"Podes começar a jogar como amador, faz parte da herança do golfe"
Entrevistamos os produtores de EA Sports PGA Tour.
No exercício da licença PGA, a EA Sports prepara mais um lançamento da sua célebre franquia dedicada ao golfe, uma modalidade desportiva que cuja popularidade aumentou especialmente no período da pandemia. A poucos dias da chegada ao mercado do novo jogo estivemos à conversa com dois produtores de PGA Tour, procurando perceber as novidades em termos de opções de jogo, acessibilidade, reprodução dos maiores campos de golfe, diversidade de tacadas e uma reprodução fiel dos maiores torneios.
Com uma actualização de conteúdos ao vivo e de acordo com os dados recebidos dos maiores torneios, os fãs do golfe terão aqui um desafio em sintonia com os melhores e mais desafiantes momentos dos jogadores profissionais. Acessível e competível com amadores, mas ao mesmo tempo desafiante e enquadrado no campo da simulação, parece surtir aquele efeito de captura de uma modalidade com precisão.
Eurogamer: Gostariam de se apresentar?
Ben Ramsour: Olá, sou o Ben Ramsour, produtor e relações públicas com os nossos parceiros do golfe para o jogo e ainda trabalho de perto com a equipas de arte e jogabilidade que representam todos os circuitos e atletas que constituem os maiores torneios de golfe.
Craig Penner: Eu sou Craig Penner, sou designer de Gameplay em PGA, faço tudo um pouco no jogo desde a física no jogo, tipos de pancadas.
Eurogamer: Passaram alguns anos desde o último PGA. Quais foram as vossas principais preocupações ao desenvolver o jogo com um tempo extra, de modo a levar o jogo para uma maior audiência.
Ben Ramsour: Bom, eu não creio que sejam preocupações mas antes oportunidades. A forma como a tecnologia evoluiu e o interesse no golfe também aumentou, especialmente no período da pandemia. O golfe nunca foi tão popular, é o maior “boom” desde a viragem do milénio. Ficamos contentes por retirar o poder do motor gráfico, o Frostbite, oito anos mais maduro, utilizando muitas das ferramentas em jogos como FIFA, Star Wars Battlefront e Madden. Isso em conjugação com os nossos parceiros (ShotLink), PGA Tour, que fazem todos os trabalhos de scan. Os avanços na construção dos edifícios, dos jogadores. O avanço na tecnologia permitiu-nos atingir o golfe na melhor forma. Foi uma óptima altura para regressar ao serviço.
Eurogamer: Sei que trabalharam com parceiros como ShotLink. Como conseguiram desenvolver e trabalhar ao mesmo tempo com tantos dados e torná-los jogáveis?
Craig Penner: No que respeita à colaboração com a ShotLink e TrackMan isso é uma grande parte do que pudemos proporcionar do ponto de vista da jogabilidade. A ShotLink dá-nos uma perspectiva de como os jogadores abordam e atacam o campo. Cada tacada que desferem e o sítio onde desferem. Isso permite-nos integrar melhor a informação nas licenças que temos no jogo, ter a certeza de que a IA está a desempenhar a função correctamente, como os pros a jogam no jogo. Isso permite-nos recriar desafios no pós-lançamento. Neste torneio e onde o jogador deu essa precisa tacada. A partir desse mesmo sítio cria-se um desafio. De seguida o jogador pode tentar recrear essa mesma tacada, de forma a experimentar e respirar esse ambiente.
Os dados de TrackMan permite-nos recolher todo o tipo de informação dos atletas profissionais, observar como as tacadas são realizadas, quais os perfis das pancadas, as velocidades, o ângulo, spin rates, é esse o poder da tecnologia. Nos jogos anteriores se quisesse usar o stinger teria que fazer um baixo drive, mas um stinger não é isso. Mas com a TrackMan data, quando usamos um stinger é possível alcançar a exacta trajectória e a spin rate adequada. São as mesmas tacadas dos pros.
