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Enslaved: A mulher perfeita de Pigsy

Mas que grande Trip!

Viver nos recônditos isolados de um gigantesco ferro velho numa era pós-apocalíptica não é propriamente um dia-a-dia para qualquer um. Na ausência de psicólogos ou psiquiatras, como se não bastasse o planeta devastado ainda existem traficantes de escravos a assolar as povoações, não é de admirar que um comece a ganhar ilusões de grandeza e a ficar desfocado da realidade, vivendo num mundo só seu. Seja lá o que for, é mergulhado na sua própria e singular forma de estar que Pigsy vai sobrevivendo aos perigos do meio onde vive e à ausência de outros seres humanos. A parte cómica da tripla que protagonizou Enslaved: Journey to the West é quem recebe todo o destaque neste primeiro pacote de conteúdos adicionais e a Ninja Theory não se faz rogada em aposta nesta figura de personalidade bem própria.

Ao seleccionar a opção de conteúdos descarregáveis no menu principal do jogo, o jogador pode eleger este novo pacote de conteúdos adicionais que tem direito a um menu próprio. Neste menu pode ainda escolher as suas definições para o modo 3D, introduzido na actualização ao jogo que acompanha a chegada do pacote extra e que se aplica também à campanha principal. Assim que pronto para partir para o ferro velho, a aventura de Pigsy começa com sequências cinematográficas com um tom diferente do jogo base. Com um estilo mais ao jeito de um desenho animado, Pigsy conta-nos como a vida no ferro velho pode ser chata e aborrecida, se bem que ele encontra facilmente motivos para dizer que é o melhor da rua dele, e com apenas a companhia de máquinas, decide criar uma com a forma da sua mulher perfeita para lhe fazer companhia.

Pigsy até consegue ser um tipo porreiro mas por vezes irrita.

A aventura de Pigsy obviamente que assenta em mecânicas de jogabilidade diferentes da aventura de Monkey e Trip. Como visto na aventura principal, Pigsy usava a sua adorada sniper para despachar os inimigos à distância, uma vez que a sua enorme falta de agilidade, pequeno tamanho e formas rechonchudas não lhe permitem lutar nem sequer efectuar movimentos ágeis e rápidos, que não seja uma fuga atrapalhada para o ponto de cobertura mais próximo. Ao seguir Monkey e Trip também vimos que Pigsy abria a boca muito mais do que devia e usava um gancho para poder prosseguir por entre os cenários e espalhar magia pelo mundo de Enslaved. Todos estes elementos com que vimos Pigsy a actuar na campanha principal vão agora aqui nos ser apresentados para sermos nós a controlar o personagem e a ver o mundo pelos seus olhos.

Uma vez que toda a jogabilidade base assume contornos ligeiramente diferentes, não temos a agilidade nem a força de Monkey tanto para combater como para escalar superfícies, a aventura começa por nos ensinar as novas bases da jogabilidade. Primeiro aprendemos que Pigsy tem acesso a uma visão especial durante a qual o cenário assume uma cor verde, os pontos de progressão são assinalados e os inimigos surgem a vermelho, mesmo por entre as paredes. Como não podia deixar de ser, esta visão tem como nome Trouble Vision pois ela realça os perigos e ajuda imenso em situações mais problemáticas, especialmente porque temos que progredir com algum cuidado e os erros podem ser pagos a alto preço.

Na aventura de Pigsy temos ao máximo que evitar confrontos directos e enfrentar os mechs no corpo a corpo é o mesmo que automaticamente garantir uma passagem pelo ecrã de recarregamento do checkpoint. Mais do que convidados, somos ensinados a usar uma abordagem furtiva e sempre que seja possível, temos que nos agachar e alternar entre pontos de cobertura, como um Sam Fisher da era pós-apocalíptica com uns quilos a mais, para alcançar pontos estratégicos e então usar a sniper. Consoante vamos progredindo, o nosso fiel companheiro mecânico vai-nos dando acesso a engenhocas que nos permitem ultrapassar situações mais delicadas. Algumas delas podem mesmo testar a nossa paciência e até podem ser irritantes. É o fruto de uma dificuldade no geral acima daquela da experiência principal.

É melhor não fazer isso. É melhor ir de cobertura em cobertura até aquele ponto alto e aí usar a arma.

Por vezes, para alcançar pontos mais altos para podermos usar a sniper temos que passar por vários inimigos sem ser-mos vistos. Aqui estes engenhos entram em acção e desde criar um holograma temporário para distrair turrets e inimigos a uma EMP que temporariamente deixa os seres mecânicos imóveis, Pigsy coloca os seus imensos talentos na criação de engenhos em prática. Assim que chegado a um ponto que a tal nos permita, podemos usar a sniper e começar a distribuir os bons tiros. Para danos maiores, podemos usar uma mira de maior alcance e um tiro na cabeça dos inimigos derrota-os imediatamente. Em último caso Pigsy pode usar a sua mão mecânica para dar um choque eléctrico à ameaça que correu na nossa direcção mas temos na mesma que rapidamente activar a mira da arma para o eliminar.

As secções de plataformas não tem a mesma complexidade ou expansão sobre o cenário quanto as de Monkey, resumem-se ao mesmo prosseguir em frente mas aqui apenas usando o gancho para saltar entre plataformas ou agachar para passar por alguns obstáculos. A abordagem furtiva, o obrigatório uso de cobertura e a possibilidade de usar uma arma de fogo criam um mecânicas e esquemas de jogabilidade diferentes dos da campanha principal e esse é o melhor ponto a salientar na aventura de Pigsy. Oferece algo complementar e diferente da experiência base que não sendo obrigatório é interessante e facilmente se percebe porque ficou de fora do jogo enviado para as lojas.

"A Mulher Perfeita de Pigsy é um pacote com conteúdos adicionais que cumpre com uma das mais exigidas regras de itens do género, oferecer algo diferente. O que oferece tem um interesse flutuante e por vezes é divertido e empolgante enquanto noutros momentos é irritante e repetitivo. O equilíbrio que os une é competente o suficiente para ao menos lhe garantir um significativo nível de interesse.

7 / 10

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