Fortnite - Confronto Mobile: Android vs iOS vs Switch
As melhores versões.
Chegou a versão Android de Fortnite e agora podemos comparar o jogo da Epic Games em vários dispositivos mobile - desde telemóveis até à Nintendo Switch em modo portátil. É fascinante incluir a híbrida da Nintendo, que revela como APIs gráficas de baixo nível e um foco dedicado aos jogos permitem que equipamento mobile mais antigo se compare com - e por vezes ultrapassa - telemóveis de topo actuais.
A Epic enviou-nos um Samsung Galaxy S9+, um dos telemóveis mais poderosos do mercado, com Fortnite instalado e avisou-nos que as comparações gráficas não serão especialmente interessantes pois as versões iOS e Android são idênticas. Isso é verdade - a versão iOS é excelente e correr captura lado a lado com a versão Android torna difícil encontrar diferenças.
Comparar Fortnite num S9+ com a versão iPhone X revela apenas duas diferenças dignas de nota. Primeiro, o telemóvel Samsung apresenta uma resolução nativa muito superior, talvez devido ao rácio de aspecto - 1480x720 e 1461x675 no iPhone X. Segundo, em momentos raros, o iPhone X consegue apresentar mais detalhe à distância - mas ambas as versões são muito idênticas. O trabalho da Epic é tão impressionante no Android quanto foi no iOS, mas existe uma diferença mais importante - as definições de qualidade.
É comum nos jogos mobile. Com um número limitado de dispositivos Apple, os programadores podem adaptar um conjunto específico de funcionalidades visuais por aparelho. No entanto, apesar de Fortnite ser por enquanto exclusivo dos dispositivos Samsung, o jogo chegará eventualmente a um vasto leque de equipamentos Android, sendo necessário incluir quatro pré-definições de qualidade: low, medium, high e epic, juntamente com bloqueios a 30fps e 20fps- O S9+ corre confortavelmente a 30fps, enquanto os nossos testes mostram que o S7 corre por pré-definição a 20fps em low.
As comparações nesta página revelam as principais diferenças, mas basicamente, a definição high reduz o detalhe ambiental e vegetação à distância, medium baixa a resolução para 657p no S9+ e remove a vegetação e sombras dinâmicas. Low parece ser o mesmo que medium, mas a 450p. Provavelmente, a versão iOS apresenta os mesmos cortes visuais nos vários equipamentos, dependendo da sua idade, mas o iPhone 6S corre a 30fps.
As versões iOS e Android entregam resultados muito similares. O mais fascinante é a comparação com a Switch em modo mobile. Em termos tecnológicos, alberga várias desvantagens perante o Snapdragon 845 no nosso S9+, enquanto o A11 Bionic do iPhone X - pelo menos no papel - é ainda mais poderoso. O Tegra X1 da Switch é um processador com três anos de idade e também corre numa velocidade inferior, maximizando a 384MHz fora da dock. Com apenas três núcleos ARM Cortex A57 disponíveis a 1.0GHz, não há como competir sequer. No entanto, consegue e até apresenta funcionalidades inexistentes nas outras versões mobile.
Fortnite ser tão bom na Switch relembra-nos das vantagens de desenvolver uma plataforma fixa. A Epic Games pode converter o jogo sabendo que todas as unidades são iguais e os seus esforços são reforçados pois pode lidar com a API gráfica NVN - uma interface estilo DX12 para a GPU que permite aceder directamente à GPU. Também há o facto de ser uma consola de jogos dedicada, não é preciso competir com outras tarefas pelos recursos do sistema.
Apesar de Fortnite em modo mobile ser batido pelo S9+ e iPhone X em vários aspectos, o uso inteligente do equipamento mantém tudo equilibrado. Olha para a resolução, por exemplo. Em modo mobile, a Switch corre com 720p dinâmica - mas é variável e não tão limpa quanto as outras versões mobile. No entanto, a Switch usa funcionalidades de topo do Unreal Engine 4, como reconstrução temporal, e reduzir a resolução é bom para manter o rácio de fotogramas perto dos desejados 30fps. As distâncias de visão são inferiores, mas no pequeno ecrã não é algo muito importante.
Existe muito em comum na qualidade visual das versões mobile - a renderização da água é igual e muito longe da qualidade fenomenal da Xbox One X, com os lindos reflexos screen-space. No entanto, a Switch usa algumas das funcionalidades das versões de consola, ausentes no mobile. A distância de visão da relva pode estar inferior na Switch em modo mobile, mas a vegetação é animada e iluminada tal como nas outras consolas, enquanto no iOS e Android, mesmo no melhor, a relva é achatada e sem animação. O tratamento de arestas também está melhor - a Switch usa anti-aliasing (uma das possíveis razões para o aspecto ligeiramente menos nítido) enquanto a geometria nos melhores dispositivos Android e iOS tem um aspecto muito pior.
Adicionalmente, o detalhe ambiental dinâmico - as paredes e rampas que constróis - parecem ter duas implementações muito diferentes. As versões de consola apresentam construções mais detalhadas do que nas versões mobile, com mais geometria e texturas muito diferentes. Neste aspecto, a Switch beneficia com assets de maior detalhe, ficando acima das versões iOS e Android. Talvez seja um factor dos 3.5GB dedicados de RAM disponíveis para os programadores na Switch.
A maior vantagem da Switch poderá ser mesmo os seus controlos físicos. Os telemóveis usam controlos por toque e cumprem o serviço, mas não são tão precisos. A Epic fez vários ajustes desde o lançamento no iOS - existe uma opção para disparo automático assim que o inimigo surge na tua visão, o que ajuda imenso. Adicionalmente, apesar do cross-play permitir que qualquer jogador jogue com outro jogador em qualquer dispositivo, a Epic separa os jogadores de consola e mobile para assegurar um equilíbrio maior. A conclusão é que - tendo a opção de escolha, a Switch seria a minha opção para jogar em modo mobile.
Mas a minha preferência pessoal não importa aqui. Fortnite para iOS e Android leva o jogo para uma nova e enorme audiência. Além disso, estes aparelhos não têm controlos físicos, mas tudo o que precisas para jogar está no próprio aparelho. Para modo mobile, a Switch necessita de um acesso WiFi ou um smartphone para efectuar a ligação, enquanto todos os telemóveis compatíveis com Fortnite chegam equipados com um modem de alta velocidade e baixa latência.
A Epic merece respeito pelo seu esforço em levar Fortnite a todos os dispositivos com o mínimo de compromissos possíveis. A dada altura, certamente surgiu a tentação de seguir a rota da PUBG Corp. e basicamente inferiorizar o jogo para correr de forma mais eficaz nos telemóveis. A Epic optou pela via mais difícil - pegar no original e optimizá-lo fortemente, alcançar 60fps nas consolas caseiras antes de ir mais além para o deixar a correr bem no iOS. Isto abriu as portas para as versões Switch e Android - completamente compatíveis umas com as outras. O facto de terem uma qualidade tão boa, com rácios de fotogramas tão consistentes é assinalável. O maior jogo do momento não é apenas um fenómeno de popularidade, também é um excepcional feito tecnológico.