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Dragon Quest Heroes - Análise

Uma parceria de sonho.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
É Musou e é Dragon Quest casados de uma forma que se sentirá natural. Acima de tudo é altamente divertido e deixa-nos com vontade de mais.

Para celebrar o lançamento Europeu de Dragon Quest Heroes, recuperamos a nossa análise à versão Japonesa publicada originalmente a 15 de Abril de 2015.

O estúdio Omega Force da Koei Tecmo é um dos mais respeitados estúdios do Japão. Responsável por uma fórmula de jogo icónica e sobejamente conhecida por todo o mundo, os responsáveis por Dynasty Warriors conquistaram ainda mais conceito nos tempos recentes graças a esforços conjuntos. Seja Fist of the North Star, One Piece ou The Legend of Zelda, o Omega Force sempre soube combinar o gameplay de Dynasty Warriors com os personagens e características específicas de cada série, conquistando pelo caminho mais fãs das séries em que trabalhava. Sempre com capacidade para usar com irreverência e inteligência as propriedades intelectuais que lhes eram "emprestadas", o trabalho do estúdio sempre foi delicado, afinal de contas tinha que pegar em mecânicas de jogo à beira da estagnação e saturação para lhes conferir um tom fresco.

Dragon Quest Heroes é o mais recente esforço conjunto no qual o Omega Force prestou os seus talentos. A mítica série nascida da criatividade inigualável do trio Yuji Horii, Akira Toriyama e Koichi Sugiyama sempre dominou o mercado Japonês a cada novo lançamento e se existe colaboração na qual a propriedade intelectual exigia respeito, é esta. Esta combinação mostra-nos desde logo que Dragon Quest fugiu aos moldes tradicionais do habitual JRPG e tornou-se agora num Action RPG, ou seja, não é Dragon Quest mas também não é Dynasty Warriors, é uma perfeita combinação dos dois. O mais espantoso nesta experiência será a sensação que tudo parece ter sempre existido assim.

Neste novo crossover de duas super-potências do Japão, o seu maior trunfo é mesmo essa naturalidade que sentimos. Ao pegarem na estrutura e design de Dynasty Warriors, sabemos que iremos entrar em mapas nos quais vamos enfrentar infindáveis quantidades de inimigos para cumprir um qualquer objectivo. Estes podem ser a chegada a um ponto específico do mapa, conquistar bases em diversos locais dos mapas ou até uma novidade, a defesa de pontos vitais para a progressão na história. Graças a pequenos toques como este, o Omega Force assegura que os fãs da série Musou conseguem obter um produto com novidades e toda a forma como as propriedades Dragon Quest são nela encaixadas formam uma mais valia para os jogadores.

Dragon Quest Heroes tem um aspecto visual que facilmente agrada.

Se pensarmos, como já referi, na estrutura dos níveis e na forma como controlamos os personagens, estamos perante um Musou com as evoluções mais recentes completamente implementadas. Embelezadas com o esquema de controlo simples mas que permite alguns combos que incutem variedade nos movimentos e claro, as habilidades especiais. Se olharmos para a progressão e para a forma como está montada a narrativa, reconhecemos facilmente o trabalho da Square Enix e todo o tom de um JRPG. O jogo decorre num reino chamado Erusaze no qual a árvore da vida é ameaçada por um enorme dragão preto. O jogador irá escolher entre Act ou Meer, dois jovens que pertencem à guarda responsável pela cidade que protege esta árvore, liderada por Kirk.

"A presença de personagens bem conhecidas como Terry, Jessica, Alena ou Cliff fazem com que conhecer esta sua nova "versão" seja uma delícia."

Estes são os três personagens estreantes no universo Dragon Quest que vão facilmente conquistar os jogadores ao longo deste Heroes. Na verdade existem mais personagens inéditos mas este trio será o principal foco da história. História essa que nos leva para uma outrora pacífica sociedade que vivia em harmonia com os famosos monstros da série Dragon Quest, é agora mergulhada no terror quando se tornam violentos sem motivo aparente. Ao longo de vários reinos vamos encontrar famosos figuras de Dragon Quest 4, Dragon Quest 5, Dragon Quest 6 e Dragon Quest 8 com direito a sub-histórias específicas e com momentos fantásticos a acompanhar. Se são fãs da série então podem estar descansados que a Square Enix e a Omega Force não falharam.

