimos 1080p60 consistentes mesmo com definições very high superiores às das consolas. A GTX 980 Ti leva isto para 1440p60 com os mesmos níveis de qualidade, conseguindo também 4K a 30fps.
As versões PS4 base e Xbox One também entregam experiências 30fps sólidas com apenas pequenas diferenças. Como seria de esperar, a PS4 corre a 1080p nativa enquanto a Xbox One corre a 900p. Comparado com Lords, é uma grande melhoria. As resoluções são as mesmas entre The Surge e Lords, mas a performance é muito melhor. A única nódoa é o uso de anti-aliasing SMAA, que pode ficar cheia de jaggies.
Os reflexos screen-space são a única diferença visual entre as duas - estão activadas na Xbox One mas ausentes na PS4 e PS4 Pro. Podem regressar numa futura actualização na PS4 mas para manter os 60fps na Pro, tinham de ir. Actualmente, a implementação cubemap funciona.
Seja qual for a tua escolha, The Surge trata-te bem - e no futuro teremos mais melhorias, como suporte HDR. Não é frequente ver um jogo multi tão sólido em todas as plataformas, mas é o que temos aqui. Cada versão parece feita a preceito para essa plataforma específica e tira proveito das suas capacidades. Pode não ser o jogo mais bonito que já viste, mas faz muitas coisas bem. O motor Fledge tem boas capacidades. Nós adoramos o jogo. É muito desafiante mas vale a pena, especialmente para quem joga na PS4 Pro - se sentes que o suporte tem sido fraco, a implementação aqui é de primeira classe.