Dragon Quest 11 na Switch: conversão inteligente, muito bem executada
A conversão é excepcional e existem novidades.
É uma alegria jogar Dragon Quest 11 na Nintendo Switch, jogo que a nossa audiência destacou como um título para o qual devíamos mesmo olhar. É uma conversão de grande sucesso de um jogo que usa o Unreal Engine 4 que até desafia o poder GPU da PlayStation 4 e, ainda assim, a conversão Switch é muito, muito similar e em alguns casos, melhor.
Mudanças no conteúdo, melhorias e actualizações juntamente com uma abordagem inteligente aos ajustes visuais asseguram isto. É o cuidado e atenção dada à conversão que merece respeito. Lado a lado, existem óbvios compromissos gráficos entre Switch e PS4, mas é absolutamente fascinante a forma como a Square Enix abordou esta conversão.
Quando DQ11 chegou à PS4, fiquei impressionado, mas também notei que alcançar esta visão exige muito poder. Isto resultou num jogo 900p na PS4 e 3072x1728 na Pro com checkerboard. Na Switch, a equipa optou por uma resolução dinâmica. Na dock vi 720p e 792p até mesmo 810p, mas por ir acima ou abaixo disto. Em modo portátil, a resolução média é 20 a 25% inferior e em média, corre a 540p - por vezes acima disto, por vezes abaixo.
Por vezes, as coisas são pouco nítidas, mas é uma imagem bem melhor que outros jogos Unreal Engine na Switch e até jogos first-party como Xenoblade Chronicles 2 - que corre numa resolução inferior, mas as mudanças feitas a DQ11 vão além da resolução. A Square Enix usou Simplygon e outras ferramentas para reduzir o detalhe geométrico nos personagens e cenários, reduzindo a complexidade das misturas para combinar melhor com os alvos de performance e tamanho dos dados.
Para ajudar com os tempos de loading e reduzir os 30GB do jogo na PS4 para 14GB, a versão Switch também apresenta texturas inferiores. Devido ao estilo do jogo, os cortes na geometria e texturas não representam um problema, especialmente em modo portátil. O mesmo vale para o detalhe das sombras, inferior na Switch, e as sombras dos personagens desapareceram. O mesmo se aplica à oclusão ambiental (reduzida) e reflexos screen-space (removidos). O jogo tem na mesma um aspecto lindo e somente quando visto lado a lado com o da PS4 é que notas o quanto mudou.
Dragon Quest 11 também exigiu imenso trabalho para converter o mundo de grande escapa para a Switch e é aqui que começas a ver maior criatividade. As árvores, por exemplo, são feitas através de objectos achatados desenhados para representar árvores. Quando te aproximas de uma, percebes as transições para um modelo mais detalhado. A técnica é usada imenso no mundo principal para reduzir a complexidade, juntamente com menos relva em termos de distância de visão e densidade. Isto também se aplica aos objectos e personagens que surgem mais próximos de ti do que na PS4. Isto poderá distrair um pouco quando estás no mapa mundo, mas no geral, as áreas estão aceitáveis. Na verdade, a versão PS4 também está repleta de pop-in.
A iluminação também é interessante. Muita iluminação subtil, especialmente nos personagens, parece ausente ou modificada na Switch. Também foi fascinante descobrir que a equipa desejou mudar para Enlighten como solução de iluminação global na Switch, mas não conseguiu. A versão Switch usa a solução global Lightmass do Unreal, que existe iluminação pré-estabelecida antes de verificar os resultados, enquanto a Enlighten permite uma previsão em tempo real através do editor.
Existem imensas mudanças e uma perda na qualidade, mas o que torna esta conversão impressionante é como isto foi implementado. Todos estes ajustes são muito bem executados para evitar grandes distracções. É na mesma Dragon Quest 11 e não sofre tantos sacrifícios quanto outras conversões e é este equilíbrio que resulta a seu favor e entrega algo com aspecto impressionante.
Esta versão apresenta ainda vozes em Inglês e Japonês, mas a melhoria mais óbvia está na banda sonora, inclui arranjos de orquestra. Nem todas as músicas receberam este tratamento, mas a maioria do jogo decorre com estes arranjos muito mais agradáveis.
Dragon Quest 11 na Switch inclui ainda os gráficos 2D usados na versão 3DS num modo secundário. Basicamente, podes jogar Dragon Quest 11 com gráficos pixel art, transitando entre modos nas igrejas. É uma ideia interessante, o jogo corre a 60fps neste modo, mas as cutscenes correm a 30fps, apesar desta versão apresentar encontros aleatórios e mapas modificados. Parece totalmente diferente, mas familiar e altamente divertido. Apenas tenho queixas sobre as caixas de texto e HUD que são renderizados com as fontes e gráficos de alta resolução da versão 3D. Preferia algo em resolução inferior, próximo dos visuais 16-bit.
A versão Nintendo Switch é boa, tem imensas funcionalidades e opções extra, combinadas com visuais comparáveis ao original na PS4. É uma versão muito boa do jogo, mas e a performance? Temos boas notícias. Passarás a maioria do tempo a explorar o mundo totalmente 3D e é aqui que o jogo está mais firme. Corre a 30fps fixos, com pequenas quedas ocasionais. A Square Enix conseguiu igualar o original em termos de performance e isso é impressionante.
Dragon Quest 11 é uma conversão impressionante e estou grato por a audiência do Digital Foundry nos ter chamado a atenção. Diria que está entre as melhores conversões para a Switch e fica muito bem ao lado do original. O jogo tem limitações e falhas, mas é um bom Dragon Quest e combina bem com uma portátil como a Switch. Sim, se analisares individualmente cada componente, a queda na qualidade é evidente, mas o melhor elogio que lhe posso dar é que enquanto conversão, penso que funciona melhor do que The Witcher 3 e Wolfenstein 2.