Link's Awakening na Switch: como se aguenta um jogo Game Boy 26 anos depois?
Primeiro olhar ao fascinante remake.
Pode o remake de um jogo Game Boy de 1993 funcionar na Nintendo Switch? Baseado na demo E3 que joguei, a resposta é um entusiasmado 'sim' - e em grande parte devido à qualidade do design original. A combinação de um overworld com design inteligente, masmorras desafiantes e visuais que puxavam pelo Game Boy asseguraram ao original o estatuto de clássico. Apesar de ser uma experiência 8-bit, este jogo portátil conseguiu entregar um jogo Zelda que rivalizava com os irmãos mais velhos na Super NES e a nova versão Switch está linda.
A Nintendo voltou a aliar-se à Grezzo - responsáveis pelos dois remakes N64 na 3DS - e o que desde logo chama a atenção é o quão fiel o novo jogo é ao original. Quando inicias Link's Awakening, és recebido com uma bela introdução - uma sequência em vídeo que recria a do original. A animação eventualmente termina e o jogo passa para gráficos in-engine que mostram uma bela cena numa praia, com um suave foco com campo de profundidade e água que cobre a areia. Mais uma vez, é uma recriação quase perfeita da cena original.
Temos renderização de gráficos 3D modernos, mas isto é mesmo Link's Awakening. O design e posicionamento dos itens, estradas, relva e personagens são consistentes entre Game Boy e Switch. Algun dos detalhes que realmente me agradaram incluem as flores - desenhadas em pares, tal como no Game Boy. Além disso, as árvores mantiveram o aspecto devido ao mesmo design no tronco. A versão original adicionou borboletas em alguns locais para dar mais vida aos blocos e também estão no remake. Mais à frente, descobrirás a praia, que inclui uma textura na areia que relembra o original.
A maior mudança está na inclusão de scrolling ao invés da abordagem ecrã a ecrã vista no original, reminiscente do original NES. Com esse excepção, fica a sensação que a Grezzo e a Nintendo conseguiram capturar autenticidade e charme nesta versão 3D do mundo original em 2D.
Ao criar um jogo como este, os programadores canalizam ocasionalmente a sensação do original e mudam drasticamente o design, mas aqui, a Grezzo manteve-se fiel - algo interessante pois o original tinha algumas limitações: o design ecrã a ecrã no Game Boy era óbvio e tudo estava dividido numa grelha. Fiquei surpreso por ver que corre tão bem com scrolling suave, mas as similaridades com o material original significam que o estilo grelha permanece. Diria que as áreas maiores em A Link to the Past não vão marcar presença aqui.
Também existem aspectos como os conjuntos limitados de grelhas a ter em conta - na Game Boy, todos os mundos são apresentados em ângulos de 90 graus, provavelmente devido às restrições de memória e design do ecrã. Não existem paredes em ângulos, tudo é recto. Isto é um contraste com A Link to the Past, que recorre a ângulos para melhorar o design dos níveis. Penso que a equipa tomou a decisão correcta. Estas limitações resultaram em designs muito interessantes que ainda hoje estão boas e criar grandes alterações podia estragar tudo.
As mudanças além da passagem de 2D para 3D recompensam imenso. Sou um grande fã da câmara, a pequena inclinação na câmara e subtil uso do campo de profundidade dão ao jogo um aspecto tilt-shift em miniatura que é lindo. Dá mesmo a impressão de correr em torno de um modelo real do mundo. Em termos de controlos, o jogo está diferente, mas no bom sentido. O movimento é menos restrito e os combates mais fluídos. Está mais perto de A Link Between Worlds ao invés de Link's Awakening - o que é bom.
Ainda assim, sinto que existe margem para melhorias. Nos interiores, corre a 60fps, mas quando estás no overworld, a demo demonstrou problemas na performance. Link's Awakening usa um duplo buffer v-sync, o que significa que quando o jogo não consegue alcançar o objectivo, a performance é cortada para metade. Assim sendo, o jogo salta entre 30fps e 60fps ao explorar o overworld.
No entanto, é preciso ter em conta que estamos perante um código incompleto. Os jogos da Nintendo têm um bom historial no que diz respeito à performance, por isso tenho grandes esperanças que isto seja corrigido até ao lançamento, mas é actualmente um problema. Será interessante ver se os programadores alcançam os 60fps ou se simplesmente vão bloquear o jogo a 30? Descobriremos mais em Setembro.
Em termos de resolução, Link's Awakening estava jogável apenas em modo dock e parecia correr a 1404x792. A qualidade de imagem é consistente com a maioria dos jogos Switch e se os programadores querem chegar aos 60fps, deverá ser adequada, mas não um dos melhores argumentos. A estética definitivamente triunfa sobre o número de pixeis, mas ainda existem arestas por limar.
Existe grande potencial aqui - Link's Awakening é um dos meus jogos favoritos na série e estou contente com a abordagem feita aqui. Os visuais estão lindos, as melhorias no áudio são especialmente agradáveis e é fascinante ver um jogo na Switch que está tão enraizado no original, lançado há mais de 25 anos - mantendo o seu charme e apelo.