Dragon Quest 3 HD-2D remake review - JRPG por turnos vindo da velha guarda
A atualização visual não compromete a sua essência.
É extremamente difícil jogar Dragon Quest 3 HD-2D remake sem ficar com a sensação que é um dos melhores jogos da Square Enix dos últimos 10 anos. Este remake mostra que os projetos HD-2D se estão a tornar numa das suas principais jóias da coroa, ao conseguir com total triunfo executar a missão de misturar gráficos e componente técnica atuais sem alterar a sua essência. É efetivamente um jogo de 1989, mas com todos os argumentos para mostrar que na verdade é um jogo de 2024.
A história de um jovem que começa a explorar local a local um enorme mundo de fantasia para encontrar caminho até o monstro que ameaça toda a humanidade é o pilar de Dragon Quest 3 HD-2D remake, mas na sua missão de apresentar o clássico a uma nova geração, foram criadas novidades, introduzidas novas mecânicas e simplificados alguns processos para evitar incómodos entre alguns novos jogadores (falo de coisas como permitir viagem rápida a partir de uma masmorra ou obter muito cedo a magia de teletransporte).
Com uma estética absolutamente mágica, uma banda sonora maravilhosa, melhorias na experiência geral, mais história, vozes, e um sistema de combate muito divertido apoiado por uma IA muito competente, é extremamente difícil não ficar apaixonado por Dragon Quest 3 HD-2D remake.
Sistema de combate por turnos na primeira pessoa
Na missão de criar um verdadeiro remake de Dragon Quest 3, as equipas atualizaram os visuais e criaram sprites HD-2D muito belos de apreciar, mas nos combates são raros de ver. Somente quando estás a escolher as ações é que podes apreciar os modelos dos personagens pois a câmara transita para a primeira pessoa quando começam a executar as ordens. Aí, o foco fica todo nos inimigos e nos belos efeitos visuais das magias ou ataques especiais.
Apesar de não vermos as personagens a atacar, algo que é possível nos jogos mais recentes, mas fiel aos clássicos, os combates de Dragon Quest 3 HD-2D remake são divertidos, especialmente porque a IA é muito competente. Podes jogar praticamente todo o jogo só a controlar o protagonista e só em alguns bosses sentir que tens de controlar mais membros da party. Mesmo nas lutas mais difíceis, a IA mostrou-se muito competente ao usar as magias buffs e ataques mais eficazes, mais uma amostra de como a equipa de produção atualizou o jogo sem deturpar a sua essência clássica.
É pena que ao longo da jornada, que dura pouco mais de 40 horas com conteúdo extra executado, tenhas imensos períodos de grind para obter XP e dinheiro para armas ou armaduras. Frequentemente, Dragon Quest 3 HD-2D remake tornou-se num “jogo podcast”, jogado a ouvir um podcast ou música para tolerar as batalhas sucessivas. A XP é importante para subir de nível e obter uma magia ou habilidade de especial importância (como ressuscitar ou curar), mas frequentemente senti que era o dinheiro para melhor equipamento que me obrigava ao grind.
Apesar do divertido sistema de combates por turnos, que até corre com fluidez graças à ajuda da IA, tive períodos no qual mais de 70% do tempo de jogo foi a rodar personagens no mesmo sítio para ativar encontros aleatórios e obter dinheiro ou XP. Sim, isto é normal num JRPG, especialmente num jogo daquela era, mas inevitavelmente prejudica a sensação de progressão na narrativa e estagna a experiência.
Mais história, novos bosses, nova Vocação, Arena e muitos segredos
Dragon Quest 3 HD-2D remake exibe alguns ajustes no design do mapa mundo e de alguns locais, mas no geral é um título que até podes jogar com a ajuda de guias criados para a versão original. No entanto, existem diversas novidades criadas para expandir um jogo já repleto de conteúdo, na sua versão NES original. Um dos esforços para expandir a narrativa está em sequências que mostram as aventuras de Ortega, uma forma de explicar como o protagonista segue as pisadas do pai e ver o passado, mas também o faz com a ajuda de novos bosses, que também ajudam nessa missão de expandir a narrativa.
Este mundo está repleto de segredos e locais nos quais nem sequer precisas entrar para terminar a campanha, mas na tua busca por informações e em nome da tua curiosidade, certamente vais entrar em todos. Existem diversas vocações, Monster Wrangler é uma nova, usa ataques de animais, e os veteranos da série certamente já esperavam o regresso de Sage, uma vocação muito útil, obrigatória, mas opcional e um “segredo”. Além disso, existe uma Arena de Monstros onde podes combater com as criaturas que encontras em pontos das masmorras, cidades ou locais escondidos no mapa mundo.
Não podes recrutar estas criaturas após as batalhas, tens de as encontrar nos cenários ou mapa mundo, mas se as conseguires convencer, elas vão estar ao teu dispor para combater nas Arenas. Dragon Quest 3 HD-2D remake segue o original, está carregado de segredos, o que também se aplica ao recrutamento de monstros, pois alguns exigem itens específicos para confiarem em ti. Não há dúvida que o conteúdo extra em suporte aos segredos já existentes ajudam a torná-lo muito mais interessante e engrandece a sua ambição de se posicionar como um jogo de outrora com visuais de agora.
Gráficos e som
A Square Enix e a ARTDINK usaram novamente o Unreal Engine 4 para um projeto HD-2D, o segundo remake neste estilo visual após Live A Live, o que é facilmente compreensível pois bastam alguns segundos para ficarmos rendidos ao encanto visual. Dragon Quest 3 HD-2D remake é um jogo extremamente belo de apreciar, que conquista em pleno aquele efeito de estar a jogar um jogo atual, mas que transmite a sensação de viajar no tempo. Desde os personagens, cidades, efeitos visuais das magias e os característicos monstros com este estilo gráfico são um dos seus maiores triunfos.
Mesmo sem ver as personagens a executar os ataques durante as batalhas, apenas as vemos quando estamos a escolher as ações, ou com os elementos 3D no mapa mundo que graficamente estão abaixo do patamar do resto, Dragon Quest 3 HD-2D remake deslumbra com os seus locais, a qualquer hora do dia pois a luz cria um efeito muito próprio e belo. É um tom retro, mas claramente atual, nostálgico e encantador, com imenso charme e que transmite de forma eficaz a sensação de caminhar por locais repletos de magia.
Passear pelo mundo apaixonante de Dragon Quest 3 HD-2D remake fica ainda melhor com a banda sonora composta por temas criados com a ajuda da Orquestra Sinfónica de Tóquio. As músicas da série são universalmente apreciadas à décadas, mas a Square Enix satisfaz os desejos dos fãs ao apresentar novas versões sinfónicas dos temas clássicos.
Conclusão
Dragon Quest 3 HD-2D remake é precisamente um dos tipos de esforços que os seus maiores fãs tanto pedem da Square Enix, o aproveitamento bem sucedido de adorados clássicos no seu invejável catálogo de franquias. A estética HD-2D torna-no num jogo muito belo de apreciar num ecrã moderno, mas o design permanece muito fiel ao original e consegue aquele belo efeito da sensação de estar a jogar um jogo da década de 80/90 com visuais atuais. Dragon Quest 3 HD-2D remake é sem dúvida um dos melhores esforços da Square Enix nos últimos anos.
Prós: | Contras: |
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