Em teoria: Poderá uma revisão de hardware à Switch prolongar a sua vida?
A Nintendo quer que a Switch dure além de 2021 - a tecnologia melhorada é a solução natural.
Na semana passada, emergiram notícias dos planos imediatos e a longo prazo da Nintendo para a Switch, publicados no Wall Street Journal. O título tornou claro que não haveria revisão de hardware este ano, com a Nintendo a destacar os periféricos USB-C e a sua fascinante iniciativa Labo. Contudo, escondido no relatório de Fevereiro para os investidores, o CEO da Nintendo, Tatsumi Kimishima, falou sobre os seus planos para prolongar o ciclo de vida da Switch para além da média de cinco a seis anos, levando o ciclo da consola híbrida até 2021, pelo menos. Para que isto funcione, as revisões de hardware são inevitáveis.
A questão de quando a primeira dessas actualizações chegará é quase certamente uma questão de economia - especificamente, o custo de construção do processador Tegra X1 usado pela Nintendo. O chip é produzido em massa pela gigante TSMC de Taiwan, e é baseada na tecnologia de 20nm. Como um intermédio entre as diversas variantes de 28nm e o mais adoptado 16nm FinFET, o 20nm foi um falhanço no geral. A Apple usou-o para o iPhone 6, mas abandonou-o no 6S, enquanto a gigante de chips mobile Qualcomm usou-o de forma passageira. A Switch está a vender incrivelmente bem para uma consola de jogos, mas esses números não são suficientes para sustentar uma linha da produção inteira. Em algum ponto, manter o 20nm vai custar mais à Nintendo do que simplesmente trocar para uma tecnologia melhor e mais barata.
A boa notícia é que a Nvidia, parceiro de tecnologia da Switch, já tem a parte de substituição perfeita - o Tegra X2. É uma curiosa peça de tecnologia que não serve a visão da Nvidia para abordar os mercados do automóvel e de inteligência artificial. É essencialmente um substituto 16nmFinFET para o X1, com melhorias estratégicas: o dobro da largura de memória e uma troca para a arquitectura GPU Pascal (que no caso do X2 é essencialmente uma versão mais eficiente do núcleo gráfico do X1). O X2 mantém o quad-core ARM Cortex A57 do X1 e adiciona um cluster CPU baseado na arquitectura Denver da Nvidia - que poderá ou não estar activo numa sucessora da Switch (o X1 também tem áreas inactivas do chip). É uma parte estranha para a Nvidia produzir, mas faz perfeito sentido como um processador substituto para a Switch mais adiante: deverá ter compatibilidade total com o X1 e potenciais melhorias de desempenho através de velocidades de relógio mais elevadas e mais largura de memória, além de melhorias na bateria.
A existência de uma Switch mais capaz - e possivelmente de uma plataforma em evolução como a Xbox - oferece opções interessantes para a Nintendo. Será que vamos ter um cenário "New 3DS" em que os jogos estão bloqueados a um hardware específico? Ou um cenário como a Xbox em que o novo kit simplesmente corre os jogos antigos com mais facilidade? Analisando todos os grandes lançamentos para a Switch, temos duas conclusões - e em ambos os casos, hardware melhor poderia ajudar a melhorar a experiência significativamente.
Primeiramente, os jogos principais estão a usar tecnologia de escala dinâmica - o que significa que a qualidade visual dos jogos pode escalar com o poder de processamento. Títulos como Doom e Skyrim (e existem muitos mais) têm uma resolução que escala conforme a carga, mas é uma técnica que não está limitada a jogos de terceiros. Os grandes lançamentos da Nintendo como Super Mario Odyssey e Zelda: Breath of the Wild, e mais notavelmente Splatoon 2, deram grandes saltos para renderização DRS. Maximiza os recursos da GPU, empurrando o maior número possível de pixeis - e tal como vimos na Xbox One X, também abre a porta para jogos existentes ficarem com melhor aspecto num hardware renovado e mais poderoso.
E isto leva-nos à nossa segunda conclusão - o que poderias chamar de "situação de docked play". A Switch estabeleceu-se como a melhor portátil que já tivemos, mas apesar das resoluções mais elevadas e frequentemente framerates mais suaves, como um sistema caseiro, os vastos ecrãs planos da actualidade podem fazer o sistema parecer datado. Os jogos aguentam melhor num ecrã de seis polegadas em comparação com os ecrãs 1080p e os monstros a 4K. Agora, claramente, a Switch tem muitas vantagens contra a competição da Sony e Microsoft, produzindo experiências diferentes. Contudo, em simultâneo, a situação de modo docked apenas vai tornar-se num problema maior à medida que os anos passarem, com mais e mais utilizadores a trocarem para melhores ecrãs na sala-de-estar. Em cima disso, antes da Nintendo atingir o limiar do seu ciclo de 2021, tanto a Microsoft como a Sony terão lançado o seu hardware de próxima geração.
