Luigi's Mansion 3DS: port GameCube ou remake mobile?
A portátil da Nintendo ainda impressiona.
Há 17 anos atrás, a Nintendo apresentou a sua GameCube sem um jogo de Mario. Na altura parecia louco - afinal de contas, os jogos Mario foram importantíssimos para o sucesso das suas consolas anteriores - mas com esta consola optaram por outra coisa. Luigi's Mansion foi - ainda é - um jogo diferente. Combina o charme do design das personagens da Nintendo e mecânicas divertidas numa mansão com uma temática de terror foi totalmente inesperado, mas desde o lançamento, a série conquistou os jogadores. Agora, o original chega à Nintendo 3DS e é uma das conversões mais interessantes que já vimos.
Luigi's Mansion é um jogo interessante. Os estilos visuais dos jogos modernos de Mario podem ser rastreados até este jogo. Com um amplo orçamento para polígonos e novas técnicas de renderização, a Nintendo iniciou o caminho para igualar as suas renderizações de Mario e amigos usando gráficos in-game em tempo real. Assim sendo, na sua forma original, Luigi's Mansion ainda tem bom aspecto.
O jogo chega esta semana à 3DS e a Nintendo recrutou a Grezzo - responsável por converter Ocarina of Time e Majora's Mask para a 3DS. Esta nova conversão é imediatamente apelativa. Os modelos dos personagens estão bem renderizados, as texturas lindas e novas e existem muitos belos toques nos cenários. A forma como as moedas saltam pelo ecrã, as físicas do tecido que aparecem ao usar o aspirador, sem falar nos reflexos nos espelhos, tudo está soberbo. A luz da lanterna também é uma sobreposição do que parecer ser luz por-pixel vinda do ambiente combinada com um cone transparente e um efeito de reflexo de lente. Tudo coeso e poderás nem sequer reparar que os visuais foram totalmente melhorados.
A Grezzo refez o jogo para tirar partido das forças da 3DS. Apesar de partilhar alguns elementos com o original, a maioria da arte é nova, dando um aspecto diferente ao jogo. A nova versão apresenta uma atmosfera diferente, apresentando um jogo mais escuro, mais sinistro e o primeiro olhar à mansão revela efeitos de iluminação melhorados e texturas de maior resolução. O jogo corre num ecrã mais pequeno e numa resolução inferior, mas a sensação é de um jogo mais refinado.
Ao abrir a porta, a versão GameCube exibe mais detalhe nas texturas e geometria, enquanto o aspecto do cone da lanterna que brilha para a câmara sugere uma mudança artística e nada mais. A versão GameCube transita imediatamente para o interior, sem carregamentos, enquanto a 3DS apresenta carregamentos entre áreas.
Quando o jogo começa, as diferenças ficam mais evidentes. As texturas na 3DS parecem mais refinadas, a iluminação e sombras estão diferentes - na GameCube, a lanterna cria sombras, o que não acontece na 3DS. Parece que as sombras criadas em Luigi's Mansion recorrer ao EFB da GameCube ou 'framebuffer embutido'. Os jogos podem renderizar elementos úteis neste framebuffer secundário e depois combiná-los com o framebuffer principal antes de apresentar a imagem final. O jogo renderiza uma imagem secundária de objectos que recebem sombras projectadas e usa esta informação para apresentar o que vês no jogo.
Na 3DS funciona de forma diferente e este truque não faria sentido aqui por isso, os programadores usam duas abordagens. A primeira envolve criar sombras de forma diferente, mas apenas para alguns objectos. A segunda parece envolver sombras pré-calculadas que parece recorrer a pintura de vértices ou outra técnica mais antiga. A conclusão? Existem menos sombras na 3DS.
Existem outras alterações - especialmente na geometria e mesmo na forma como as maçanetas são geradas nas transições - mas também alguns paralelos interessantes, tais como pop-in de objectos presentes na 3DS da mesma forma que surgem na GameCube. Outras actualizações são mais óbvias - tais como o moderno modelo mais alto, mais magro de Luigi. Depois temos os fantasmas - gerados de forma muito diferente. Na GameCube, usam EFB, é renderizado num buffer diferente da cena principal e sobreposto. Esta abordagem permite manipular a forma como é renderizado na cena, dando-lhe um aspecto mais transparente e assustador - até hoje, este efeito permanece lindo. Na 3DS, isto é gerido de forma diferente e os fantasmas parecem mais opacos.
Em termos de performance, Luigi's Mansion corre a 30 fotogramas por segundo na GameCube e 3DS, mas os resultados não são perfeitos na portátil. Numa New 3DS, certas cutscenes descem para 20fps e ficam lá. Em gameplay normal parece correr a 30fps. Também testámos numa 2DS e a performance é menos estável - reparei em algumas quedas durante gameplay normal não presentes na New 3DS. Curiosamente, o original também exibe problemas em certos momentos.
No geral, existem muitas alterações - a iluminação e sombras estão diferentes, a geometria ligeiramente reduzida e a performance não é perfeita, mas ao mesmo tempo, parece um remake completo em outras coisas. Todas as texturas são novas, a arte está diferente e tudo foi remodelado. Penso que é nítido que a 3DS e GameCube têm as suas próprias vantagens. As funcionalidades visuais que recorrem às funcionalidades únicas da GameCube foram removidas ou modificadas para funcionar de forma diferente na 3DS - e resulta.
A Grezzo fez um trabalho espantoso na adaptação do jogo e produziu um dos jogos mais bonitos na 3DS. Os controlos também foram bem implementados e se tens uma New 3DS, podes usar segundo analógico tal como na GameCube. Também podes usar a funcionalidade do giroscópio para apontar o aspirador.
Se ainda não jogaste Luigi's Mansion ou se já passou muito tempo desde que o fizeste vale mesmo a pena. É uma conversão estranha que mais parece uma espécie de remake do que uma conversão - um jogo que foi alterado para se adaptar ao hardware e frequentemente tem melhor aspecto que o original. Se ainda jogas na tua 3DS, recomendamos este jogo - foi alvo de muito cuidado e atenção, executado de bela forma.