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Earth Defense Force: Insect Armageddon

Pós Tóquio 2017.

Se existisse uma liga dos últimos, EDF (EDF!EDF!) estaria a lutar por ela. Último não num sentido pejorativo. Antes no sentido de abdicar de uma esmagadora maioria de predicados que as editoras ocidentais e orientais põem habitualmente nos seus jogos de acção como argumentos trabalhados e altas cenas cinematográficas para o jogador se refrescar do aquecimento da acção. Atado irremediavelmente a um orçamento de baixa produção, a série EDF padece de fracos lançamentos e a pouca adesão acaba por ser um resultado esperado pela forma simplista como cada capítulo evolui sem mudar muita coisa. O terceiro jogo assinalou a entrada na actual geração de plataformas e logo como exclusivo 360. Nos EUA e na Europa ganhou o nome de EDF: 2017.

Comparado com outras propostas aquando do lançamento da 360, poucos estavam dispostos a dar-lhe uma oportunidade. Podiam até pô-lo ao lado de Lost Planet para perceber como os orçamentos podem alargar as diferenças. Mas ao mesmo tempo havia qualquer coisa de cativante no jogo capaz de gerar um impulso no momento da aquisição e uma satisfação desmesurada enquanto se joga. A aproximação aos filmes de ficção científica série B constata-se numa luta herculeana pela salvação do planeta contra criaturas gigantes que invadem as grandes urbes, espalhando o caos e arrasando arranha céus. É como aquela imagem do Godzila que come o polícia que tenta em vão disparar contra tamanha criatura.

Os japoneses povoam o seu imaginário com invasões à sua grande capital, gerando cenários verdadeiramente dantescos. Criaturas colossais arrasam numa penada tudo o que está à frente e nem grandes exércitos conseguem travar os avanços das forças alienígenas Mas felizmente este jogo não pretende ser uma cópia de outras propostas para agradar a determinados grupos ou faixas etárias como forma de escalar a tabela de vendas. Poderão ver esta série como orgulhosamente só e isso, para o bem e para o mal, sendo bem amada por nichos e odiada por muitos outros, é que acaba por lhe conferir um estatuto especial

O bom de EDF é que também não pretende fazer uma paródia ou aproveitar-se às cegas desse género de filmes. Vale por si. Alguns elementos estão lá como o grupo de infantaria enviado para o território povoado de insectos monstruosos. As criaturas do outro mundo são horrendas, enormes e multiplicam-se a partir das colónias e das naves que as transportam, às toneladas. Mas tudo o resto é fogo de artifício permanente e músculo de acção como nos velhinhos shooters arcade. Camisola suada, o objetivo é avançar entre pontos intermédios eliminando todas as vagas de inimigos existentes. Segurar ao máximo a defesa e infligir dano contra as criaturas mais poderosas. Pois como bem diz um colega através dos intercomunicadores: "é um privilégio pertencer à EDF!".

A invasão a Tóquio em 2017 foi o grande motivo da terceira edição da série, um jogo desenvolvido pela produtora Sandlot. Contudo, a editora D3 Publisher (sedeada em Tóquio) comprou em 2007 a Vicious Cycle Software e resolveu atribuir-lhe o desenvolvimento do quarto jogo da série, que agora nos chega para análise. Talvez tenham pensado numa oportunidade para reformular o jogo e incluir mais alguns elementos que pudessem tornar a experiência próxima dos padrão actual de um jogo de acção.

Contudo, passar de uma produtora japonesa que, de certo modo, não tem pretensões a sair da penumbra para ares ocidentais, deixou muitos dos fãs em contenção de considerações, sobretudo pela possibilidade de se deitar por terra todo um legado que já era uma especialidade. A verdade é que os produtores norte-americanos mantiveram intacto o núcleo do tema e a base do conceito e puseram mais esforços para abrir a experiência ao multiplayer em coligação de esforços na campanha, assim como novos modos de jogo.

O alvo territorial da praga de insectos deslocou-se da capital nipónica para Detroit, cidade que já conheceu alguns heróis do cinema como Robocop. O ambiente citadino não oferece grande variedade o que acaba por representar uma menor desilusão face a EDF 2017 que passava por cavernas e outras localizações fora dos arredores e centro de Tóquio. Mais unívoco na direcção artística o jogo ruge como dantes quando põe três elementos da infantaria EDF diante da nova praga que volta a ser preocupação da EDF.

Uma categoria diversificada de insectos, composta por aranhas, formigas carnívoras, tarântulas e gigantescas criaturas robotizadas como os Hectors é o prato forte dos alvos a abater. Nota-se algum paralelo na marcha triunfante alienígena em determinada fase de War of the Worlds, especialmente na comparação com as aranhas gigantes metálicas que despejam abundantemente insectos e ainda disparam lasers. Certo é que por variedade e constante atalho para o campo de combate de inimigos, não faltam motivos para manter o olho atento e a ponta do gatilho sob constante pressão.