O Tegra X2 oferece um passo evolucionário para a Nintendo, uma opção de "New Switch" com um aumento de desempenho semelhante à New 3DS, mas para além disso, as opções de hardware com base no plano da Nvidia começam a parecer limitadas. A Nvidia produziu um sucessor do X2 - com nome de código Xavier - mas é uma peça de hardware definitivamente apontada ao mercado automóvel. Corre o processo 12nmFFN da TSMC (uma revisão do 16nmFinFET desenhado especificamente para a Nvidia) mas está apetrechado com IA, aprendizagem de máquina e tecnologias de processamento de vídeo que não têm lugar numa máquina de jogos. Também existe uma larga pegada do processador a levar em conta: com 350mm2, ocupa 97 porcento da área de silicone ocupada pelo Scorpio Engine da Microsoft. Não é uma boa combinação para uma consola híbrida ou até mesmo para uma consola caseira - os seus 512 CUDA Cores não são preocupantes para a PS4 Pro nem para a Xbox One X. Uma solução feita à medida pela Nvidia pode ser necessária.
Mais adiante, a Nintendo tem a opção de desenhar os seus próprios chips com a Nvidia - a Switch provou o seu valor financeiramente e não precisará de recorrer a designs existentes (uma situação que beneficiou tanto a Nintendo como a Nvidia, reduzindo significativamente os custos) mas existem outras opções disponíveis, e isto leva-nos a um dos grandes enigmas do período de pré-lançamento - a fuga de informação da Foxconn. Os detalhes publicados num fórum chinês (traduzido pelo Reddit) dá-nos o que é quase certamente um vislumbre completamente autêntico da linha de produção da Switch no pré-lançamento. Recebemos uma breve descrição do interior da consola e dos controladores Joycon que provou estar certa e também recebemos detalhes das demos usadas para realizar testes de stress ao silicone e à solução térmica interna. Algumas das observações da pessoa responsável pela fuga de informação estavam erradas (a fuga manteve viva a esperança dos fãs para um chip Pascal da Nividia mesmo depois do Digital Foundry e outros terem excluído a possibilidade), mas a fonte é sólida no geral: os factos foram conferidos e a conjectura na publicação original está claramente indicada como tal.
E isto leva-nos à descrição de uma fuga de informação de um kit de desenvolvimento que não se parece com o hardware que vimos. A descrição menciona uma unidade com o dobro da memória do modelo padrão (8GB vs 4GB) e o que parece ser uma integração do Tegra X1 e de outro núcleo, medido em 200mm2 - que coincide com o chip GP106 da Nvidia encontrado na GTX 1060. E desde então - talvez esteja relacionado - os rumores persistem numa "power dock" que adiciona mais músculos de GPU à Switch, uma solução compreensiva que certamente abordaria o cenário em modo docked, embora a custo de introduzir um terceiro modo de desempenho para os produtores implementarem.
Se isso complica demasiado o conceito base da Switch é questionável, bem como a questão de se os compromissos no modo docked importam realmente. Os jogos da Nintendo são simplesmente brilhantes em qualquer sítio e não se baseiam em tecnologia de ponta - mas por qualquer razão, descobrimos que jogar na Switch aguenta-se melhor no ecrã portátil. Isto não é surpreendente - os títulos da Nintendo parecem indicados para o ecrã mais pequeno, com menos destaque na experiência adaptada quando em modo docked, e isso dá para ver. De facto, Super Mario Odyssey está a correr a 640x720 - metade da resolução - usando a reconstrução para escalar até à resolução nativa de 720 do ecrã portátil. Funciona bem no pequeno ecrã graças aos pequenos píxeis - mas a mesma estratégia não resultaria bem em modo docked.
Mas por melhor que os jogos sejam, não significa que a biblioteca da Nintendo não beneficiaria significativamente de ter melhor hardware. Numerosos exercícios de emulação de gerações anteriores têm conclusivamente provado que o belo design artístico da companhia é intemporal, e que escala maravilhosamente com contagens maiores de píxeis, seja a 1080p ou a 4K. É parte da razão pela qual os ports da Switch são tão tentadores - os jogos são excelentes e apenas queremos ver como correm em hardware melhor.
Aqui e ali, a Nintendo tem o luxo do tempo. Não existe nada como a Switch no mercado, e embora existam frequentes períodos prolongados de espera para novos títulos, existe claramente um fluxo rico de ports da geração anterior, bem como a prospecção de emulação da Wii e GameCube na inevitável Virtual Console da Switch. A possibilidade de jogar uma verdadeira biblioteca de clássicos numa excelente portátil é uma proposta imensamente apelativa que começamos a valorizar nesta máquina. Mas é apenas uma paragem a curto prazo - e se a Nintendo está de facto a planear prolongar a geração da Switch significativamente após a chegada da PlayStation 5 e da próxima Xbox, mais inovação no hardware bem como uma oferta contínua de excelentes jogos é o caminho natural a seguir.