Dungeon Siege III
Labirintos de pancadaria.
Desde o primeiro momento que peguei em Dungeon Siege III, sabia que existiriam alterações de fundo em relação aos dois títulos anteriores. Primeiro porque o desenvolvimento do jogo passou da Gas Powered Games para a Obsidian. Não me levem a mal, mas o meu histórico pessoal com a Obsidian não é o melhor, desde que me arruinaram a expectativa no KOTOR II. Em segundo lugar, sendo um título típico do PC, a transição para as consolas neste terceiro jogo obrigaria necessariamente a alterações de fundo ao gameplay do jogo. Assim, em Dungeon Siege III ao invés de clicar cinquenta vezes na cabeça dos inimigos até eles morrerem, o combate funciona de uma forma livre, com dois tipos de postura (stance) diferentes que podemos adotar a qualquer momento, e que discutiremos em pormenor mais à frente.
Apesar de tudo, Dungeon Siege lll mantém intactos vários dos aspetos que definiram o ADN da série. O mundo continua a manter a forma de uma interminável série de corredores, repleta de monstros para todos os gostos. As habilidades continuam a oferecer um festim de luzes, dentro de um mundo cuja palete de cores insiste que o cinzento e o castanho são as cores preferidas dos jogadores hoje em dia. A câmara continua a flutuar sobre as nossas cabeças em vista isométrica, ainda que, com algumas alterações necessárias para a experiência nas consolas. Os cenários continuam a ser na sua maioria, infindáveis masmorras de formas labirínticas. E finalmente a história, ainda que mais pobre do que a dos dois Dungeon Siege anteriores, continua suficientemente interessante para prender a nossa atenção.
Passaram mais de cem anos desde os eventos dos primeiros dois títulos da série, e Jeyne Kassynder encontra-se em guerra aberta com a família real pelo controlo do reino de Ehb. Podemos jogar como um de quatro heróis descendentes da décima legião (10th Legion), os guerreiros que originalmente enfrentaram Jeyne. Após alguns eventos cabe ao nosso heróis reunir toda a ajuda possível, nomeadamente outros guerreiros com sangue de legionário, para lançar um último assalto sobre Kassynder e derrotá-la de uma vez por todas.
Temos à nossa disposição Lucas Montbarron, um tipo de guerreiro equipado com uma espada e um escudo, e que também pode utilizar uma espada de duas mãos. Como curiosidade Lucas é também descendente de Lady Montbarron, a protagonista do primeiro Dungeon Siege. Temos também Anjali, uma criatura mística que consegue alternar entre a forma humana, e um elementar de fogo. Reinhart Manx, um poderoso mágico descendente dos magos da legião, e por último Katarina, detentora de uma arma de longo alcance, ou um par de caçadeiras para combates de maior proximidade. Estes não são apenas arquétipos de classe, mas personagens completamente delimitadas, com história e personalidades próprias.
Os fãs mais dedicados da série poderão ficar dececionados com esta nova fórmula mais concentrada nas quatro personagens pré-definidas, e com menos opções de personalização em relação aos Dungeon Siege anteriores. No entanto, a preocupação com o design do multiplayer foi bastante bem sucedido, já que existe uma enorme sinergia entra as habilidades das quatro personagens, o que torna o modo cooperativo imensamente mais divertido.
Independentemente da personagem que escolherem, conhecerão as outras durante a aventura, e terão a oportunidade de vê-las em ação controladas pela IA, ou em modo cooperativo online com outros jogadores. Experimentei Lucas e Reinhart, e acabei por escolher o feiticeiro para ir até ao final. Tem tudo a ver com o gosto de cada um, pessoalmente prefiro atirar raios pelos dedos, em detrimento de balançar uma espada, é simplesmente muito mais divertido.