Disney Universe - Análise
Little Big Universe.
O género das plataformas foi sempre muito popular entre as franquias detidas pela Disney. É uma óptima forma de representar imediatamente um universo, inserindo personagens extraídas dos filmes com grande facilidade e as quais acabam por enfrentar um bom caderno de desafios. Por vezes dotados de uma estrutura que faz dos jogos Disney um produto para uma audiência juvenil, Disney Universe fica num ponto intermédio, justamente ao propor uma reunião entre pais e filhos, com a ajuda daqueles a superar as deficiências destes, principalmente se estiverem a dar os primeiros passos no mundo dos videojogos.
Disney Universe é um jogo bem disposto, divertido, mas longe da complexidade habitualmente reinante nos actuais jogos de plataformas. E um desses exemplos que se me torna claro pela proximidade e partilha de design é Little Big Planet. Mas enquanto que no jogo da Media Molecule o fascínio da obra repousava na engenharia aplicada na construção dos níveis e de uma quantidade quase infindável de ferramentas, em Disney Universe tudo isso está construído. É uma boa parte do trabalho que se poupa, mas nem por uma pretensa falta de diversidade ficará o jogo prejudicado.
Tal como o nome sugere, este jogo é composto por vários mundos descritos a partir de filmes mais recentes e clássicos da Disney, em colaboração com a Pixar, muito em voga por estes dias. Os produtores erigiram o jogo em torno de seis filmes: Aladino, Alice no País das Maravilhas, Rei Leão, Piratas das Caraíbas, Monsters, Inc e Wall-E. Porém, não esperem uma representação fidedigna das películas animadas, ou sequer a presença das personagens protagonistas em moldes mais infantis. O que existe sim é uma representação de vários mundos tendo por base cenários dos filmes e algumas das suas passagens, mas nem sempre com a fidelidade desejada.
Comparando com os jogos da licença Lego que levam bem mais por diante a combinação com séries e películas cinematográficas, Disney Universe não pretende espelhar essa fidelidade, antes propor um desafio até quatro jogadores, colocando-os em permanente colaboração para resolver os diferentes puzzles e enfrentar ondas gigantescas de inimigos. É um jogo fácil e depressa torna-se repetitivo, mas voltamos a insistir que o seu "target" passa por uma audiência que aglutina adultos e crianças.
O jogador irá assumir o comando de uma pequena criatura endiabrada Depois poderão "vesti-la" recorrendo a indumentárias retiradas dos filmes Disney. Vestimentas imediatamente reconhecidas, até 40 possibilidades de escolha. Um verdadeiro guarda-fatos. Haverá muitas para adquirir e este é um dos primeiros pontos de maior personalização. Assim, quando quatro jogadores se juntarem haverá uma interessante conjugação de fatos e roupas, algumas mais extravagantes e apelativas.
De resto o objectivo do jogo passa pela colaboração entre os participantes. E se o jogo se torna realmente mais apelativo na actuação em simultâneo de quatro jogadres (só não pensem na explosão de animação que é Power Stone), sempre poderão progredir individualmente, resolvendo os puzzles e levando de vencida combates que dependem de algum esforço. É verdade que apesar da aparente simplicidade com que são colocados os puzzles, terão ainda algum trabalho pela frente se quiserem completar o jogo, obter os tão famosos troféus e desbloquear uma série impressionante de coleccionáveis. Por vezes perderão a vida e ficarão com menos dinheiro na carteira, ainda que de um modo geral este abunde pelos cenários e permita seguir em frente.
A progressão entre os diversos cenários/filmes não é necessariamente linear. Podem optar por despender algum dinheiro na aquisição de um nível de outro filme e assim mudar de película. De resto os cenários apresentam-se totalmente em 3D. A câmara tem um ponto fixo, mudando o raio de visualização quando há um ponto superior ou lateral que carece de um curto movimento para permitir o alcance da nossa personagem.
O teor da jogabilidade radica na resolução de puzzles sucessivos. Como que existindo uma linha a cumprir entre o ponto A (partida) e o ponto B ( meta), o jogador terá de manipular diversos objectos e gerar alguns dos seus efeitos para que seja possível abrir pontes para alcançar o plano seguinte. Num desses níveis do filme dos Piratas das Caraíbas a nossa personagem movimenta um canhão desse período medieval para um ponto específico e faz alguns rebentamentos na direcção de alvos. O objectivo é estabelecer uma passagem superior.
É notória uma boa diversidade de puzzles e consoante progridem entre os filmes encontram algumas situações interessantes. Pelo meio terão sempre de enfrentar sucessivas vagas de inimigos e até vencer alguns "bosses" antes de completarem o nível. Levar este processo muito longe faz de cada novo nível uma repetição da matéria dada e num determinado momento aquilo que era simples e interessante torna-se num mandamento do qual não há qualquer hipótese de fuga.
Entre activar alavancas e dar uso a certos objectos, o interesse em boa parte dos níveis e da competição passa por esta sensação de descoberta que nem sempre abandona o jogador. Talvez seja demasiado simples e os indicadores que apontam para a resposta tornam aquilo que podia ser um desafio, numa solução clara que imediatamente dilacera a experiência para os adultos.
No final do jogo as tabelas de ranking funcionam como um repositório de aptidões, onde os mais lestos a meter moedas ao bolso adquirem outra disponibilidade para conhecer mais a fundo o jogo. Disney Universe é uma experiência divertida mas que funciona por um curto período de tempo. Não tanto pela falta de níveis. Nisso, os seis mundos disponíveis garantem algumas horas de atenção, mas depois da sensação de descoberta inicial a experiência entra num rumo onde os desafios se sucedem sem renovação das ferramentas.