Drake: Among Uncharted
O início do maior trunfo da era HD da Sony.
Após uma série de eventos nos quais a ilha era engenhosamente aproveitada para oferecer distintos palcos para a acção, cada um diferente tanto nas cores como na construção, conquistando diferentes atmosferas e estados de espírito próprios, a Naughty Dog levava-nos para uma sucessão de eventos com vista ao final que causou alguma controvérsia. Criando uma viragem fundamental na linha argumentativa que se tinha mantido bastante credível e dentro do real, nem que de um ponto de vista comparativo com o meio cinematográfico, Drake descobre que o tesouro tem sido mantido guardado em segredo por uma espécie de monstros. De apelo discutível, o incontestável é que a presença de uma instalação militar nazi dedicada à investigação de artefactos arqueológicos no meio de ruínas de uma civilização antiga numa ilha perdida ofereceu ao jogo novamente uma personalidade a lembrar as aventuras que segui com o grande herói do cinema.
Os valores humanos e a exploração dos sentimentos dos personagens são mais do nunca transportados para o patamar maior e se durante todo o jogo Drake se apresentou como uma personagem dotada de sensatez, bondade a contra-balançar com o espírito destemido e até com alguma matreirice, aqui é levado a tomar uma decisão de importância. Drake decide salvar a humanidade das mãos de Roman honrando as intenções do seu antepassado. No entanto Navarro trai Roman e o jogador é levado para bordo de um barco no qual o confronto final tem lugar. No final, Drake, Sullivan e Elena são levados a são e salvo da cena ficando sem o seu tão desejado tesouro mas cientes que fizeram a escolha moralmente certa. Não é propriamente o desfecho mais épico que se poderia esperar mas o last showdown com o mauzão do pedaço é feito consoante os céus choram face à iminente queda da humanidade.
Para aprimorar ainda mais estas personagens de elevado aspecto real com expressões faciais impressionantes e credíveis, tanto durante o jogo como nas sequências cinematográficas, e com uma animação tão suave e real quanto possível, a Sony Computer Entertainment Portugal continuou a sua demanda na expansão do Português tanto no texto como nas falas. Um trabalho de admirável qualidade que garantia de antemão toda uma acessibilidade a um público de várias idades. Já os adeptos da língua Inglesa assistiam à consagração de Nolan North, aqui no papel de Drake, que hoje em dia tornou-se num autêntico sinónimo da personagem. Toda a equipa que capturou os movimentos para as personagens e os tornou tão reais quanto podemos ver, cumpriu com admirável talento o trabalho de dar vozes a estes personagens e são parte fulcral da sua credibilidade.
Festim visual e mel para os ouvidos, ao terminar a aventura o jogador tinha a certeza de ter vivido uma experiência de eleição e por esta altura as personagens já tinham conquistado o seu carinho. A duração da aventura a rondar as 7/8 horas tinha como principal convite à nova partida o desafio de uma dificuldade superior e a procura de tesouros, que desbloqueavam bónus e extras como fatos alternativos. Face a uma geração com crescentes exigências e mais compenetrada no online, especialmente face às experiências vividas na consola rival, ficou muito espaço para melhorias, especialmente na longevidade mas também em alguns elementos da jogabilidade. O jogo foi bem recebido pela crítica no geral, mas em termos da recepção do público não foi tão consensual. Enquanto a Europa acarinhou o jogo e o carregou para o sucesso imediato, a América do Norte não foi tão receptiva e apesar de já ter vendido mais de 2.6 milhões de unidades em todo o mundo, a incapacidade para conquistar o mercado Norte Americano parece ter sido o ponto chave para a abordagem à sequela, que nos mostrou até que ponto tudo poderia ser melhorado.
Uncharted: Drake's Fortune foi lançado na Europa a 7 de Dezembro de 2007 e em breve podem contar com a segunda parte dedicada a Uncharted 2: Among Thieves.