Passar para o conteúdo principal

Drake: Among Uncharted

O início do maior trunfo da era HD da Sony.

Há cerca de três anos atrás a indústria esperava ansiosamente pela chegada às lojas daquele que se viria a tornar no mais aclamado franchise exclusivo da PlayStation 3 até à data. Claro que na altura tudo era ainda muito incerto e se hoje o estatuto da mais recente série da Naughty Dog é singular, na altura muito se especulava quanto ao que tinha para oferecer. Claro que muito não estava exactamente relacionado com a qualidade do trabalho do estúdio e expandia-se à indústria e ao momento vivido pela PlayStation 3 na altura, e a sua necessidade de combater os exclusivos entusiasmantes da rival Xbox 360. Um exclusivo entusiasmante é provavelmente a melhor forma de descrever Uncharted: Drake's Fortune que trouxe para a consola Sony de alta definição a definitiva sensação que a experiência mais comum nos blockbusters da sétima arte poderia efectivamente desabrochar na indústria dos videojogos.

A chegada de Uncharted foi de altíssima importância para a PS3. Ao ponto de se tornar não num grande exclusivo mas sim "no tal". Foi o primeiro jogo da consola a realmente apresentar uma qualidade que lhe permitiu assumir um estatuto de referência e o motivo que tantos desejavam para curar o seu orgulho ferido e conquistar refrescada confiança na compra da sua consola. Os pontos que celebrizaram Uncharted: Drake's Fortune foram vários e se hoje em dia é uma das séries nascidas nesta geração que vivo com fervor entusiasmo, tal deve-se inteiramente a mérito próprio. Mas a história de Uncharted começou na E3 de 2006, uma altura na qual as guerras argumentativas entre fãs quanto ao poder e potencial de concretização face ao promovido pelas companhias reinava em tons inimagináveis.

Humano e credível...assim nasceu o aventureiro Drake.

Quando todos esperavam para conhecer a estreia de Jak & Dexter na nova geração de consolas, algo que ainda está por acontecer, o estúdio Naughty Dog optou por se concentrar numa nova propriedade intelectual. Inspirada por revistas, séries de TV, e também filmes como Indiana Jones mais do que propriamente jogos como Tomb Raider, com o qual surgiram as inevitáveis comparações, a equipa ambicionou conceber um produto fresco e interessante com personagens humanas de aspecto real. É incrível como o impressionante trailer de 2006 já não parece ter o mesmo efeito que teve na altura: gerou toda uma polémica sobre se seria possível de realizar aquela qualidade visual. Na verdade foi ultrapassado e em vários aspectos.

"Na busca de um lendário tesouro, o caçador torna-se na presa," assim dizia a Naughty Dog e esta pequena frase resume com belo efeito toda a aventura de estreia de Drake. Ao jogar Uncharted, a sensação é mesmo a de estarmos a jogar um jogo que podia muito bem ter Indiana Jones no título mais do que um jogo protagonizado por uma exploradora de locais secretos. Todo o tom do jogo faz lembrar os filmes protagonizados por Harrison Ford e isso diz respeito também à sua personalidade, à sua história e aos seus personagens e respectivas relações. Por outro lado, já a sua concepção, estrutura e esquema podem mais facilmente ser associados a experiências videojogáveis e certamente que o Gears of War da Epic lançado em 2006 causou o seu impacto na indústria não só ao ponto de o tornar numa referência até hoje como parece ter impressionado a equipa de desenvolvimento na Naughty Dog.

A demonstração jogável mostrou-nos um pouco do que esperar do jogo, mas se por um lado deixava a antever uma enorme capacidade a nível visual e um grande foco nas personagens humanas e no enredo a transpirar aventura, por outro apenas nos deu um pequeno gosto pois o jogo completo provou ser algo ainda mais aprazível. Desde a sequência inicial de abertura na qual o protagonista Nathan Drake ao lado de Elena Fisher, repórter que na procura do "furo" do ano foi enganada a financiar uma exploração, recupera o caixão de Sir Francis Drake que nos apercebemos que este é um jogo pronto para nos arrebatar com a sua personalidade a gritar distinção por todos os poros.

O sistema de cobertura na sua época de expoente máximo.

Apenas podemos considerar que foi um golpe mais do que inteligente por parte da Naughty Dog ao nos colocar perante dois pontos essenciais a todo este franchise: a sequência de abertura coloca-nos num ambiente diferente do da demonstração, ao contrário do imenso verde da selva no qual esse nível decorria, aqui somos levados para o alto mar a bordo de um velho e enferrujado navio e mais do que todo o tom e cores deste cenário, foi o instantâneo espanto que o grafismo oferecia. Outro dos pontos chave, este já apresentado na demonstração, foi o "segundo" contacto com o personagem, revelando que ao contrário dos tradicionais exploradores que protagonizavam os jogos, este não era um especialista treinado até à exaustão, era um comum caçador de prémios com uma tendência especial para se "desenrascar" como pudesse e fazer o que é preciso para escapar dos sarilhos.

O imenso carisma que dá a Drake um tom tão humano, do mais impressionante visto nesta geração e indústria, foi o passaporte que a aventura precisava para garantir interesse. Mas este não estava sozinho. Para fazer desenrolar a caça ao tesouro, o leque de personagens era variado e cativante a um nível que deveria ser muito mais frequente nesta geração do que na verdade chega a ser. No nível de abertura antes de serem salvos por Victor Sullivan, Drake e Elena viram-se face a um grupo de piratas que também perseguia o tesouro para onde o diário indicava o caminho, algures na floresta Amazónica. No entanto, antes de partirem na busca da mítica cidade de ouro, El Dorado, o trapaceiro Sullivan decidiu que seria melhor livrarem-se de Elena e Drake concorda, mostrando a sua faceta em tons de bom patife: alguém que no fundo é boa pessoa mas que luta pelos seus objectivos e opta pelo que é melhor para si.