Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes - Um JRPG de gema
Uma homenagem aos clássicos dos anos 90.
Como prefácio deste artigo, devo confessar que os JRPG não são de maneira alguma o meu género predileto de videojogos, mas entendo perfeitamente o porquê de fazerem tanto sucesso e terem tantos adeptos por todo o mundo: os mundos vibrantes, as personagens carismáticas, o combate estratégico e os gráficos inovadores, são ingredientes que facilmente captam a atenção dos jogadores.
Ao longo dos últimos dias, tive a oportunidade de experimentar algumas horas de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, o novo RPG da Rabbit and Bear Studios; para além de ser realizado pelo pai de Suikoden, Yoshitaka Murayama, parece funcionar como um sucessor espiritual da série e uma homenagem aos JRPG clássicos dos anos 90.
Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes coloca-te na pele de Nowa, o mais recente recruta da Patrulha: trata-se de um grupo de mercenários que executa todo o tipo de serviços, contendo membros carismáticos como o lobo Garr, a extrovertida Lian e a misteriosa Mio.
Cria e gere a tua patrulha de lutadores
Com os meus fiéis companheiros a meu lado, esta preview incumbiu-me essencialmente de completar duas tarefas muito distintas: por um lado, localizar a Critpa Rúnica recentemente descoberta na floresta e recuperar a cobiçada Lente Primeva, um dispositivo de extrema importância que amplifica os poderes das personagens; já nas partes finais da preview, que decorre alguns meses depois dos eventos mencionados anteriormente, percorri todo o mapa de Eiyuden de fio a pavio em busca de mais recrutas para a patrulha.
Como seria de esperar num JRPG, o jogo está repleto de mapas labirínticos onde os espreitam nos mais diversos recantos, iniciando batalhas surpresa que funcionam por turnos. O processo aqui é bastante simples caso tenhas jogado títulos semelhantes no passado: à tua vez, podes atacar, utilizar uma lente-rúnica, usar um item, defender-te, entre outras ações que podem variar de personagem para personagem. Estas batalhas são frequentes, apenas com alguns minutos entre elas, o que pode ser benéfico mas exasperante em igual medida: podem ser uma boa forma de subir de nível rapidamente mas também colocam um entrave a uma exploração descontraída.
Em determinados momentos da história, os inimigos serão substituídos por um boss gigantesco e poderoso, em que são introduzidas novas mecânicas curiosas, algo a que o jogo chama de artifícios; por exemplo, numa boss fight contra um enorme Golem, podes usar uns destroços num campo de batalha para te resguadares dos seus ataques; quando defrontas uma espécie de toupeira gigante, existem uns martelos gigantes que conferem te dano extra; e numa luta contra três ladrões, existe uma grua que larga destroços contra os inimigos.
Estes artifícios conferem uma dimensão extra a um combate já em si bastante desafiante, onde uma gestão inteligente da tua equipa é a receita para o sucesso. Ter os pontos de vida dos teus recrutas debaixo de olho é vital e, mesmo quando os teus números são superiores aos dos inimigos, isso não significa uma vitória garantida.
No combate, os artifícios conferem uma dimensão extra
Aliado ao combate estratégico, existe uma forma componente de exploração, por vezes imbuída com laivos de quebra-cabeças; numa secção bastante curiosa do jogo, foi desafiado a percorrer uma enorme mina repleta de becos sem saída e caminhos interrompidos, obrigando-me a andar às voltas e voltas até encontrar o caminho certo; numa outra parte do jogo, explorei um deserto onde os inimigos apareciam a cada esquina, de forma implacável.
De um ponto de vista geral, Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes consiste num best of daquilo que faz os JRPG tão populares, com especial ênfase para o seu estilo artístico; quer gostes ou não do género, é impossível não ficar rendido aos seus gráficos, que misturam belos mundos 3D com personagens pixelizadas (algo que me lembrou vagamente de Octopath Traveler). Quando sais das principais cidades e territórios, entras num mundo aberto cuja câmara podes controlar livremente, criando uma dicotomia interessante entre 2D/3D.
A beleza do jogo estende-se à sua banda sonora, que é absolutamente eletrizante e adequa-se perfeitamente ao momento em questão: quando exploras as cidades e aldeamentos, podes escutar uma melodia tranquilizante, que rapidamente muda para tons frenéticos quando inicias uma batalha. Este tipo de jogos costuma ter bandas-sonoras exemplares e reconforta-me escrever que Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes continua essa tradição.
Beleza extrema
Tal como disse anteriormente, uma grande parte da preview consistiu em recrutar mais lutadores para a Patrulha; começando com 4 pessoas, rapidamente ela cresceu para 7, graças à inclusão da "Sailor Moon" Mellore, o samurai Iugo e o sonhador Yusuke. Quanto mais lutadores tens no teu grupo, mais são as oportunidades estratégicas à tua frente, e cabe-te a ti escolher em que posição colocá-los e como utilizá-los em batalha. Tendo em conta que o jogo possui mais de 100 personagens jogáveis, as possibilidades de gestão são praticamente infinitas!
De facto, sinto que joguei apenas uma fração muito pequenina de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes - há tanto mais para descobrir, seja personagens, territórios, itens, inimigos, missões, entre muitas outras coisas. Se consegui divertir-me com o jogo e não sou propriamente fã deste género, acredito que aqueles veteranos de JRPG irão regalar-se com aquilo que a Rabbit & Bear Studios criou!
É bom recordar que Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes será lançado a 23 de abril na Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox One, Microsoft Windows, Xbox Series X e Series S.