Os combates rápidos e intensos, onde escolhemos uma equipa de 4 personagens entre os quais podemos alternar a qualquer momento, em ecrãs repletos de inimigos são o prato forte deste Dragon Quest Heroes e isso é o que se pede a um Musou. A presença de personagens bem conhecidas como Terry, Jessica, Alena ou Cliff fazem com que conhecer esta sua nova "versão" seja uma delícia e apesar de rapidamente criarmos os nossos favoritos, teremos na mesma curiosidade para os utilizar a todos.

Especialmente importante quando os que não utilizamos não sobem de nível. Sim, apesar de ser um jogo que se joga como um Musou, Heroes tem uma progressão de personagens completamente Dragon Quest. Os personagens que utilizamos conquistam pontos de experiência que lhes permitem subir de nível, ficando assim mais fortes para enfrentar os bosses enormes e impiedosos que surgem no final de cada reino. Lembro-me que no início de Março estava com 15 horas de jogo e com receio que a divertida experiência que é Dragon Quest: Heroes não durasse muito mais. Cheguei mesmo a pedir que o jogo durasse pelo menos mais 15 e assim foi, após mais 25 horas de jogo lá o consegui terminar.

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A longevidade fica assegurada pois fiquei ainda com muito para fazer. Cada boss derrotado tem direito a uma versão mais difícil nas grutas espalhadas pelo mapa mundo, existem inúmeras missões secundárias para cumprir: como encontrar um determinado número de itens ou derrotar um inimigo em específico, existem itens para sintetizar e descobrir, armas para comprar e até mais camaradas para desbloquear (falo em específico do implacável Psaro que foi introduzido como DLC gratuito) Dragon Quest Heroes facilmente chegará às 60 horas se investir nele o tempo preciso para as missões secundárias. Sentimos que existe um equilíbrio bem conseguido, um jogo relativamente longo para os que querem sentir a experiência base e o dobro das horas para os que querem explorar mais, quase como se fosse um Dragon Quest tradicional.

O único problema que poderá acabar por afectar a experiência é mesmo a estrutura de progressão. Rapidamente começamos a perceber que os reinos estão estruturados de forma repetitiva: duas ou três missões normais e depois um boss. A insistência em inimigos especiais que controlam os portais de onde os inimigos surgem dita que temos que estar sempre a pensar em atacar mas também incute uma constante no jogo que poderá tornar-se demasiado evidente. Ocasionalmente podem sentir um pico de dificuldade, forçando o treino das personagens, e podem sentir que algumas são completamente irrelevantes mas tal poderá ser uma questão de gostos. No entanto não deixam de ser elementos que podem diminuir a qualidade de Heroes já que as próprias missões em si se repetem diversas vezes ao longo dos reinos.

Visualmente, a versão PlayStation 4 a que tivemos acesso é altamente competente e sempre disposta a impressionar com os seus cenários altamente coloridos. Os personagens detalhados movem-se graciosamente por cenários que cativam a vista, apesar do uso de texturas de baixa resolução ser mais frequente do que o desejaríamos. Ocasionais quedas no rácio de fotogramas mancham a experiência mas são momentos breves e que acabam por não afectar assim tanto o prazer que sentimos ao jogar esta fantástica combinação de dois mundos. Um dos principais destaques visuais são quando os personagens entram em modo Tension (ficam praticamente invencíveis por breves momentos) e terminam com um devastador golpe especial que varre todo o ecrã.

Dragon Quest: Heroes é então um dos mais divertidos jogos a que tive acesso nesta geração de consolas. A jogabilidade jamais se sente repetitiva pois estamos constantemente a progredir ou a caminhar para um objectivo. Seja amealhar dinheiro para comprar mais armas, seja acumular experiência para subir de nível, seja efectuar missões secundárias, sentimos sempre que estamos a completar uma qualquer tarefa que oferece mérito ao jogo. Sejam fãs de Musou ou Dragon Quest, Heroes é um casamento que honra as duas séries das quais deriva e o conhecimento de que está a ser desenvolvida uma sequela não é nenhum espanto para quem jogou o original.

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