Estará The Division arruinado?
Existem exploits para tudo e o estúdio não parece conseguir acompanhar com as correcções.
The Division foi aclamado e endeusado pela grande maioria dos seus jogadores aquando do seu lançamento, a 8 de Março para PC, Xbox One e PlayStation 4, mas agora, pouco depois de completar um mês e de receber a tão aguardada Incursion, as vozes de protesto começam a erguer-se e o Ubisoft Massive parece estar a perder o controlo de uma situação para a qual nunca revelou estar preparado.
Enquanto a comunidade adepta a The Division glorificava o sabor deixado pelas betas e espezinhava o que a Bungie havia feito com Destiny, como se estivéssemos no mundo do futebol e fosse obrigatório falar mal de um para engrandecer o outro, nada nos preparava para que The Division se tornasse naquilo que sempre desejou ser: uma reprodução perigosamente fiel de Destiny. Ao ponto de se tornar numa experiência totalmente banalizada na qual o esforço dos jogadores estava unicamente em encontrar e aproveitar falhas deixadas pela equipa de programação.
Apesar de ser compreensível todo esse entusiasmo, patrocinado por toda a enorme quantidade de jogadores que anteriormente não haviam entrado no género, sem esquecer os veteranos calejados de Destiny que queriam livrar-se das amarras da Bungie, que parecia mais disposta a enterrar Destiny, The Division conseguiu conquistar imensa popularidade e mostrar os seus argumentos. No entanto, desde cedo lhe foram apontadas fragilidades e a sensação que o estúdio dá, é a de não saber reagir a tudo o que se está passar.
Isto é especialmente preocupante quando temos um historial no género e tivemos Destiny como exemplo. Não dá para entender se o Ubisoft Massive estava tão empenhado em copiar o que a Bungie fez, que até os erros copiou, ou se simplesmente quis fazer de conta que estava a entrar em território inexplorado. Alguma explicação tem que existir para este estado em que The Division se encontra e para o qual uma grande fatia de jogadores pode não estar preparado.
Por toda a internet, nas várias comunidades dedicadas a The Division, surgem relatos de novas falhas que destroem todo o ecossistema criado pelo estúdio e que retiram qualquer equilíbrio ao jogo. Se pensarmos nas funcionalidades introduzidas e que foram removidas devido a problemas, se pensarmos que a qualquer momento estamos a ser alvo de batotas, ou que a grande maioria dos jogadores apenas quer recrutar pessoas para executar o mais recente exploit, fica difícil respeitar o estúdio e o jogo.
Isto coloca o estúdio perante uma situação na qual estarão sempre tramados. Perante um jogo de tamanho sucesso que conseguiu uma base de jogadores tão apaixonada, correm o risco de destruir a experiência dos jogadores se não corrigirem os erros. No entanto, será sempre uma questão do ovo e da galinha, pois sem exporem o jogo a uma quantidade incrível de jogadores, jamais teriam noção dos erros a corrigir e das potenciais falhas que poderiam surgir.
É possível aproveitar falhas e aplicar batotas que nos conferem quantidades impensáveis de DPS, que muitos utilizam simplesmente para minar a experiência de quem entra na Dark Zone. Existem exploits que destroem completamente todo o esforço e dedicação que o estúdio introduziu na mais recente actualização gratuita, e existem batotas que nos conferem materiais e créditos infinitos. Para uma experiência jogada em tempo real e que procura ser competitiva e dinâmica, desmotiva os jogadores pois sentem que estão a sofrer desnecessariamente.
Passado mais de um mês, as coisas ficam ainda mais preocupantes quando se erguem vozes que pedem ao estúdio para encerrar os servidores e refinar o jogo. As acusações de um produto em estado alpha com demasiados erros, até para um título desta natureza e com este tipo de funcionalidades, é algo que certamente estraga qualquer reputação que estivessem à espera de criar. Para quem planeia apoiar um jogo durante pelo menos um ano com conteúdos adicionais pagos e estabelecer as bases de uma nova propriedade intelectual, não estão a facilitar a vida a si próprios.
O estúdio apenas pode apresentar uma ou duas actualizações por semana, e por dia parece surgir um novo exploit. Desde o dia de lançamento que não parecem ter estofo necessário para acompanhar a comunidade. O jogo do gato e do rato num título que pede a todos os segundos para o jogador se apaixonar de corpo e alma por ele, consegue ser altamente perigoso pois rapidamente essa paixão se torna em ódio. Especialmente rápido quando as coisas não correm a nosso favor.
O que poderá então o Ubisoft Massive fazer tendo em conta que ainda não conseguiu encontrar terreno firme desde o dia 8 de Março? O que precisava era de mais tempo de desenvolvimento, mais testes beta e um intervalo da realidade para refinar o jogo para um estado aceitável, capaz de amarrar os jogadores. Caso contrário, poderá começar a perder a comunidade para outros jogos que entretanto vão chegar, e sem a capacidade de os recuperar.
A missão Falcon Lost não foi o golpe de design energético e inteligente que o jogo precisava, e para um jogo que pretende durar mais de um ano, a fase do "espera para ver" já passou. Está na hora de algo sério acontecer ou então a Ubisoft não terá mais desculpas para apresentar à comunidade.