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Dying Light - Análise

Os mortos-vivos estão de volta!

NOTA: A análise foi republicada hoje (27 fevereiro) devido ao lançamento da versão em formato físico. Sublinhamos ainda que recentemente abandonamos as pontuações nas análises, mas esta análise de Dying Light foi escrita ao abrigo da antiga política do site.

Dying Light é um jogo na primeira pessoa de ação e sobrevivência que se foca num vírus que torna as pessoas em mortos-vivos. Com a grande quantidade de jogos com zombies que têm sido lançados, muitos se questionam se este é apenas mais um jogo de zombies ou se realmente tem algo de único que o diferencie dos demais jogos do género. O jogo não é propriamente inovador, mas explora bem a temática e o parkour é uma implementação notável, sendo um elemento chave em todo o jogo.

Dying Light começa por contar a história de um vírus que transforma as pessoas em mortos-vivos e que apenas afetou uma cidade chamada de Harran, que se localiza na Turquia. Os eventos ocorrem após a epidemia, tendo o Ministério da Defesa posto a cidade em quarentena para impedir que as pessoas saiam, no entanto a Organização de Assistência Mundial (GRE) envia frequentemente suplementos para os sobreviventes.

Os jogadores irão controlar um agente da Organização de Assistência Mundial, Kyle Crane, que chegou à cidade com o objetivo de investigar Suleiman, designado como um terrorista impiedoso que tem em sua posse uma fórmula incompleta para a cura do vírus, que poderá causar ainda mais mortes caso o documento da fórmula seja publicado, pois é na realidade uma substância tóxica.

Kyle Crane ao chegar à cidade é atacado por três homens e de seguida por zombies, no entanto acaba por ser salvo por outros sobreviventes, acabando por se juntar à sua comunidade e ficando a saber melhor o que tem que fazer para sobreviver e outros detalhes como a existência de uma vacina que anula temporariamente o vírus, a Antizina.

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A partir daí os jogadores irão conhecer melhor essa comunidade de sobreviventes, aprender e praticar o parkour, que será essencial para andar pela cidade, escapar dos zombies e para as tarefas do dia-a-dia. As missões consistem normalmente em fazer favores a essa comunidade, como procurar e obter suplementos, por exemplo, no entanto a certa altura Kyle Crane irá juntar-se à comunidade de Suleiman, também conhecido como “Rais”, e fazer alguns trabalhos para ele de forma a tentar obter Antazina. A interação com os sobreviventes nunca são muito fortes e duradouras ao ponto de se criar algum tipo de afeição, mas no geral a história é boa, embora se sinta que também poderiam ter ido além nesse aspeto, pois a história não é propriamente forte em emoções e muito dificilmente irá surpreender os jogadores.

Dying Light oferece ainda um sistema de progressão robusto, sendo possível melhorar as skills do protagonista. Existem três aspetos que podem melhorar: a Sobrevivência, Agilidade e Poder. O primeiro deve-se à evolução de Kyle Crane no que toca à criação de itens, na melhoria da sua resistência e em tudo o que precisará para sobreviver à tragédia que decaiu em Harran, a Agilidade faz com que seja possível melhorar a capacidade do protagonista ao fazer com que fique mais ágil e astuto ao decorrer do jogo, como poder fazer slides, desviar-se mais rapidamente dos ataques dos zombies ou até mesmo agarrar neles e atirá-los de uma saliência, por exemplo. Por fim, o Poder está ligado ao combate e resistência de Kyle Crane, sendo possível, por exemplo, aumentar a vida do protagonista, fazer com que os pontapés ou golpes com uma determinada arma de curto alcance dados aos zombies tenham um maior efeito nos mesmos.

Dying Light também oferece um sistema de criação de itens bastante eficaz, algo que motiva a explorar o mundo de jogo, que está dividido em duas grandes áreas e algumas zonas mais pequenas. É possível encontrar diversas coisas pela cidade, como objetos e dinheiro, que normalmente se encontra nas caixas das lojas abandonadas e nos bolsos dos mortos-vivos, sendo ainda possível vasculhar casas, carros e caixotes do lixo. Com algumas coisas que encontram poderão depois melhorar as armas e criar bombas de som, que serve para atrair os zombies, kits médicos, cocktails molotov e outros objetos que sejam úteis para utilizar contra as criaturas que percorrem as ruas. Aquilo que encontrarem e que não tenha propriamente grande utilidade, como o café e cigarros, poderão ser vendidos a algum comerciante num dos locais seguros da cidade.

