Digital Foundry - Payday 2 na Switch tem bom aspecto mas má performance
Um shooter que falha o alvo.
Payday 2 chegou à Nintendo Switch, tornando-se na primeira versão verdadeiramente portátil. Baseado nas versões que chegaram há três anos à Xbox One e PlayStation 4, a conversão vai mais longe com a incorporação de acção para quatro jogadores, juntamente com outros ajustes e DLC. O jogo permanece o mesmo em vários aspectos, o que nos deixa a pensar se a Switch pode igualar a experiência 1080p30 das versões nas consolas de actual geração?
Temos um grande diferencial de poder entre a Switch e as outras consolas - os ajustes gráficos nas conversões Switch já são esperados, mas por vezes a performance também é comprometida. A Switch corre o jogo a 1600x900 na dock. É uma boa resolução e fica bem ligado a uma HDTV. Jaggies resultantes da queda na resolução são resolvidos com um forte anti-aliasing pós-processamento, significando que não é tão nítida, mas não é má, especialmente quando outras conversões correm a 720p.
Não há problema em correr a 900p, mas mesmo no modo dock, a qualidade da maioria das funcionalidades visuais é reduzida ou removida. O filtro anisotrópico é um exemplo. Está a 16x ou perto disso na Xbox One, mas reduzido a uma implementação trilinear na PS4. A Switch fica com a versão de menor qualidade vista na versão Sony - onde as texturas do chão perdem nitidez. A qualidade das texturas também foi reduzida na Switch, o que não impressiona nada ao jogar na dock.
As sombras, exigentes a nível computacional, também perderam qualidade. O filtro é o mesmo da PS4, mas ao perto, a qualidade na Switch é menor, mas o efeito aguenta-se bem o suficiente para passar despercebido. Tendo em conta que as sombras são, geralmente, uma das maiores exigências nas versões PC, talvez seja compreensível esta perda de qualidade.
A distância de visão dos objectos está muito aproximada do que temos na PS4 e Xbox One. O esquema geométrico de bancos, lojas e bares é idêntica na Switch - tal como o número de NPCs - significando que os níveis correm da mesma maneira. Apesar de existirem algumas anomalias ocasionais na distância de visão, o jogo corre da mesma forma. Estes locais oferecem cenários complexos: ruas repletas de carros, centros comerciais repletos de lojas com detalhe, cada uma delas com vidro que podes partir. Foi uma boa decisão para o design da versão Switch. Pelo menos mantém a lógica principal existente nas outras versões, mesmo que os visuais sejam inferiorizados.
Mas nem tudo é mau. Existe um corte que até pode ser considerado um bónus: a aberração cromática foi removida. Este extra é forçado na Xbox One e PS4, distorcendo os cantos do ecrã - mas está ausente na Switch. Nunca distraiu muito, mas torna esta versão mais limpa nas arestas. É uma questão de escolha, mas o remover da aberração cromática é outro corte do estúdio para obter melhor performance. Infelizmente, isto também afecta o brilho da iluminação, removido na Switch.
Todas estas observações são aplicadas ao modo dock e portátil, onde a performance sofre na mesma. Mas existe algo curioso aqui. Jogar na dock e passar para portátil faz com que o jogo mantenha a 900p, que depois é alvo de super-sample para 720p. No entanto, começar o jogo em modo mobile mostra 720p sem downscalling. É aqui que se torna problemático não conseguir avaliar a performance mobile de forma eficaz, pois acreditamos que começar em modo mobile devia oferecer uma vantagem perceptível na performance. Parece um pouco mais fluido, mas infelizmente não temos números precisos. No entanto, isto parece um bug a ser corrigido.
Com a excepção das diferenças nas sombras, a Switch mantém muito em comum com as outras versões - mesmo nas limitações. Um aspecto que se destaca são as animações a metade do rácio nos personagens após uma certa distância. No centro comercial podes ver bem isto: nos cantos do ecrã podes ver personagens animados a 15fps, mesmo na dock. Pior ainda, frequentemente surgem vindos do céu ou surgem na cena a um passo de ti.
Os visuais de Payday 2 não são uma amostra do potencial da consola e trata-se de cortes estratégicos sobre as versões Xbox One e PS4 para que corra num sistema com menor poder. O problema é que os cortes são acompanhados por uma performance que não satisfaz. Mesmo na dock, terás quedas abaixo de 30fps, o alvo, o que não é ideal num FPS. Algumas áreas podem descer para 20fps e ficar lá por muito tempo, devido às transparências alpha e elevados níveis de geometria.
Os problemas de performance são bem perceptíveis e alguns aspectos da velocidade do gameplay estão ligados directamente ao rácio de fotogramas. Se o jogo desce para 20fps, a acção parece correr a dois terços da velocidade, parecendo que te moves sobre melaço. Tendo em conta o quão varia o rácio de fotograma, até actos simples como apontar é difícil.
Lembra-te que isto acontece mesmo com todos os cortes na qualidade visual e existem outros problemas: o jogo soluça quando atiras uma granada - interacção por físicas que adiciona um soluço e quedas no rácio de fotogramas. Adicionais picos no tempo de fotograma para 16ms mesmo quando o jogo consegue chegar a 30fps também tornam a experiência menos consistente. Em modo mobile, os problemas na performance são mais pronunciados. Algumas áreas que correm a 30fps na dock, correm a 20fps em modo mobile. Talvez uma conversão dinâmica da resolução ajude a gerir as piores quedas.
Recentemente, a Switch foi abençoada com várias conversões boas e tem sido espantoso ver tantos títulos excelentes ganhar nova vida na híbrida, especialmente porque permitem jogar muitos deles em formato portátil pela primeira vez. São sempre necessários compromissos para converter um jogo PS4/Xbox One para um chipset mobile, é preciso um bom equilíbrio entre gráficos e performance. Payday 2 sofre com cortes gráficos que não conseguem estabilizar a performance, algo muito importante neste jogo.