Eurogamer: Isso parece afectar de forma dramática a jogabilidade.
Craig Penner: Eu estou muito satisfeito com os 20 diferentes tipos de tacada. Os tipos de pancada já estiveram no golfe anteriormente, mas ter agora 20 diferentes tipos de tacada permite construir diferentes estratégias cada vez que vais à bola. Agora podes ouvir as conversas com os caddie. Eles dão diferentes conselhos consoante a posição.Vou fazer spin off, adoptar uma postura mais conservadora. Isto levou a uma mudança de paradigma e veio para ficar nas simulações de golfe. Faz mais sentido no que respeita à simulação do golfe profissional. Estou desejoso por que os jogadores entrem neste “sandbox” e descubram quais as tacadas favoritas. O jogador normal talvez não saiba o que é um “knockout” ou um “spinner” mas ao jogar irás aprender, ter desafios específicos e aprender cada uma destas tacadas, a tirar proveito delas. O objectivo é ajudar as pessoas a saber mais sobre o golfe, jogando-o de forma natural.
Ben Ramsour: Ainda no que respeita aos tipos de tacadas, nós incorporamos este elemento de role play de outros jogos que foram para nós uma inspiração. Chegamos aquelas situações em que opto por desbloquear a pancada stinger ou a tacada power drive. Então experimentamos as tacadas em diferentes campos. Em diferentes sítios haverá jogadores mais rápidos e vemos como os jogadores constroem as suas personagens e que tipo de golfer querem representar. O meu golfer será diferente do teu, consoante a personalidade e o agenciamento. É o tipo de decisões que os verdadeiros jogadores de golfe têm de tomar quando estão a treinar. Nós falamos com muitos jogadores profissionais para perceber que decisões estão a tomar, entre simplesmente treinar com o treinador ou dedicarem-se a discutir questões contratuais com o agente. Vou melhorar o meu “flop shot” ou vou para o “putting ring”. É esse tipo de decisões que representam os pensamentos de um jogador de golfe, enquanto que damos aos jogadores um conjunto de combinações de role play. No conjunto é uma óptima conjugação de autenticidade e ao mesmo tempo fantasia.
Eurogamer: Como é que as mecânicas de swing permitem aos jogadores ter maior controlo do jogo?
Craig Penner: A mecânica analógica do swing representa bem a técnica de swing no golfe. Há diferentes opções e estilos de jogo: estilo arcade, pro, tour e simulação. Há diferentes níveis de dificuldade. Podes escolher o teu estilo de jogo. O jogo tem uma estrutura bastante próxima. Novos jogadores de golfe entram facilmente. A coisa boa de ser uma simulação é que o jogo não é tão difícil para os jogadores profissionais. Conseguir o “swing” não é para eles uma grande dificuldade como é para nós. Nós podemos jogar nos níveis mais acessíveis com mecânicas da IA mais controláveis como o controlo de spinn, power boost. Estas mecânicas permitem fazer coisas fora do realismo mas são ao mesmo tempo bastante agradáveis para o jogador médio. E também temos opções para subires de nível, teres maior desafio e uma simulação hardcore. Uma das melhorias é a tacada moldável que te permite com o analógico fazer mudanças. É mais desafiante mas é imerssivo depois de aprenderes, é um caminho que te dá mais opções e ter controlo do swing. Eu adoro usar. Nessa área fizemos uma grande melhoria.
Eurogamer: Como criaram 30 campos de golfe de “bucket list” com precisão e autenticidade, incluindo todos os campos dos majors de golfe das temporadas de 2022 e 2023?
