Diretor Criativo do Remember Me discute igualdade de géneros
"Estou bastante contente de poder ver que há cada vez mais jogos com personagens principais femininas."
Dontnod Entertainment, ao conseguir com que a personagem principal Nilin fosse a protagonista no seu próximo jogo de ação e aventura, disse que "simplesmente se sentiu bem", embora o diretor criativo Jean-Maxime Moris disse ao Shacknews que o jogo é muito mais do que pôr homens e mulheres no mesmo patamar social e profissional do que o estúdio imaginou pela primeira vez.
"Nós nunca pensamos que a igualdade de géneros fosse um tema importante no jogo, mas pensando bem no mundo que criamos, é verdade que as mulheres têm posições-chave no seu governo", disse Moris. "Em 2013, temos um longo caminho a percorrer em termos de igualdade de géneros, portanto deve-se tomar isto como um ato subconsciente militante."
Moris disse que a equipa teria de ter cuidado com a Nilin ao mesmo tempo, tendo em conta que a maior audiência gamer ainda pende para o público masculino entre as idades correspondentes dos 15 aos 25 anos. "Tem de se evitar as armadilhas de fazê-la apenas como uma donzela em perigo ou uma sex symbol, porque é isso que se acha que vai apelar mais para as hordas de homens que constituem a sua base de fãs", comentou o diretor. "Mas, se respeitares o público, então recusas-te a baixares os braços, e eventualmente és pago de volta porque o que fazes é diferente. Mas não estou a dizer que somos os únicos. Estou bastante contente de poder ver que há cada vez mais jogos com personagens principais femininas."
Ter uma protagonista do sexo feminino foi necessário para desenvolver melhor a história intimista e as memórias pessoais no mundo cyberpunk de Remember Me - Neo-Paris - disse Moris.
"Isto é muito diferente dos típicos temas cyberpunk que se focam mais em melhoramentos físicos artificiais. Foi necessário um trabalho imenso para ter a certeza que a Nilin apresentava um equilíbrio de aspecto atractivo e características marcantes. O design da personagem, diálogo, animação, regras de jogo... tudo desempenha um importante papel para assegurar que ela se torne uma personagem poderosa."
Moris disse que foi necessário pensar muito para que Dontnod criasse a visão de qual seria o aspecto de Paris em 2084. "O nosso director narrativo (Anain Damasio) e escritor (Stéphane Beauverger) são autores de ficção científica condecorados, e o nosso director artístico (Aleksi Briclot) é um artista conceitual de renome mundial. Eles recrutaram uma equipa de especialistas nos seus respectivos campos e fizeram uma quantidade espantosa de pesquisa sobre todos os detalhes da geografia de Neo-Paris, desde a arquitectura à alimentação das pessoas."
De facto, ideias de ficção científica provêm do que os produtores leram, viram ou jogaram, e Moris diz que Memento, Blade Runner e mesmo as obras de Phillip K. Dick influenciaram de alguma forma o jogo. Mas disse que o filme Inception, que surgiu dois anos depois do início da produção do jogo, fê-lo sentir que estavam no caminho certo.
"Ao vê-lo, senti que os meus documentos de design me estavam a passar à frente dos olhos. Fez-me sentir um pouco mal porque aquilo a que eu me estava a dedicar completamente começou a parecer um pouco menos inovador pela primeira vez. Mas no fim de contas acabou por ser bom, pois ajudou-me a apresentar o jogo às distribuidoras muito mais facilmente."