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Dragon's Dogma: Dark Arisen - Antevisão

Precoce ou versão definitiva?

Dragon's Dogma, o RPG de ação com que a Capcom nos brindou o ano passado prepara-se para um renascimento, uma segunda oportunidade. O jogo teve tanto de surpreendente, como o sistema customização detalhado ou a profundidade do combate. Como de desilusão, algumas texturas pobres e problemas técnicos que fizeram com que a opinião tanto da crítica como dos jogadores se dividisse. Independentemente das opiniões o jogo acabou por ser bem recebido, abrindo espaço para o início de uma longa franquia.

Mas não, Dark Arisen não é uma sequela. Também não é bem uma expansão, é antes um relançamento com melhorias e conteúdo adicional. Isto vai certamente dividir opiniões, porque de facto é como um pedido de segunda oportunidade. É tão precoce que parece um - “Ups, afinal era isto”. Sim Dragon's Dogma merecia um maior polimento, maior período de iteração e provavelmente maior orçamento também, tinha potencial, tem potencial, não sei se será demasiado tarde, sei que já não haveria muito mais tempo.

"…tinha potencial, tem potencial, não sei se será demasiado tarde, sei que já não haveria muito mais tempo."

É um produto interessante para quem nunca teve contacto com o anterior, mas não evita parecer uma traição para aqueles que lhe deram uma oportunidade no passado, independentemente da quantidade de fatos, Rift Crystals ou Ferrystones que incluírem com esta versão. Sim, esses são alguns dos bónus que a Capcom se prepara para oferecer para quem comprou o anterior e quiser atualizar a sua versão para este, incluídos com a possibilidade de transferir os dados da sua personagem para jogar apenas o conteúdo extra que vem com Dark Arisen.

Este conteúdo abrange várias vertentes do jogo, com novas quests, monstros, armas, melhorias e skills para todos os gostos. O destaque vai para a nova área Bitterblack Island, que oferece toda uma zona subterrânea desenhada para personagens já bem avançadas, e que inclui 25 novos monstros, mais um tier de skills, e ainda sets de equipamento pensados especificamente para o novo conteúdo.

Para os que estarão a jogar Dragon's Dogma pela primeira vez esta ilha não é de todo aconselhável, para os restantes, o acesso pode ser confuso inicialmente. É necessário falar com uma mulher, ou melhor, o espectro de Olra, que aguarda a nossa presença no cais de Cassardis durante o final do dia. Ela é como a ponte que liga o jogo que conhecemos ao novo conteúdo, é ela que desponta os acontecimentos e oferece passagem rápida entre Bitterblack e Cassardis.

Mas as novidades de Dark Arisen não se limitam a esta nova área, os menus sofreram ligeiras modificações com o objetivo de os tornar mais intuitivos. O feedback da comunidade de jogadores teve um peso importante neste aspeto, assim como foi fundamental para a inclusão da possibilidade de viajar rapidamente de área para área, e de diminuir a frequência dos comentários dos Pawn, algo particularmente irritante depois de umas horas de jogo. Outra novidade desta versão são as vozes em Japonês, um facto que agradará a alguns, mas que necessariamente obrigará a maioria a ativar as legendas em Inglês.

Provavelmente a história manter-se-á inalterada, com a adição do enredo iniciado no momento que falamos com Olra. O jogo tem uma boa apresentação, começando com uma espécie de tutorial que termina com um duro combate contra uma quimera gigante, e terminando em beleza com o momento de apresentação narrativa, quando fazemos frente a um regressado dragão, que em troca nos retira e devora o coração.

Com um estranho brilho no peito e já sem o órgão que outrora lá batia, vivos, descobrimos que fomos escolhidos pelo dragão, renascendo como um Arisen. A cicatriz que fica no nosso peito não é só uma lembrança de que não devíamos estar vivos, mas oferece uma ligação permanente com o Dragão. Enquanto este viver, o Arisen é imortal e os anos não passam por ele, isto claro, não impede um qualquer inimigo de nos arrancar a cabeça.

Como Arisen, temos direito a um conjunto de seguidores conhecidos como Pawn, que lutam ao nosso lado e não questionam nunca as nossas ordens. Logo de início, podemos criar um Pawn à nossa vontade da mesma forma que fizemos inicialmente com a nossa personagem, e que será o nosso ajudante principal ao longo do jogo. Mais interessante, é a forma como escolhemos os pawns restantes utilizando o sistema online de partilha de personagens. Utilizando as Rift Stone ou o menu dedicado à comunidade de pawns, acedemos a modelos de personagens que outros jogadores pelo mundo disponibilizam. Podemos também partilhar a nossa própria personagem, que depois de ajudar outros regressa com recompensas. O facto de podermos classificar os pawns disponibilizados pelos outros, faz com que os jogadores tendam a ter cuidado na otimização das suas personagens, uma sensação muito RPG.

Os diálogos estão presentes de forma muito afirmativa ao longo de todo o jogo, tanto durante o progresso pela história principal, como nas montanhas de side quests disponíveis e npcs com que podemos interagir. Não queria entrar em grandes juízos por se tratar de uma versão Preview, mas do que vi, os diálogos variam estranhamente entre o competente e o muito mau, com claros casos de dessincronização entre o som e o texto e ainda o conhecido efeito “novela mexicana”.

Gameplay do Mystic Knight

Gostei bastante da direção estética do jogo na sua primeira versão, algo que foi intensificado agora que contamos com zonas e monstros novos. É uma mistura entre fantasia medieval e Tolkien, com todo o tipo de criaturas fantásticas à mistura. Combatemos ogres, grifos, mortos-vivos, ciclopes, harpias, répteis, quimeras, lobos por todo o lado e até enfrentamos a morte em pessoa, se é que se pode dizer isto. As animações e modelos continuam os mesmos, mas nota-se uma ligeira melhoria nas texturas, mais nítidas, o que ajuda sempre a acrescentar veracidade à atmosfera, que já era dos pontos fortes do jogo.

O combate mantém o padrão de qualidade que vimos em Dragon's Dogma, sempre fluído o que torna o ritmo de jogo prazeroso, e acessível mas com bastante profundidade. O modelo de progressão faz lembrar alguns RPG Japoneses, com todos os jobs e consequentes skills que vêm com eles. Lembrou-me de uma obsessão que mantive com o Final Fantasy Tactics a determinada altura.

O facto desta antevisão se começar a parecer com uma análise demonstra bem a estranheza do jogo. Estou certo que tentarão vendê-lo como uma expansão que oferece o jogo original, mas sinceramente, parece mais o jogo original com algum conteúdo de expansão. Se fosse um MMO dir-se-ia que era material de “major patch”. Vai sim ter preço de expansão, cerca de metade de um jogo novidade normal, o que o torna ainda mais interessante para quem nunca jogou o original. Cá ficamos à espera da versão definitiva, já que parece que vamos ter que esperar pela próxima geração para ter uma sequela.

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