DmC Devil May Cry: Definitive Edition - Análise
SSSensacional.
Entre a epidemia remasterizações e remakes que têm surgido nos últimos meses, a edição definitiva de DmC Devil May Cry é um dos poucos casos que até faz sentido. A jogabilidade impera acima de tudo nos jogos de Dante, e aumentar a framerate para 60 fotogramas por segundo faz diferença e dá mais fluidez ao jogo.
Para quem diz que não vê diferença, experimentem um jogo de 60 fotogramas por segundo durante vários minutos e a seguir troquem para um jogo de 30 fotogramas por segundo. De certeza que vão reparar que o jogo 30 fotogramas parece estar a correr em câmera lenta. Não é só uma questão de fluidez, os 60 fotogramas por segundo possibilitam controlos mais responsivos. É por isto que jogos que requerem minúcia nos controlos e respostas rápidas dão preferência a framerates mais elevadas.
Com DmC Devil May Cry, a Ninja Theory cometeu o pecado capital de reduzir a framerate para 30 fotogramas por segundo. Isto, entre outras alterações feitas ao protagonista e à história, deixou os fãs da série fulos. Todos os Devil May Cry até àquela data tinham cumprido a tradição dos 60 fotogramas por segundo, um alicerce importante para jogabilidade incrível pela qual a série se tornou famosa. Trocar fluidez por gráficos bonitos é uma opção comum nos videojogos, principalmente nas consolas, devido às limitações do hardware, mas para um novo Devil May Cry não foi a decisão mais acertada.
As versões originais para a PlayStation 3 e Xbox 360 (a versão para PC é um caso à parte, já que dava para jogar a 60FPS) estavam longe de ser más, pelo contrário, a interpretação da Ninja Theory de Devil May Cry surpreendeu pela positiva, no entanto, não transmitiam a mesma sensação dos jogos originais. A jogabilidade concebida pelo estúdio britânico não ficava atrás dos anteriores, mas estava manca devido à lentidão da ação e menor fluidez. No fundo, não dava a sensação de ser um Devil May Cry. Será que esta edição definitiva corrige este problema? Sem dúvida.
Além do já referido aumento relevante para 60FPS, a Ninja Theory adicionou a opção de ativar o Turbo Mode, que basicamente aumenta a velocidade do jogo em 20 porcento. Esta opção é escolhida antes do início de cada capítulo, pelo que podem ativá-la e desativá-la conforme vos apetecer. Mais uma nova opção é o modo Hardcore, que torna difícil chegar aos ranks de estilo mais elevados (chegar ao SSS - Smokin Sick Style é bem mais fácil neste DmC do que nos anteriores) e aumenta o dano causado pelos inimigos. Para veteranos, estas duas opções aproximam a experiência de DmC Devil May Cry à dos jogos originais.
Devil May Cry sempre foi conhecido pela sua quantidade de modos de dificuldade. Nesta edição definitiva a Ninja Theory adicionou mais dois modos: o Gods Must Die, o nível de dificuldade mais difícil do jogo, e o Must Style, em que só é possível causar dano aos inimigos se o rank do vosso estilo for "S" ou superior. Os novos modos de dificuldade são adições valiosas para veteranos, que estão habituados aos Devil May Cry impiedosos que requerem um conhecimento alargado da jogabilidade e do leque de combos possíveis. O único senão é que estes modos não estão desbloqueados desde o início, o que implica que terão que passar primeiro o jogo nas dificuldades menores.
Complementado o leque de novidades, foram incluídos todos os conteúdos adicionais, nomeadamente os fatos alternativos para Dante, as skins para as, e o Vergil's Downfall, o DLC que permite jogar com Vergil e acompanha a sua história depois do final do jogo. O que é exclusivo para esta nova edição é o Bloody Palace de Vergil, uma arena de desafios em que temos de derrotar inimigos cada vez mais difíceis. Neste momento, não há forma de ter acesso a este conteúdo no PC, PS3 ou Xbox 360 e a Capcom não anunciou sequer planos para isso.