Mas o grande destaque da jogabilidade é, tal como referido anteriormente, o Parkour. Saltar entre os edifícios, escalar muros e torres e até usar como apoio o corpo dos zombies para escapar será essencial durante todo o jogo, mas apesar dos controlos, animações e deteção de colisão entre a personagem e o cenário ser geralmente bom, durante algum tempo de jogo esse sistema torna-se bastante repetitivo e por vezes não responde ou funciona tão bem como seria de esperar. O combate corpo-a-corpo é bastante simples, consistindo em dar murros, pontapés e utilizar algum tipo de arma de curto alcance, como uma marreta ou faca, que no decorrer do jogo ficarão danificadas, sendo possível repará-las e até melhorá-las. Embora haja diversas armas por onde se escolher, incluindo armas de fogo, o combate em si, embora seja divertido, passado algumas horas também acaba por se tornar repetitivo e sente-se que o jogo poderia ter ido muito além nesse aspeto.

Algo que tem um impacto positivo na jogabilidade é o ciclo de dia e noite em Dying Light, pois à noite aparecem zombies diferentes do habitual e que são bastante rápidos, resistentes e perigosos, o que também torna o ambiente de jogo muito mais tenso. Sendo de noite, a visibilidade é quase nula, mas podem usar a lanterna, embora isso atraia os zombies, que estarão constantemente á procura de humanos para os devorar. É possível matar alguns desses zombies com a luz UV que tem acesso e serão recompensados se o conseguirem bem como se realizaram missões à noite, mas se falharem e morrerem serão penalizados ao perderem pontos. Se tiverem medo de andar de noite com essas criaturas predatórias à solta e à caça, estejam descansados, pois poderão dormir numa das zonas seguras da cidade, algo que servirá para avançar o tempo para de manhã.

A sonoplastia tem portanto um papel importante aqui, destacando-se os efeitos sonoros de grande qualidade, principalmente nas seções noturnas, transmitindo uma maior sensação de tensão, muito devido ao som dos zombies que são ampliados e, claro, ao maior perigo que os mesmos representam.

No entanto, no geral, o jogo não surpreende muito tecnicamente. Embora a visão ao longe seja normalmente bastante boa, tal como a iluminação daí resultante, nota-se que os modelos de algumas personagens estão um bocado fracos e as expressões faciais também podiam ser melhores. As ruas, os carros, as árvores e tudo o resto têm uma boa qualidade visual, mas nunca chegam ao ponto de nos deixar de boca aberta. Há bons detalhes como o vento abanar as roupas das personagens e o próprio mundo de jogo reagir às condições atmosféricas, como o vento e chuva, fazendo papéis voarem, no entanto para um jogo de nova geração isso é o mínimo que se pode pedir e continua a ser aborrecido ver um jogo com carregamento de texturas à medida que andamos com o protagonista. Por outro lado, destaque para os diversos modelos dos zombies, que estão realmente muito bem feitos, tendo a Techland mostrado a experiência que ganhou com Dead Island. No entanto o maior destaque vai para a fluidez do jogo. Dying Light corre a 30 frames por segundo bloqueados e durante todo o jogo não senti nenhuma quebra na fluidez, o que é fulcral até porque é um jogo que tem como grande base o parkour.

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Em relação ao modo multiplayer, as opções são escassas e acede-se a elas através do menu de pausa. Pode-se, desde o início, escolher as variáveis da campanha a solo, como permitir que os amigos ou qualquer pessoa se junte ao nosso mundo de jogo. Jogar com amigos torna a experiência realmente bem mais divertida, sendo possível concluir dessa forma as missões principais e secundárias.

Em relação ao modo competitivo, apresenta-se com o nome “Be the Zombie” e permite que um jogador se converta num zombie letal e poderoso e invada o mundo de jogo de um outro jogador. Ora o objetivo é simples: com o zombie eliminar os humanos até acabar com o seu contador de vidas, enquanto que quem controla os humanos tem que destruir uma série de ninhos de zombies para derrotar a equipa que controla os zombies. Apesar do modo cooperativo ser bastante divertido, foi neste modo, como zombie, que maior divertimento o jogo me proporcionou.

Dying Light não é um jogo propriamente inovador e tem os seus erros, uns mais graves do que outros, no entanto não deixa de ser uma boa opção para quem quer um bom jogo de zombies. A juntar a uma campanha e jogabilidade que satisfará qualquer fã do género, tem um multiplayer competitivo e cooperativo capaz de entreter os jogadores por muito tempo devido à diversão que proporciona.

7 / 10

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