Elliot Quest - Análise
Ataque ao eixo do mal.
The Legend of Zelda II: Adventure of Link é um jogo peculiar no alinhamento da série. Tido por muitos como uma obra dissonante, por se afastar quase radicalmente do original, há no entanto quem descubra qualidades. A mais recente demonstração de devoção pelo jogo da NES provém do estúdio mexicano Ansimuz Games e chama-se Elliot Quest. Esta aventura com um design capaz de prestar homenagem e tributo aos jogos da geração 8 bit bebe também influencias de produções mais recentes, como Fez, mas o grosso do tributo é mesmo o clássico da Nintendo, em conteúdo e forma, algo que os produtores do jogo sempre verbalizaram, quando inquiridos sobre as semelhanças.
Neste sucessor espiritual de Zelda II, o jogador assume o papel do atormentado e pouco aventureiro Elliot. Envolto em pesadelos nebulosos que o enfraquecem a um ritmo diário, o rapaz descobre ser alvo de uma praga aplicada por uma força do mal chamada Satar. Consumindo a sua energia e sem reverter o feitiço, também o protagonista acabará por ser consumido e transformado numa força do mal. Não lhe resta outra alternativa senão deixar para trás o receio e enfrentar os 16 bosses, resolvendo puzzles e encontrando múltiplos tesouros pelo caminho.
Um ponto em comum tem desde logo que ver com a exploração. Sob uma perspectiva e cenários bidimensionais em forma de scroll horizontal, o jogador controla a personagem saltando entre plataformas, acedendo a diferentes áreas, algumas das quais fechadas num determinado momento. A estrutura é algo próxima de um Metroid, até porque os pontos mais elevados são constantes e há toda uma ginástica entre saltos e disparos com uma flecha por forma a neutralizar os inimigos. No meio encontramos arcas do tesouro, poções que nos devolvem alguma energia e saúde e muitos items como chaves, mapas, entre outros.
O sentido da exploração ganha aqui um particular significado. Com pontos onde podemos gravar o jogo automaticamente e progredir mais tarde, a real expansão do jogo acontece numa segunda fase, quando ao sairmos de uma área, temos acesso a um mapa mundo composto por inúmeros pontos que teremos de visitar. No entanto, a um aumento de áreas e cenários, não corresponde uma perfeita integração em termos narrativos, o que nos leva a perder tempo dentro dessas zonas, já que a dada altura torna-se preferível avançar sem grande preocupação e lidar com o potencial "boss" instalado no nível.
O sistema de level-up, baseado em pontos de experiência e com uma interface passível de ser controlada a partir do ecrã táctil do Gamepad, reserva-nos algumas soluções interessantes como a distribuição das unidades de performance sobre vários tópicos da personagem como resistência, força, etc. Além disso, à boa maneira da série Zelda, podemos gerir o nosso saco de coisas. É discutível a perda parcial dos pontos acumulados de experiência assim que o protagonista morre. Num jogo de acção e exploração de tipo retro, importar alguns elementos da série Souls poderá não servir da melhor forma os interesses do jogador, remetido para grandes áreas de jogo onde o perigo se esconde onde menos esperamos. Todavia, é mais um obstáculo a superar.
Em termos de desempenho e design, não sendo estrondoso ou revolucionário, Elliot Quest oferece um grafismo cuidado, embora pudesse estar melhor em termos de fluidez e cadência de fotogramas. Não é que seja um problema grave, e que a repetição de alguns temas musicais conduza os ouvidos à saturação, simplesmente com mais alguma produção o resultado final seria seguramente melhor. É difícil atribuir um selo de recomendado a Elliot Quest. O jogo está bem construído e oferece alguns momentos interessantes, mesmo que tudo nos pareça demasiado revisitado. Falta-lhe aquele truque, que seguramente nos deixaria mais deslumbrados. Ainda assim, não o percam de vista e dêem-lhe uma oportunidade.