Neste momento, já se tornou evidente que a edição definitiva é uma resposta às falhas apontadas à versão original e também uma tentativa de conquistar os fãs dos Devil May Cry anteriores. Na jogabilidade há definitivamente uma maior aproximação a Devil May Cry (a adição do lock-on manual é bem-vinda) mas os fãs hardcore ainda terão que aprender a conviver com a nova história e com a nova personalidade de Dante. Bem, pelo menos nesta versão Vergil já não usa aquele chapéu ridículo.
Em DmC Devil May Cry tanto Dante como Vergil não são o resultado da união entre um demónio e humano, mas antes o fruto de um demónio e anjo. Nephilim é nome desta raça híbrida. A nova interpretação do universo de Devil May Cry alarga-se à jogabilidade. Ao longo da história Dante desbloqueia poderes e ataques de demónio e anjo que são ativados nos gatilhos. Na versão original havia inimigos só sofriam dano de um tipo específico de poder, todos os outros ataques faziam ricochete e deixavam Dante desprotegido. Na edição definitiva estes inimigos passam a sofrer danos de todos os ataques, mas o dano será muito reduzido se o ataque utilizado não for do tipo indicado.
Há mais uma alteração subtil. Agora já não há distinção entre as chaves escondidas nos níveis que são necessárias para abrir as portas para aceder às áreas secretas. Na versão original as chaves podiam ser de Bronze, Prata, Ouro ou Platina, e só podiam ser usadas nas portas correspondentes. Na edição definitiva qualquer chave que encontrarem pode ser utilizada para abrir qualquer porta, facilitando o processo de completar todas as áreas secretas, que aumentam a barra de saúde e "Devil Trigger" de Dante.
Com todas as novidades e alterações aqui referidas, DmC Devil May Cry está melhor e mais apto para satisfazer as necessidades dos fãs hardcore de hack-and-slash, mas algumas das decisões da Ninja Theory ainda são capazes de assombrar os fãs. No primeiro capítulo o jogo goza com a antiga versão de Dante por ter o cabelo branco, mas depois temos vários fatos disponíveis que colocam o novo Dante com esta cor de cabelo, o que não faz muito. Mas este é apenas um pequeno detalhe, uma falha aceitável perante o resto do jogo.
"Esta edição definitiva mudou mais uma vez a minha impressão e levou-me a apreciar mais o trabalho feito pela Ninja Theory."
Tenho que admitir que inicialmente assumi uma posição céptica relativamente a DmC Devil May Cry. Após jogar o original para a PlayStation 3 e Xbox 360, reconheci que estava perante um título de qualidade, mas ainda assim, inferior aos anteriores. Esta edição definitiva mudou mais uma vez a minha impressão e levou-me a apreciar mais o trabalho feito pela Ninja Theory. No entanto, ainda sinto falta do Dante original e da versão japonesa de Devil May Cry. Para fãs ferrenhos, o Dante da Ninja Theory é mais fácil de digerir se for visto como um spinoff e não como um substituto, e enquanto um sucessor não é anunciado pela Capcom, DmC Devil May Cry mata a sede de um novo jogo.
Se ainda não jogaram DmC Devil May Cry, a Definitive Edition é a melhor porta de entrada. Esta edição está aperfeiçoada e corrige as falhas mais salientes enquanto em simultâneo adiciona novos conteúdos, dá acesso todos os conteúdos adicionais, e mantém as forças do original, nomeadamente um sistema de combate variado e profundo, banda sonora espetacular e níveis visualmente fantásticos. Para quem já jogou, resta pesar se as novidades justificam um novo investimento no jogo. Pelo menos, a Definitive Edition não custa tanto como um novo jogo, estando a ser vendida nas lojas portuguesas por 39.99 euros. Por outro lado, a nova edição também vem colmatar a ausência de um bom hack and slash no catálogo da PlayStation 4 e Xbox One, portanto, a Capcom acerta assim em dois pássaros com uma pedra: capta a atenção dos fãs de Devil May Cry e daqueles que estão desesperados por um jogo deste género com combos espetaculares para esta geração.