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DmC Devil May Cry - Análise

Eu sou mais forte. Pois, mas eu sou mais bonito.

Os modos anjo e demónio (ou diabo) alteram também a mobilidade de Dante durante o combate de forma significativa. O primeiro permite lançar umas correntes que projetam Dante na direção de um inimigo, enquanto o último permite puxar os inimigos e objetos na direção de Dante, estilo Scorpion no Mortal Kombat. A estrutura dos níveis está desenhada para aproveitar por completo estas opções de mobilidade, e a ação nas missões alterna quase sempre entre hordas de inimigos que o jogo nos atira para cima e momentos de verdadeiras plataformas em que estas habilidades são fundamentais.

A progressão pelos níveis é sempre rápida e fluida, pena se manter nos 30 frames mas enfim, a minha experiência ao longo das vinte missões do jogo foi sempre a um ritmo agradável e francamente divertido. Existem missões secretas escondidas pelos níveis, bem recompensadas mas que provavelmente só vão aceder numa segunda rodada. A progressão das habilidades de Dante está dividida entre os pontos de "upgrade" e as souls, com os primeiros podem ir desbloqueando vários movimentos dedicados a cada arma, e as segundas servem para aumentar a vida total e comprar consumíveis. Só vos garanto que é complicado aperfeiçoar os movimentos novos ao ritmo que os desbloqueamos, quase impossível diria.

As batalhas com os Bosses não são especialmente difíceis, mas são memoráveis. Não quero estragar a surpresa mas todos estes monstros são repugnantes e particulares da sua própria maneira, uma destas lutas é uma espécie de tributo aos "beat em up" e uma outra é uma sátira ao poder que a televisão tem sobre as massas por exemplo.

À medida que os eventos se desenrolam vamos sabendo mais sobre o passado de Dante e o miúdo rebelde e vazio que nos apresentam de início vai nos conquistando aos bocados. Filho de um demónio e de um anjo, Dante faz parte de um grupo especial conhecido por Nephilims, criaturas que herdam o melhor dos dois mundos e por isso são uma ameaça especial para Mundus. O jogo é algo "scripted", ou seja, pré-determinado, com o objetivo de contar uma história exatamente da forma que a Ninja Theory estabeleceu, não existe por isso um modo cooperativo ou qualquer tipo de escolhas durante a aventura.

Gostei muito mais dos ambientes em termos estéticos do que técnicos, as texturas não são do melhor que podemos ver nesta geração, mas a proporção e o aspeto grotesco do Limbo e principalmente de alguns demónios compensam a falta de fidelidade de algumas texturas. As animações são excelentes, principalmente do combate, e uma última palavra sobre camera que é livre (analógico direito) e por isso poderá parecer estranha para alguns. Não existe o "lock on" tradicional, mas antes um "soft lock", ou seja, Dante foca-se no inimigo mais próximo tendo em conta a direção em que nos movimentamos, pessoalmente gosto mais assim, mas é natural que existam opiniões contrárias.

Outro aspeto em que o jogo é muito competente é no campo dos sons, quer seja nos diálogos durante as cutscenes, que já agora, são demasiadas, mas principalmente no que à musica diz respeito, fundamental para acompanhar o ritmo da ação. Sempre num tom a alternar entre o heavy metal e o dubstep, coincidente com o tom geral do jogo.

No final de cada missão o jogo atribuí uma nota à nossa prestação, que tem em conta coisas como os pontos de estilo obtidos através do combate e dos combos, dos consumíveis que utilizámos ou das nossas mortes durante a missão. Para servir de suporte a este sistema existe ainda uma tabela de líderes que regista a melhor pontuação conseguida. E se julgam que podem bater DmC facilmente, experimentem completar todos os objetivos em todos os modos de dificuldade.

"...surpreendente nas duas dimensões mais importantes num jogo deste género, o combate e a estética."

O jogo não é muito longo, acabei toda a aventura em duas sessões de gaming intenso, mas para lá das missões secretas e dos tradicionais três níveis de dificuldade (Human, Devil hunter e nephilim), existem ainda mais quatro dificuldades que não só aumentam a vida dos inimigos e o dano que infligem, como tornam as vagas de monstros aleatórias e aumentam o seu arsenal de habilidades. Quando terminam um modo de dificuldade desbloqueiam outro imediatamente a seguir, na rodem Son of sprada, Dante must die, Heaven or hell e finalmente Hell and hell. Os últimos modos são para os mais audazes, ou loucos se quiserem, já que Dante morre com um golpe apenas.

Engraçado porque inicialmente este Devil May Cry foi exatamente o que eu esperava dele, pouco mais do que um "Hack and Slash" genérico e muito focado num público-alvo, mas com o desenrolar do jogo e à medida que a minha própria "skill" crescia, fiquei preso até ao final como raramente acontece. Não é nenhuma obra-prima, mas consegue ser surpreendente nas duas dimensões mais importantes num jogo deste género, o combate e a estética.

Com um combate acessível mas muito profundo e complicado de perfectibilizar, Devil May Cry acaba por ser um bom regresso, certamente divertido e com bastante "replay value". Os fãs mais acérrimos do Dante original poder-se-ão sentir traídos, mas se derem uma oportunidade a si mesmos, livres de preconceito, talvez acabem por admitir no final que o miúdo até tem pinta.

8 / 10

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