Ben Ramsour: Esse é um processo envolvente em tecnologia e no qual melhoramos os campos. O processo de captura destes campos de golfe, em 3D, envolve o scan do campo, com uma tecnologia a laser capaz de abranger as ondulações, usamos a tecnologia mais avançada, normalmente empregue nas minas de ouro. É muito precisa e dá pontos muitos densos. A segunda parte é relativa ao chão e são usadas fotos panorâmicas que mostram onde estão as árvores, as cores, a cartografia a luminosidade, onde está o sol no céu. É diferente a luminosidade consoante a região onde jogas. Temos as diferentes cores de verde. Fizemos “scans” durante os torneios e tiramos muitas fotografias para criar um ambiente realista e 3D, como pontes e Club houses. Juntamos tudo num modelo 3D. Numa terceira fase tratamos dos detalhes como a areia e o relvado. Visualmente é perfeito, feito com base nos dados. Do ponto de vista da física, se atirares uma bola para uma área densa será mais duro. É um processo 3D, entre fazer scan ao terreno, fotografar e depois tratar da componente relativa à física.
Eurogamer: Como encaixaram a jogabilidade sazonal de Road to Masters ao vivo ao lado do torneio real e o que isso significa em termos de conteúdos futuros ao mesmo tempo dos próximos Majors?
Ben Ramsour: Já anunciamos que vamos lançar os maiores torneios de 2023. Vamos ter imenso conteúdo sazonal à volta disso. Desafios. Tenho muita expectativa com o arranque do Road to the Masters, na próxima semana, quando o torneio arrancar. Nós temos acesso às informações facultadas por Augusta que nos deixa ver as maiores pancadas do dia. Aqui estão elas. Os nossos criadores podem representá-las automaticamente no jogo e na semana seguinte poderão estar a jogar com base nesse mesmo top de tacadas, à medida que o Masters progride. Ao mesmo tempo, com o vencedor, vamos tentar recrear as suas tacadas. Podes experimentar como é ser um Jordan Spieth em 2022, quem vier ganha e será representado. É mesmo ao vivo e essa é uma grande diferença. Mas estamos a começar, vamos ouvir os fãs, quais as suas preferências, o que estão a gostar em termos de conteúdo e continuar a actualizar o jogo com novos modos, possibilidades, equipamento e acessórios, novos torneios para jogar online. Vai ser uma actualização ao vivo no decurso dos torneios.
Eurogamer: Sobre o modo carreira e os diferentes caminhos com vista a chegar a jogador profissional.
Ben Ramsour: Podes começar a jogar como amador, faz parte da herança do golfe. Bobby Jones foi o grande campeão amador. Ter esta opção permite a que se fores latino jogues no campeonato latino. Adicionar um agente à tua jornada deixa-te escolher um evento no qual queiras participar como amador. Podes-te qualificar, e progredir a partir daí, continuar a construir a tua personagem, ter acesso ao teu cartão e progredir com base em elementos de role play, no PGA Tour, com elementos de maior fantasia da temporada profissional de gole. Podes saltar para o PGA Tour. No fundo acabamos por dar muito agenciamento e opções aos jogadores, mas estamos interessados no modo amador. Temos a Liga Nacional em Augusta, para começar. É um modo interessante de começar a construir o agenciamento do jogador através da posição de amador.
Eurogamer: Algum modo especial que gostaria de destacar, do ponto de vista da carreira?
Ben Ramsour: Do ponto de vista dos torneios “majors”, se estiveres a disputar uma prova regular, não existem aqueles detalhes de entrada. Mas num “major” há especial apresentações, as placas de resultados mudam, os comentários e as tradições em Augusta estão presentes. Eu adoro o US Open, porque é o teste mais exigente. Nós tentamos fazer dele um evento especial quando chegar a altura, por ser um dos sítios do nascimento do golfe nos Estados Unidos. Esse e o “masters”. Tem de ser preciso e obriga a um diferente estilo de jogo.
Craig Penner: Adoro quando chegas ao “majors”. Mesmo que tenhas começado no PGA Tour não começas a jogar nos quatro “majors”. Tens de merecer para lá entrar e ter o teu lugar, ter uma boa performance, vencer os eventos. Respeitamos isso no jogo, dando mais autenticidade e um sentido de desafio que os jogadores pro têm semana após semana.