Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past - antevisão
Um novo mundo (agora em 3D).
Estamos já a pouco mais de quinze dias da estreia no nosso mercado de um dos jogos relevantes na história do role play. Dragon Quest VII, originalmente lançado no Japão e nos Estados Unidos em 2000 e 2001, respectivamente, para a consola PlayStation, chegará à Europa no próximo dia 16 sob a forma de edição remasterizada para a 3DS, com gráficos 3D, em tudo semelhante à edição lançada em 2013 no Japão. Caso é para dizer que valeu tanta espera, especialmente por se tratar de um dos maiores concorrentes perante esse esmago de popularidade que dá pelo nome Final Fantasy (também da Square Enix).
A discrepância entre os lançamentos talvez não se deva apenas a razões de localização (sempre mais complexas do que um ponto de vista ligeiro deixa transparecer), mas mesmo mais de três anos depois e com versões iOS e Android lançadas o ano passado, não há razões para deixarem passar esta oportunidade se ainda não desfrutaram deste sétimo episódio da saga.
O original lançado para a PlayStation é um jogo relativamente modesto no seu aspecto gráfico, com uma performance derivativa das consolas 16 bit, quando por ocasião do milénio a Square Enix já ia dando corpo 3D aos seus jogos, preparando-se para lançar Final Fantasy X, que mesmo podendo dividir os fãs, é ainda hoje um jogo emblemático. Apesar das limitações, DQ VII vendeu paletes no sol nascente (o país como que pára a cada novo lançamento).
A vantagem desta edição remasterizada, apesar do atraso de 16 anos, é o renovado grafismo, num 3D mais apelativo e em conformidade com um jogo aguardado para uma portátil como a 3DS ou smartphone, caso tenham adquirido a versão "mobile". Não é por isso uma total novidade o jogo que vão encontrar na 3DS, que até mais parece constituir uma forma de prolongamento dada pela Square Enix.
Mas importa salientar o magnífico trabalho do estúdio japonês Artepiazza (nomeclatura italiana algo invulgar), que praticamente reconstruiu o jogo e refez os mapas, personagens, cenários e monstros, sem desviar das linhas mestras do mítico criador Akira Toriyama, cujo traço está bem patente desde o primeiro momento e, como sempre, bem ilustrado na capa e nas expressões das personagens.
Cumprida a primeira fase de adaptação ao renovado estilo gráfico, paulatinamente transitamos para o corpo narrativo, a partir de uma personagem que podemos baptizar com o nosso nome, que um certo dia decide ceder à força da curiosidade e explorar umas velhas ruínas numa ilha especial a partir da qual os seus habitantes partem regularmente para o mar. Em breve descobrem-se novas cidades e não leva muito tempo até que um mundo gigantesco se revele. Na verdade, DQ VII é um jogo imenso, colossal até quando comparado com outros episódios da série. A sua progressão nem sempre é rápida, pois o périplo pelos fragmentos como motivo da aventura, conduzirá a uma acentuada exploração.
Desde viagens no tempo a monstros e vilões, no essencial é um DQ, com peripécias, situações insólitas e algum humor à mistura. Apesar do seu prolongamento a trama é bem satisfatória e deixa-nos interessados no que virá de seguida, oferecendo-se mais surpresas, especialmente com a descoberta dos antepassados.
Os combates tornaram-se um pouco mais acessíveis, embora continue a estrutura clássica. Uma diferença é notória é o desaparecimento dos encontros aleatórios. Enquanto que anteriormente a todo o instante podíamos ser desafiados por um monstro, agora podemos vê-los nas diversas situações, movendo-se de um lado para o outro. É nossa decisão irmos ou não no seu encalço. Melhorar o nível de evolução da personagem antes de um combate mais disputado era quase obrigatório nos jogos clássicos. A dificuldade foi agora aliviada e os confrontos não acabam tão depressa a nosso desfavor, ainda assim, pelo sim pelo não, aproveitem sempre que encontrarem uma nesga para subir de nível.
A sensação de que há muito para descobrir e revisitar, especialmente quando chegamos mais uma ilha, abrindo um novo trajecto narrativo, faz desta aventura uma das mais invulgares da série, sendo igualmente uma das mais extensas. Os saudosistas e amantes destes "velhos clássicos" deverão apreciar o conteúdo e ao máximo as imensas horas de jogo que se perspectivam. Chegar a todo o lado levará montanhas, mas como acontece com outros jogos como "Chrono Trigger", que nem foram remasterizados, sobra uma estrutura especial, afastada nos modernos jogos de role play. Veremos que mais indicações nos dá o jogo nas próximas horas, mas por enquanto sentimo-nos satisfeitos.